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Cerca de 90% dos trabalhadores obtiveram aumento real em 2011, aponta Dieese

22 de Março de 2012

Brasil

A maior parte dos trabalhadores obteve no ano passado aumento salarial acima da inflação, segundo pesquisa divulgada nesta quarta (21) pelo...

A maior parte dos trabalhadores obteve no ano passado aumento salarial acima da inflação, segundo pesquisa divulgada nesta quarta (21) pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). De um total de 702 unidades de negociação registradas em 2011 no Sistema de Acompanhamento de Salários do Dieese, 87% conseguiram reajustes acima da inflação. Apenas 8% foram corrigidos pela inflação e 6% abaixo dela.

 

De acordo com o Dieese, o resultado confirma a tendência observada nos últimos anos - quando a maioria das categorias profissionais analisadas conquistou aumentos reais para os salários nas negociações de data base.

 

O comércio foi o setor que apresentou o maior percentual de negociações com aumento real de salários -cerca de 97%. Somente 2% tiveram reajustes com os mesmos percentuais da inflação e pouco mais de 1% perdas reais.

 

Na indústria, 90% das negociações foram com aumentos reais e 3% abaixo. Já no setor de serviços, 76% obtiveram aumentos reais, 12% iguais ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e 12% abaixo.

 

Dentre as categorias de serviços, os que trabalham em bancos e empresas de seguro privados tiveram o segundo maior percentual de reajuste, com 1,78% de ganho real. O maior índice foi obtido pelo segmento do turismo e hospitalidade, com 1,86%.

 

Os trabalhadores podem ter um cenário de correções salariais acima da inflação no geral. A previsão foi feita nesta quarta (21) pelo economista José Silvestre, coordenador de Relações Sindicais do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), ao apresentar o Balanço das Negociações dos Reajustes Salariais de 2011. “Não há nada no cenário [econômico] que indique que nós tenhamos em 2012 um recuo do ponto de vista dos ganhos reais [acima da inflação]”.

 

De acordo com o balanço do Dieese, 87% das negociações , no ano passado, resultaram em aumentos acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Silvestre acredita que esse êxito nas barganhas com os empresários tende a se repetir neste ano.

 

A estimativa, segundo ele, vem de vários fatores. Em primeiro lugar, porque o mercado interno deve continuar aquecido, podendo inclusive compensar eventuais adversidades provocadas pelo desaquecimento no mercado internacional como, por exemplo, a perda de espaço da indústria brasileira. Além disso, ele apontou como favorável a sinalização do Comitê de Política Monetária (Copom) de que a taxa básica de juros, a Selic, continuará em queda.

 

Outros fatores que poderão auxiliar os representantes das classes trabalhadoras a convencer os patrões a conceder aumentos em índices superiores à inflação, segundo Silvestre, são o reajuste do salário mínimo, que passou de R$ 545 para R$ 622, em janeiro, e a taxa de inflação com estimativa de ficar abaixo da registrada no ano passado (6,5%).

 

Ele reconheceu que o processo conhecido como desindustrialização poderá dificultar um pouco as negociações. Mas ainda assim está convicto de que os trabalhadores, principalmente aqueles com data-base no segundo semestre, têm grandes chances de manter as correções com taxas acima da inflação.

 

No ano passado, em 90% dos reajustes obtidos pelos empregados da indústria, os índices ficaram acima da inflação, mantendo-se a média de aumentos reais dos últimos quatros anos. A maioria, porém, ficou na faixa de ganhos entre 1% e 2%. Já o universo de negociações com correção inferior à inflação atingiu os 3%.

 

No comércio, os ganhos reais atingiram 97,3% das negociações e apenas 1% teve aumentos inferiores à inflação. No setor de serviços, as negociações foram favoráveis em 76,3% dos casos e, em 12%, houve perda salarial.