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Reformas de Temer viram discussão principal do Seminário do Coletivo de Mulheres da CUT

01 de Dezembro de 2016

Mulheres

Evento integra as celebrações dos 30 anos da organização das mulheres cutistas

Em comemoração aos 30 anos de políticas para mulheres na CUT, o coletivo de trabalhadoras da CUT promoveu em São Paulo, nesta quinta-feira, um seminário para falar sobre paridade e fortalecimento da participação política e sindical. Diante da conjuntura, as medidas golpistas apresentadas pelo governo ilegítimo de Michel Temer (PMDB) foram os principais temas do encontro, organizado em parceria com a FES (Fundação Friedrich Ebert).

Na abertura, a secretária de Mulheres da CUT, Juneia Batista, ressaltou que os prejuízos causados pela PEC 55 (antiga PEC 241, que congela por 20 anos investimentos públicos em setores como saúde e educação) ainda são pouco conhecidos pela população.

“Todas as mulheres serão prejudicadas pela limitação do acesso aos serviços púbicos, mas as mulheres, especialmente as mulheres negras, é que vão pagar o preço mais alto. Porque estão na base da pirâmide social e são as que mais utilizam. A gente tem que massificar o debate sobre essa PEC nas fábricas e nas praças. Temos que voltar a ser o que era nossa CUT”, defendeu.

A representante da FES, Katharina Hofmann, destacou que, com a crise econômica, os brasileiros precisam de mais e não menos serviços públicos, e relacionou a PEC 55 com a ampliação da desigualdade, lembrando que também no exterior as forças conservadoras avançam.

“Pela primeira vez desde o fim da segunda guerra mundial, partidos populistas da direita avançam na Alemanha. Nos EUA, elegeram um presidente sexista e que ataca verbalmente as mulheres e os trabalhadores. A eleição dele é um choque para todas nós que trabalhamos por um mundo melhor. Isso vai mudar apolítica internacional para pior”.

Diante disso, mais do que nunca, os sindicatos são fundamentais na resistência. “As políticas são muito importantes para deixar só para os políticos. É muito importante e necessário o engajamento da sociedade, dos sindicatos e de cada cidadão na política e pela democracia”.

Formação

Ainda pela manhã, dirigentes atuais e aquelas que começaram a escrever a história das trabalhadoras na CUT avaliaram quais os desafios na luta pela igualdade. De maneira unânime, em primeiro lugar, todas defenderam a necessidade de investir em formação.

Vice-presidenta da Central, Carmen Foro, destacou a importância de reforçar o trabalho de base para enfrentar desconstrução dos direitos e a necessidade de reafirmar alianças com movimento feministas. “Feminismo nunca foi tão necessário quanto no atual contexto.”

Como outras dirigentes que a sucederam, ela também defendeu a paridade já em vigor na CUT como algo além de cargo. “Paridade tem de vir acompanhada por uma agenda de transformação e por instrumentos para empoderamento, incluindo ocupar cargos estratégicos.”

A formação e a necessidade de ampliar o espaço de atuação dento do movimento sindical também foram discutidas pela ex-coordenadora da Comissão de Mulheres da CUT Sandra Cabral e por uma das fundadoras da Comissão Nacional sobre a Mulher Trabalhadora da CUT Didice Delgado.

“Precisamos aprofundar a formação, porque temos necessidade de voltar para a base. E intervir mais no debate global, das questões gerais, não ficar apenas nas questões específicas das mulheres. Isso inclui participar das reuniões da direção da CUT, da Executiva, do sindicato, porque essa também é forma de se imporem no movimento sindical”, falou Didice.

Paridade com poder

Ex-integrante do Coletiva Nacional de Mulheres Raimunda Mascena foi outra liderança a apontar a formação como questão estratégia, mas sempre com um viés libertador. “Com paridade precisa aprofundar o processo de formação das mulheres do ponto de vista político, mas também do feminismo e abordando a importância de unidade entre nós. As mulheres estão juntas, mas não afinadas em torno de uma questão maior, que é o fortalecimento da unidade dentro de um movimento composto por trabalhadores e trabalhadoras”, falou.

UBUNTU

O Projeto Ubuntu em desenvolvimento na CNQ vem ao encontro dessa discussão. Ele busca a capacitação de cerca de trinta mulheres dirigentes sindicais do ramo químico da CUT para que possam assumir de forma mais equitativa e qualitativa os espaços de paridade nas direções das entidades sindicais nos próximos anos. O objetivo da proposta é que as dirigentes se empoderem-se e assim transformem a sua realidade e a realidade do mundo em que vivemos.

“Nossas dirigentes estão levando as discussões para dentro das fábricas, perdendo o medo de intervir nas reuniões e assembleias e estão se ajudando mutuamente no grupo do whats app. Isso é muito gratificante!", comentou a presidenta da CNQ, Lucineide Varjão, que acompanha a atividade.

Com informações da CUT-SP e CUT Nacional