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Igualdade racial: uma luta permanente

18 de Novembro de 2013

Brasil

Os trabalhadores/as negros ainda recebem salários menores no Brasil, revela estudo divulgado pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e...

Os trabalhadores/as negros ainda recebem salários menores no Brasil, revela estudo divulgado pelo DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos). Na luta contra as desigualdades sociais, a nova diretoria da CNQ-CUT também assumiu a construção de um Coletivo de Política Racial junto ao ramo químico.igualdade 11 2013aMarcha da Consciência Negra realizada na Avenida Paulista, São Paulo, 2011 (foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

“Entre as várias políticas afirmativas voltadas para o tema, ao lado da categoria a nova direção da CNQ-CUT vai construir e fortalecer o Coletivo Nacional sobre a questão racial da Confederação. Também vai trabalhar para estimular os sindicatos do ramo na criação ou dinamização de seus respectivos Coletivos”, destaca a presidenta Lucineide Varjão Soares.

Para a dirigente que assumiu a tarefa de estar à frente do Coletivo de Política Racial da CNQ-CUT, Rosemeire Theodoro dos Santos, trata-se de um compromisso coletivo: “Queremos avançar na luta pela igualdade racial e, para isso, estou ao lado de uma diretoria comprometida com a questão de classe. Quando analisamos o estudo do Dieese, comprovamos que as diferenças seculares ainda permanecem na sociedade e são acentuadas para a mulher negra. A diferenciação salarial existente no mercado de trabalho revela apenas um lado da moeda. Quando exigimos igualdade de oportunidades não queremos ficar somente no discurso. Tivemos muitos avanços, mas é preciso combater a discriminação de forma permanente e aproveitar o 20 de novembro como um momento de luta e reflexão”.

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Lucineide Varjão: "Entre as várias políticas afirmativas voltadas para o tema,

ao lado da categoria a nova direção da CNQ-CUT vai construir e fortalecer

o Coletivo Nacional sobre a questão racial da Confederação"

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Rosemeire Theodoro: "Tivemos muitos avanços, mas é preciso combater

a discriminação de forma permanente

e aproveitar o 20 de novembro como um momento de luta e reflexão"

 

Leia abaixo o estudo do DIEESE.

• As estaduais da CUT, sindicatos e entidades do movimento popular estão realizando uma série de atividades ao longo do mês de novembro. Acompanhe a programação em sua região.

- CUT Estadual São Paulo - confira a programação completa (clique aqui).

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Oportunidades iguais de trabalho para todos

Assista na reportagem da TVT, as conclusões da III Conapir (Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial), realizada em Brasília de 5 a 7 de novembro (3 minutos e 14 segundos).

Clique no link: http://www.tvt.org.br/watch.php?id=15133&category=195

 

Dieese: Trabalhadores negros ainda recebem salários menores

 Das regiões metropolitanas estudadas, Salvador concentra a maior desigualdade

Por Henri Chevalier-CUT

O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) divulgou na última terça-feira (13) o estudo Os negros no trabalho, em que traça o panorama do acesso ao trabalho em relação à cor dos grupos de trabalhadores. O boletim é referente ao período compreendido entre 2011 e 2012.

As informações, apuradas pelo Sistema de Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), foram colhidas no Distrito Federal e nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Salvador e São Paulo.

Desemprego e desigualdade

A taxa de desemprego na população economicamente ativa composta por negros (pretos e pardos) diminuiu de 13,8% em 2010 para 11,9% em 2012. Mas, segundo o Dieese, o motivo é a geração de postos de trabalho para toda a população, uma vez que a proporção de negros economicamente ativos conservou-se em níveis praticamente constantes no período.

“O que aconteceu foi a diminuição do desemprego tanto para a população negra quanto para a população não negra. Se observar, a taxa de desigualdade continua entre os grupos, mas temos a impressão de que diminuiu”, afirma Adriana Marcolino, socióloga e técnica do Dieese.

A taxa de desemprego de não negros (brancos e amarelos) caiu de 10,2% em 2010 para 9,2% em 2012.

Regiões metropolitanas

A população negra empregada nas regiões metropolitanas estudadas somava 48,2% do total. Porém, sua remuneração era de, no máximo, 63,9% do valor recebido pelos não negros.

Entre as regiões, a menos desigual é a de Fortaleza, onde negros recebem até 75,66% do salário de não negros. Na região metropolitana de Salvador está a maior disparidade: negros recebem, em média, 59,86% do que os não negros. No Brasil, negros recebem, em média, 63,89% do salário dos não negros e se concentram no setor de serviços (com 56,1% dos trabalhadores no País).

Quanto ao setor de trabalho, negros estão concentrados em atividades de grande esforço físico, em que exercem movimentos repetitivos e têm pouca margem para decisões e criatividade. Alguns exemplos de profissões citadas no estudo são: alfaiates, camiseiros, costureiros, pedreiros, serventes, pintores, caiadores, vendedores, frentistas, repositores de mercadorias, faxineiros, lixeiros e empregados domésticos.

Escolaridade

Ainda segundo o boletim, os negros têm menor escolaridade. No período de 2011 a 2012, 27,3% dos afro-brasileiros empregados não tinham concluído o ensino fundamental e 11,8% contavam com o diploma de ensino superior. Entre os não negros, esses percentuais eram de 17,8% e de 23,4%, respectivamente.

Em teoria, à medida que aumentam os níveis de escolaridade, a desigualdade no mercado de trabalho deveria ser reduzida.  No entanto, mesmo nos casos em que os não negros poderiam estar em desvantagem, eles são favorecidos com a possibilidade de retorno aos estudos, o que seria mais difícil para os negros.

Para a secretária de Combate ao Racismo da CUT, Maria Júlia Nogueira, o estudo demonstra que as políticas afirmativas para a população negra têm papel importante na sociedade brasileira. Segundo a dirigente, são estudos como o do Dieese que ajudam a embasar a sociedade e direcionar as próximas ações de luta. “Esse estudo contribui para o direcionamento das estratégias e ações da CUT sobre o tema. É um documento importante para o aprofundamento deste debate por todo o país e um subsídio fundamental para fortalecimento de nossa luta e diálogo com o poder público”, afirma.

CONFIRA O ESTUDO COMPLETO DO DIEESE