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Mobilização de 28/4 será em memória às vítimas da Samarco, do trabalho precário e das terceirizações

26 de Abril de 2016

Saúde

Será cobrado do poder público a participação social no marco regulatório da mineração e haverá manifestação em Bento Rodrigues

Nas ações deste 28 de Abril – Dia em Memória às Vítimas de Doenças e Acidentes de Trabalho, os sindicalistas da CUT denunciarão os acidentes, as doenças e as mortes causadas pelas péssimas condições de trabalho; os ataques aos direitos e a organização sindical dos trabalhadores e trabalhadoras desde os locais de trabalho e a terceirização que precariza ainda mais as relações laborais.

Serão realizadas manifestações públicas na cidade de Mariana (MG) em memória das vítimas do rompimento da barragem em Bento Rodrigues, que devastou com lama tóxica toda uma cidade causando o maior crime ambiental da história do Brasil, atingindo vários municípios, tornando inviável a vida social, cultural, ambiental, aquática e destruindo a base de produção de renda dos agricultores e agricultoras que vivem a margem da bacia do Rio doce. Crime contra a vida e o meio ambiente de responsabilidade da Samarco, VALE/BHP Billiton.

A CUT e Sindicatos irão denunciar e cobrar do Poder Público a garantia da participação de movimentos sociais na elaboração do novo marco regulatório da mineração que respeite os direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e as populações atingidas pela mineração; a preservação do meio ambiente, melhoria das condições de trabalho, exigir a responsabilização civil e criminal das empresas e seus dirigentes, que mesmo sabendo do risco de rompimento da barragem, não tomaram as devidas providências para evitar o dano; recuperação da bacia do Rio Doce e indenização às vítimas do rompimento da barragem de Bento Rodrigues.

A CUT sugere ainda que em todas as atividades referentes ao 28 de Abril, as entidades façam “um minuto de silêncio” em memória das vítimas do maior crime ambiental já ocorrido no Brasil e que resultou em:

• 16 trabalhadores mortos: 12 terceirizados, três de Bento Rodrigues e um da Samarco;

• Duas crianças mortas;

• Um trabalhador desaparecido;

• Mais de 10mil postos de trabalho fechados;

• Milhares de agricultores, comerciantes e pescadores sem trabalho;

• Mais de um milhão de pessoas atingidas pelo acidente do trabalho ampliado;

• Destruição da Bacia do Rio Doce.

“Vamos exigir a punição dos culpados, indenização às vítimas e a recuperação da bacia do Rio Doce e a reconstrução do trabalho com sustentabilidade social e econômica”, afirma Madalena Margarida da Silva, secretária de Saúde do Trabalhador da CUT.

28 de Abril

O dia de 28 de Abril como Dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de e Doenças do Trabalho surgiu no Canadá, por iniciativa do movimento sindical, como ato de denúncia e protesto contra as mortes e doenças causados pelo trabalho, espalhando-se por diversos países. Esse dia foi escolhido em razão de um acidente que matou 78 trabalhadores em uma mina no estado da Virgínia, nos Estados Unidos, no ano de 1969.

Em 2003 a Organização Internacional do Trabalho, consagrou a data para reflexão sobre a segurança e saúde no trabalho. Porém, o movimento sindical CUTista, mantém o espírito de denúncia e de luta que a originou, dando visibilidade às doenças e acidentes do trabalho e aos temas sobre Saúde do Trabalhador em discussão na agenda sindical.

Importante ressaltar que no Brasil as estatísticas de acidentes e mortes nos locais de trabalho são resultado de um modelo de desenvolvimento econômico que visa apenas o lucro em detrimento da promoção da saúde, prevenção de riscos, proteção do meio ambiente, dos direitos sociais e da Agenda Nacional do Trabalho Decente.

Os dados são contundentes: nos anos de 2012, 2013 e 2014 foram registrados 2.143.784 acidentes de trabalho, 47.910 trabalhadores não retornaram mais para os locais de trabalho e 8.392 entraram em óbito. Esses dados estão subnotificados, pois segundo de pesquisa nacional de saúde do IBGE e FIOCRUZ, ocorreram cerca de cinco milhões de acidentes de trabalho entre os anos 2012/2013. Os custos sociais são irreparáveis. As despesas médicas, os benefícios previdenciários acidentários e as pensões por mortes e invalidez só aumentam, atingindo cifra anual de 71 bilhões de reais.