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CUT celebra 10 anos da Lei Maria da Penha com Lula e as mulheres sindicalistas

16 de Agosto de 2016

Mulheres

Depoimentos emocionados de duas companheiras abriram a celebração dos 10 anos da Lei Maria da Penha em evento organizado pela CUT em Santo André, no Grande ABC. O ex-presidente Lula, que sancionou a lei, foi o convidado de honra, junto com sua companheira e ex-primeira dama Marisa Letícia, que vem sendo vítima de calúnias e machismo nas redes sociais.

“Foram anos sofrendo. Graças a Deus não vivo mais com ele. Para quem sofre violência, eu digo, procure um Centro de Referência porque será bem atendida”, contou Ana Silva, que foi casada durante 14 anos, período em que sofreu ao lado dos dois filhos, e foi atendida na Casa Abrigo de São Bernardo.

No outro depoimento, Débora Josefa contou que sofreu todos os tipos de violência por mais de sete anos e agradeceu a Lula, porque a Lei Maria da Penha mudou sua vida.  “Eu não entendi que aquilo era uma forma de violência. Na última vez que apanhei, fiz boletim de ocorrência e percebi o que estava vivendo durante todos esses anos”, disse.

Uma das principais legislações do mundo

Lula relembrou aos presentes de como se tratava a violência contra a mulher antes da lei Maria da Penha, que hoje é considerada uma das principais legislações do mundo. “Acabou o tempo em que a mulher era tratada apenas como objeto de cama e mesa. A mulher não quer ser objeto, quer ser protagonista da história dentro e fora de casa. E fico feliz por ter podido contribuir para que, na minha sucessão, assumisse pela primeira vez uma mulher que lutou contra o regime militar, que foi barbaramente torturada e que chegou à presidência sem ódio”, afirmou.

O ex-presidente também falou sobre o golpe contra o governo Dilma Rousseff. Para ele, o ataque à presidenta é uma demonstração da violência que vitima mulheres diariamente em todo o país. “Eles não cassaram a Dilma, cassaram o voto que vocês deram. Isso em nome da safadeza, porque quiseram chegar ao poder por atalho. Quanto mais ódio alimentarem, quanto mais mentira contarem sobre mim, mais vou crescer. Eu não paguei para fazer o que fiz, eu fiz porque vocês me ajudaram a fazer. Lamento profundamente que a elite brasileira não tenha tido competência de aprender a conviver com os contrários”, criticou.

A presidenta da CNQ, Lucineide Varjão, que esteve no palco junto com as autoridades regionais, como o prefeito Carlos Grana, avaliou como o evento como uma atividade importante para defender a Lei Maria da Penha e a autonomia e respeito à mulher, em especial neste momento que vivemos sob o golpe político, jurídico e midiático. 

“O golpe é corrupto e machista. Essa onda conservadora traz inúmeros retrocessos sociais em especial à mulher trabalhadora, que já recebe salários menores, são as mais precarizadas, têm dupla e até tripla jornada, depende de creches e escolas públicas, do serviço público de saude. É como já falaram aqui no evento, o “tchau querida” não foi só para remover uma presidenta, mas para dizer que lugar de mulher não é nos espaços de poder. Por isso todas nós gritamos Fora Temer”, disse.

Lucimar Rodrigues, responsável pela Secretaria da Mulher Trabalhadora da CNQ-CUT, também prestigiou o evento, com as companheiras do ABC.