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Um povo sem medo de lutar: marcha histórica marca luta pela moradia e pela democracia

31 de Outubro de 2017

Movimentos Sociais

Mais de 10 mil pessoas participam da marcha da ocupação Povo Sem Medo de São Bernardo do Campo, do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST)

Na manhã desta terça-feira, 31, a força do povo que não tem medo de lutar está tomando as ruas de São Paulo para reivindicar o respeito ao direito de ter um teto para morar.

A marcha teve início às 7h da manhã, na ocupação Povo Sem Medo, em São Bernardo, e segue até a sede do governo do estado de São Paulo no Morumbi.

De acordo com Guilherme Boulos, coordenador do MTST, além da desapropriação do terreno de São Bernardo para a construção de moradias populares, a marcha irá cobrar de Alckmin a retomada de política habitacional no estado de São Paulo que está parada por conta da falta de recursos federais. “Iremos cobrar o pacote completo para habitação no estado de São Paulo. Essa ação parte da ocupação de São Bernardo, mas que também envolve todo o estado e todo o povo”, disse.

A Marcha acontece no dia seguinte às ofensivas e a censura do prefeito Orlando Morando, que proibiu judicialmente o show de Caetano Veloso que seria realizado na noite de seunda-feira (30).

O cantor e compositor Caetano Veloso deixou a Ocupação Povo Sem Medo, em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, se sentindo muito mal com a proibição. “Dá a impressão de que não é um ambiente propriamente democrático”, declarou o compositor ao sair da ocupação. “É a primeira vez que sou impedido de cantar no período democrático”, disse ainda. Para o cantor, "uma área urbana não pode ficar sem função social". 

“Vamos chegar no final da tarde no Palácio dos bandeirantes para reivindicar e cobrar moradia do governo Alckmin. Cobrar que desapropriem o terreno da Ocupação Povo Sem Medo de São Bernardo, terreno que estava abandonado há 40 anos, em que o proprietário de uma construtora deve mais de R$ 500 mil de IPTU. Há dois meses, milhares de famílias que não têm mais condições de pagar aluguel, que são afetadas pelo desemprego e pela crise ocuparam esse terreno por não ter alternativa e hoje marcham, em uma grande e bela marcha, que vai até o Palácio dos Bandeirantes”, disse Boulos em transmissão ao vivo no Facebook do MTST.

Ocupação Povo Sem Medo

Milhares de famílias vem mostrando há dois meses o poder da união, da organização e da autogestão na luta por moradia. São mais de 8 mil famílias que ocupam o terreno - de 70 mil m² na rua João Augusto de Souza - abandonado há mais de 40 anos pela construtora MZM. Para além da ociosidade do local, a construtora deve mais de R$ 500 mil de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). 

Soma-se a isso, o contexto de crise, desemprego e, especulação imobiliária. Apenas em São Bernardo do Campo o déficit habitacional é de 90 mil famílias.

Com o agravamento da crise social e o desemprego, milhares de pessoas não têm como pagar aluguel e isso enxuga o orçamento. Por isso, a ocupação não é uma escolha, é uma falta de escolha. Ela funciona como um grito de resistência contra uma situação que coloca em cheque o direito à moradia na cidade”, explicou Guilherme Boulos, coordenador do MTST, em entrevista ao Portal Vermelho. 

Foto1: Tiago Macambira

Foto 2: Roberto Parizotti 

Com informações da Rede Brasil Atual, Jornalistas Livres e Portal Vermelho