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Duque de Caxias: Incêndio na REDUC ameaça trabalhadores

06 de Janeiro de 2014

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A falta de investimento em manutenção nas refinarias está chegando ao limite do perigo. A alta gestão só pensa nos novos investimentos e...

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A falta de investimento em manutenção nas refinarias está chegando ao limite do perigo. A alta gestão só pensa nos novos investimentos e empreendimentos, esquecendo-se das velhas refinarias.
Além de não investir em manutenção ordena que a produção esteja no limite máximo, porém o gerente geral da REDUC foi além do limite. Ordenou para aumentar a carga do coque 20% além do projeto, passando de 5 mil m3/dia para 6 m3/dia, com isso um produto sem valor agregado, resíduo de vácuo, se torna matéria prima para fazer um nova destilação e produzir derivados até sobrar o "coque", que é uma pedra similar ao carvão.
A falta de manutenção somada ao aumento de carga e a falta de efetivo levou ao incêndio que ocorreu no dia 4 de janeiro de 2014 na Unidade de Coque. Não houve vítimas no incêndio que foi apagado depois de muito esforço dos técnicos da Operação, Segurança Industrial e toda a Brigada de Incêndio. Mesmo sem vítimas, às 20 horas (duas horas depois do incêndio), a presidente da Petrobras, o diretor de Abastecimento e seus auxiliares estiveram na refinaria preocupados com a "galinha dos ovos de ouro".
Mesmo sem EPI adequado, integrantes da alta gestão, contrariando todas as normas de segurança, foram ao local do incêndio, não para ouvir os trabalhadores, mas para saber em quanto tempo a unidade volta à operação. Os gerentes de Manutenção e de Inspeção de Equipamento já dizem em 3 dias, mas os trabalhadores de manutenção dizem que não têm milagre. O sindicato esta acompanhado o caso.
Os incêndios na REPAR, REMAN, RLAM e agora na REDUC não são meras coincidências, demonstram que o limite seguro chegou ao fim para os trabalhadores. Os gerentes não têm responsabilidade com as máquinas nem com os homens, apenas com a produção.
O debate agora entre os trabalhadores tem que ser a preservação da vida. O sindicato estará organizando os trabalhadores para resistirem nesta campanha e para salvaguardar a integridade física.

 

Leia abaixo matéria publicada no jornal Folha de S. Paulo, 6 de janeiro de 2014, de Denise Luna, do Rio de Janeiro.

 

Incêndio no RJ afeta refinaria da Petrobras

Reduc responde por 10% do refino no país

Um incêndio na noite de sábado na Refinaria Duque de Caxias (Reduc), da Petrobras, interrompeu parte da produção da unidade, uma das maiores da estatal no país, e pode afetar a produção de combustíveis.

Não houve feridos.

Foi o sexto acidente nos últimos dois meses em refinarias da empresa, que vem operando perto da capacidade máxima (em 99%) para reduzir a necessidade de importação de derivados.

FOGO

A Reduc é a refinaria mais completa da Petrobras, com 50 produtos, como gasolina, lubrificantes, óleo diesel e gás de cozinha, e capacidade diária de 240 mil barris, mais de 10% do refino do país.

O fogo ocorreu na chamada unidade de coque, um subproduto do petróleo similar a uma pedra de carvão, utilizado principalmente por indústrias de alumínio, siderúrgicas, ferroliga e cimento.

Na produção do coque, são retirados gasolina, GLP (gás de cozinha) e óleo diesel. Por isso, o incêndio deve afetar a produção desses derivados.

A estimativa do sindicato é que a Petrobras perca R$ 500 mil por dia com a parada. A empresa não se pronunciou sobre o efeito do incêndio no abastecimento e disse que uma comissão irá investigar a causa do acidente.

A TODO VAPOR

Segundo o Sindicato dos Petroleiros de Duque de Caxias (Baixada Fluminense), a Petrobras não vem investindo em manutenção e, recentemente, houve ordem na Reduc para que a carga de coque fosse aumentada em 20%, o que estaria além do projeto da unidade.

A estatal não confirma a decisão de elevar a produção.

Outros sindicatos de petroleiros dizem que a estatal não realiza as manutenções no tempo necessário, para não ter de reduzir o refino.

Nas últimas duas semanas, sofreram acidentes (também sem mortes) as refinarias de Amazonas, Paraná, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia.

Hoje, a FUP (Federação Única do Petroleiros) se reúne para discutir os acidentes da Petrobras, segundo o diretor da FUP e representante dos empregados no Conselho de Administração da estatal, José Maria Rangel.

 

Foto: Agência Brasil. Matérias: Sindipetro Duque de Caxias e Folha de S. Paulo.