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V Plenária da CNQ/CUT celebra 20 anos e discute desafios do movimento sindical e da indústria química

17 de Abril de 2012

Ramo Químico

Começou nesta terça-feira, 17 de abril, a V Plenária da CNQ, que marca os 20 anos da entidade. O evento, que acontece na Cooperinca (antigo Instituto...

Começou nesta terça-feira, 17 de abril, a V Plenária da CNQ, que marca os 20 anos da entidade. O evento, que acontece na Cooperinca (antigo Instituto Cajamar), em São Paulo, acontece sob o tema "Desenvolvimento Sustentável, Igualdade e Trabalho Decente". Cerca de 150 pessoas estão participando do evento, entre delegados, convidados e palestrantes.

 

O encontro começou em espírito de solidariedade. Os brindes tradicionalmente dados aos participantes, foram transformados em jogos de cama, toalhas e outras doações para a Cooperinca, sede do evento e local histórico de formação de lutadores para os movimentos sociais, sindicais e partidários.

 

 

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Jacy Afonso (esq), Aparecida Pedro, Antenor "Kazu" Nakamura e Emir Sader 

debatem a conjuntura e os desafios dos movimento sindical

 

 

Começou nesta terça-feira, 17 de abril, a V Plenária da CNQ, que marca os 20 anos da entidade. O evento, que acontece na Cooperinca (antigo Instituto Cajamar), em São Paulo, acontece sob o tema "Desenvolvimento Sustentável, Igualdade e Trabalho Decente".

 

O encontro começou em espírito de solidariedade. Os brindes tradicionalmente dados aos participantes, foram transformados em jogos de cama, toalhas e outras doações para a Cooperinca, sede do evento e local histórico de formação de lutadores para os movimentos sociais, sindicais e partidários.

 

Após as saudações iniciais e aprovação do regimento interno da plenária por unanimidade, aconteceu a mesa de abertura, sob o tema: "Análise de Conjuntura Política e Econômica - Desafios para o Movimento Sindical e os Movimentos Sociais , e contou com o professor Emir Sader e Jacy Afonso, Secretário de Organização e Política Sindical da CUT.

 

"Nosso protecionismo é comercial, mas o deles [EUA e Europa] é financeiro. Precisamos nos defender do tsunami especulativo que eles provocam. O que está na mão do governo é acelerar intensamente a queda de juros para quebrar a hegemonia do capital financeiro. Enquanto não mudarmos isso, não teremos um crescimento industrial significativo." disse Emir, que aponta uma mudança na estrutura agrária e democratização da mídia são lutas prioritárias no próximo período para o movimento social no próximo período.

 

Jacy Afonso retomou a importância do movimento sindical no processo de criação da Constituição Brasileira, que com a ação sindical pressionaram por mudanças e avanços durante o processo de redemocratização. Para ele, é preciso retomar essa vocação pois o Brasil ainda precisa de mudanças profundas: "Hoje temos mais fiscais agropecuários que fiscais do trabalho. Essa é a visão do Estado, que tem mais agentes fiscalizando bois do que seres humanos. Precisamos rediscutir qual é o papel do Ministério do Trabalho e para isso, precisamos de ousadia na nossa ação sindical".

 

Afonso também ressaltou a importância da CNQ na luta pelo crescimento industrial no Brasil e por melhoras nas condições de trabalho dos trabalhadores e trabalhadoras. E citou a necessidade constante de renovação de quadros, militantes e dirigentes, ressaltando a necessidade de avançar em políticas afirmativas para a juventude e mulheres, políticas que fomentem a igualdade.

 

Diálogo com a indústria

 

Fernando Figueiredo, presidente executivo da ABIQUIM (Associação Brasileira da Indústria Química), esteve na parte da tarde na Plenária para uma rodada de diálogo e debate com os trabalhadores e trabalhadoras do ramo químico. Iniciou sua exposição com uma apresentação sobre a indústria química e levantou conquistas e desafios da indústria.

 

Um dos principais problemas apontados por ele é a falta de proteção alfandegária para a indústria química no Brasil, gerando um grande déficit na balança comercial, agravado por uma falta de competitividade na carga tributária imposta ao ramo químico. Se não houvesse um déficit de 26 bilhões nas importações da indústria química, a indústria poderia ter gerado 60 mil empregos. Para Figuereido, não existe país desenvolvido sem uma indústria química forte.

 

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Fernando Figueireido, Sérgio Novais e Cibele Izidoro participam de debate sobre a indústria química


 

Após a apresentação inicial, os presentes ao encontro fizeram diversas indagações ao representante da indústria, cobrando uma postura ativa e democrática, respeito aos direitos trabalhistas e melhoras da condição de trabalho.

 

Sérgio Novais, dirigente da CNQ e mediador do debate, cobrou das empresas até onde elas estão dispostas a discutir a democratização no local de trabalho, a resolução de conflito de forma dialogada com discussões permanentes. Para ele, isso é essencial para o avanço no diálogo entre as empresas e os trabalhadores. Outra grande preocupação apresentada pelos participantes foi em relação ao meio ambiente. Querem uma postura mais firme em casos de poluição da indústria química, que poderiam ser um entrave para a consolidação de um desenvolvimento sustentável para o Brasil.

 

Figueiredo respondeu às intervenções da plenária e ressaltou a importância de um debate aberto, franco e democrático. "É uma grande alegria participar de um espaço como esse e estamos sempre abertos à críticas e sugestões. Confio que conseguiremos encontrar caminhos para o crescimento da indústria no Brasil".

 

Na sequencia, Marilane Teixeira, assessora econômica da CNQ, fez um breve relato sobre o Plano Brasil Maior e os grupos de trabalho que vão debater a política industrial, que congregam membros da indústria e trabalhadores. A apresentação foi acompanhada dos relatos dos membros da CNQ que participam de conselhos

 

20 anos de CNQ

 

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Da direita para a esquerda, Antenor Nakamura, Sérgio Novais, Lucineide Dantas Varjão,

Matirzalém Pontes, Edilson de Paula e Aparecido Donizete participam de solenidade

 

 

 

Lucineide Varjão abriu a atividade de comemoração dos 20 anos da Confederação Nacional do Ramo Químico, relembrando as diretorias passadas da CNQ, afixadas em banners na parede do auditório que abriga a plenária. Justificou a ausência de importantes militantes que construíram a entidade, como Francisco Chagas, Nilza, primeira mulher tesoureira da CNQ, Luiza, dos petroleiros do RJ e Isabel Madrigal, que foi dirigente do Sindicato dos Químicos de São Paulo. Com a “Canção ao Tempo” de Caetano Veloso, Lucineide refletiu sobre a sempre combativa e em transformação entidade, que mudou e segue mudando a vida dos lutadores que por ela passam.

 

Estiveram presentes à mesa os ex-coordenadores da CNQ Edilson de Paula, Matirzalém Pontes (Matú), Sérgio Novais, Aparecido Donizeti e Antenor Nakamura, o atual coordenador. As falas, no entanto, foram precedidas por um vídeo que contou a história da entidade através de fatos e fotos de momentos chave da história da entidade.

 

A seguir, os presentes à mesa relataram, embalados pelo vídeo, os momentos que mais os marcaram na entidade, analisaram seu papel histórico e de formação política. Para dar conta da intensidade dos depoimentos, os publicaremos acompanhados de entrevista no site da CNQ.

 

Ao fim, ressaltou-se o crescente papel e presença das mulheres na CNQ. Os homenageados da vez ganharam uma lembrança dos tempos passados na CNQ, na forma de um álbum, assim como a mestra-de-cerimônia Luciane Dantas e a Secretária de Gênero da CNQ, Rosemeire Theodoro. Antes da atividade cultural da noite, um vídeo de Maria Bethânia lembrou a Oração ao Tempo. Veja abaixo:

 

És um senhor tão bonito
Quanto a cara do meu filho
Tempo tempo tempo tempo
Vou te fazer um pedido
Tempo tempo tempo tempo...

Compositor de destinos
Tambor de todos os rítmos
Tempo tempo tempo tempo
Entro num acordo contigo
Tempo tempo tempo tempo...

Por seres tão inventivo
E pareceres contínuo
Tempo tempo tempo tempo
És um dos deuses mais lindos
Tempo tempo tempo tempo...

Que sejas ainda mais vivo
No som do meu estribilho
Tempo tempo tempo tempo
Ouve bem o que te digo
Tempo tempo tempo tempo...

Peço-te o prazer legítimo
E o movimento preciso
Tempo tempo tempo tempo
Quando o tempo for propício
Tempo tempo tempo tempo...

De modo que o meu espírito
Ganhe um brilho definido
Tempo tempo tempo tempo
E eu espalhe benefícios
Tempo tempo tempo tempo...

O que usaremos prá isso
Fica guardado em sigilo
Tempo tempo tempo tempo
Apenas contigo e comigo
Tempo tempo tempo tempo...

E quando eu tiver saído
Para fora do teu círculo
Tempo tempo tempo tempo
Não serei nem terás sido
Tempo tempo tempo tempo...

Ainda assim acredito
Ser possível reunirmo-nos
Tempo tempo tempo tempo
Num outro nível de vínculo
Tempo tempo tempo tempo...

Portanto peço-te aquilo
E te ofereço elogios
Tempo tempo tempo tempo
Nas rimas do meu estilo
Tempo tempo tempo tempo...

(Fotos: Dino Santos)