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Dilma denuncia plano dos golpistas e anuncia correção do IR e dos programas sociais no 1º de Maio

03 de Maio de 2016

Brasil

Presidenta disse que resistirá até o fim e que oposição impediu de combater a crise e o desemprego

Para ver o discurso da presidenta Dilma na íntegra clique AQUI

“Eu vou resistir e lutar até o fim. O que querem impor hoje não é o projeto vencedor. Se quiserem esse projeto, vão às urnas em 2018 e se coloquem sob o crivo do povo brasileiro”, afirmou a presidenta Dilma durante seu discurso no 1º de Maio da CUT, realizado no Vale do Anhangabaú, em São Paulo, na presença de cerca de 100 mil pessoas, de acordo com os organizadores.

Ao falar do golpe político em curso, Dilma afirmou que os golpistas são contra a democracia e contra os direitos sociais. "Eles propõem o fim da política de valorização do salário mínimo, que garantiu aumento real de 76% acima da inflação. Querem acabar com o reajuste dos aposentados. Querem transformar a CLT em letra morta e privatizar tudo o que for possível. A primeira vítima dessa lista é o pré-sal. Eles querem acabar com a obrigatoriedade do gasto com saúde e educação", acusou. "Os programas sociais são olhados como responsáveis pelo desequilíbrio no país. É mentira", reagiu, criticando a estrutura tributária.

Para a presidenta, a proposta golpista "mais triste, porque a mais perversa", é de acabar com parte do Bolsa Família, que seria restrita aos 5% mais pobres, ou 10 milhões de pessoas. "Sabem quantas pessoas recebem hoje o Bolsa Família? 47 milhões", disse, acrescentando que os excluídos serão "entregues às forças do mercado".

Golpe contra a democracia e direitos sociais

No início de sua fala, Dilma explicou porque o impeachment é golpe e tratou de se diferenciar de grande parte dos parlamentares que julgam seu mandato ao lembrar que não cometeu crime de responsabilidade.  “Como eu não tenho conta no exterior, como eu jamais utilizei recurso público em causa própria, nunca embolsei dinheiro do povo brasileiro, não recebi propina e nunca fui acusada de corrupção, eles tiveram que inventar um crime. Como estava muito difícil achar um crime, eles começaram dizendo que eram os seis decretos”, referindo-se às chamadas pedaladas fiscais, para logo em seguida lembrar que foram 101, em 2001, no governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

A presidenta alertou que o golpe não atinge apenas seu mandato, mas fere a democracia e o próprio processo eleitoral. “Eles tiram os meus 54 milhões de votos. Mas não é só isso. Naquela eleição, em 2014, votaram 110 milhões de brasileiros e brasileiras. Não são apenas os meus votos que eles praticamente roubam. São os votos daqueles que não votaram em mim, mas que acreditam na democracia e no processo eleitoral”.

Ao lembrar a reação dos perdedores das últimas eleições, Dilma destacou que antes mesmo do impeachment, tentaram levar no tapetão ao pedir (e perder) a recontagem dos votos, auditoria das urnas e pedir que não fosse empossada sob a alegação de problemas nas contas da campanha que foram aprovadas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Reajuste na tabela do Imposto de Renda

Dilma também anunciou o reajuste do programa Bolsa Família, que deve elevar o benefício em 9%, e a correção da tabela do Imposto de Renda para pessoa física em 5%, a partir do ano que vem, uma histórica reivindicação da CUT, de outras centrais e movimentos sociais. 

A presidenta divulgou ainda a contratação de mais 25 mil moradias para o programa Minha Casa Minha Vida - Entidades, a criação de um conselho nacional tripartite do trabalho, que incluirá organizações sindicais, a ampliação da licença-paternidade, de cinco para 20 dias, aos servidores públicos federais e o lançamento do 3º Plano Safra da Agricultura Familiar, que garante o financiamento à produção e à aquisição de alimentos.

"É fundamental que a gente lute também pela democratização das mídias", afirmou, criticando o que chamou de "discurso único" no setor. "Entregar a Presidência para Temer e Cunha e dizer que está lutando contra a corrupção é no mínimo ser ingênuo", acrescentou o cantor. O grupo, que terminou a apresentação pouco depois das 18h, fez citação sobre o impeachment durante a execução de Tempo Perdido, sucesso da Legião Urbana: "Nosso suor sagrado/ É bem mais belo que esse golpe errado". Os Detonautas também tocaram Blues da Piedade, de Cazuza.

Chico César começou a cantar às 18h40, abrindo com Folia de Príncipe, Cálix Bento (Milton Nascimento e Tavinho Moura, uma letra adaptada da Folia de Reis do norte de Minas Gerais) e Mama África, para emendar com Pra não Dizer que não Falei das Flores, de Geraldo Vandré.

Em seguida, finalizando as apresentações com o melhor do samba, Martinho da Vila e Bete Carvalho.

fotos: Dino Santos (Químicos do ABC e CUT)