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Emprego no Ramo Químico se mantém em queda em 2016

26 de Janeiro de 2017

Ramo

Luta por “Nenhum direito a menos” continuará firme em 2017

Por Lucineide Varjão*

Os últimos dados do CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) revelam que no ano de 2016 a trajetória negativa na movimentação do emprego formal brasileiro prosseguiu com o fechamento de mais de 1,3 milhão de postos de trabalho. Considerando o período de dois anos, entre janeiro de 2015 e dezembro de 2016, o saldo negativo na movimentação de trabalhadores, diferença entre admissões e desligamentos, ultrapassou 2,3 milhões.

De fato, a crise econômica e política, tem impactado fortemente no desemprego e, consequentemente, promovido arrocho salarial e precarização nas relações de trabalho. Dentre os setores mais afetados pelo fechamento de vagas estão o de Serviços (-390.109 postos), seguido pela Construção Civil (-358.679) e Indústria de Transformação (-322.526 postos). Especificamente, o Ramo Químico, que compreende os setores de adubos e fertilizantes; defensivos agrícolas (agrotóxicos); farmacêutico; higiene pessoal, perfumaria e cosméticos; transformados plásticos; químicos para fins industriais e tintas, fechou 36.292 vagas. Esse saldo foi resultado da combinação de 275.504 admissões e 311.796 desligamentos ao longo dos 12 meses do ano de 2016.

Apenas nos meses de agosto e setembro houve saldo positivo na movimentação, isto é, as admissões superaram os desligamentos, nos demais meses o saldo permaneceu negativo com destaque para os meses de novembro (-5.049 postos) e dezembro (-13.610 postos).

O mal desempenho do Ramo Químico pode ser observado em praticamente todos os setores, exceto na indústria de fabricação de adubos e fertilizantes, defensivos agrícolas (agrotóxicos), indústria farmacêutica e fabricação de produtos de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos. Tais setores juntos abriram quase mil postos de trabalho no decorrer do ano de 2016, como pode ser observado a seguir:

Por outro lado, os setores que mais fecharam postos de trabalho foram: transformados plásticos (-11.746 postos), petróleo (- 9.305 postos) e minérios (-5.247 postos). Importante destacar, que o setor de transformados plásticos possui o maior estoque de trabalhadores do ramo e é caracterizado por ser intensivo em mão-de-obra e, assim, proporcionalmente é compreensível o maior saldo negativo do ramo (em 2015 foram fechados mais de 30 mil postos deste setor). Já o saldo negativo no setor de Petróleo foi influenciado pelas atividades de apoio à extração de petróleo e gás natural, somente neste segmento foram fechadas mais de 6 mil vagas. Por sua vez, o setor de minérios, indústria extrativa, sofreu nos últimos anos com a queda no preço das commodities minerais, consequência da maior oferta de minérios aliado ao menor crescimento da economia chinesa, o que influencia diretamente a produção e, logo, no nível de emprego.

Deve-se observar também uma tendência de queda na perda dos postos de emprego formal o que ainda não significa retomada nas contratações. Contudo, é sabido que o reflexo do fechamento de postos de trabalho é bastante perverso tanto para os/as trabalhadores/as quanto para toda a sociedade. O movimento de admissões com salários inferiores aos dos demitidos é prática comum, além das dificuldades nas negociações salariais e as incertezas diversas que inibem o efeito multiplicador da renda e, por sua vez, dificultam a retomada do crescimento e desenvolvimento econômico.

Neste sentido, a Confederação Nacional do Ramo Químico da CUT (CNQ-CUT) apoia práticas que estimulem a geração de emprego e renda, de trabalho decente que garanta mais proteção social, mais diálogo dentro da fábrica e mais segurança. Finalmente, a CNQ-CUT afirma seu posicionamento contrário às medidas e reformas anunciadas pelo governo golpista que visa a retirada de direitos da classe trabalhadora. A luta por “Nenhum direito a menos” continuará firme em 2017.

*Lucineide Varjão é presidenta da CNQ-CUT, integrante do Comitê Executivo de IndustriALL Global Unión e co-presidenta de IndustriALL Global Unión para América Latina e Caribe