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Intercâmbio nos Estados Unidos reforça projeto de parceria com a AFL-CIO

25 de Setembro de 2013

Internacional

USW: a maior entidade sindical da América do Norte   A meta é fortalecer a solidariedade internacional Um intenso calendário de atividades marcou...

USW baixa fotoUSW: a maior entidade sindical da América do Norte

 

A meta é fortalecer a solidariedade internacional

Um intenso calendário de atividades marcou a visita de Fábio Lins, secretário de relações internacionais da CNQ-CUT (Confederação Nacional do Ramo Químico), aos Estados Unidos, entre 17 e 24 de agosto. O intercâmbio deu continuidade ao acordo de cooperação internacional firmado em 2010 entre a CUT e a AFL-CIO (central sindical estadunidense) que prevê parcerias em ações relativas à questão da mulher, juventude e empresas multinacionais.

Na BASF

No Estado de Louisiana (LA), para fortalecer as alianças com os sindicatos de base do USW (United Steelworkers), o sindicalista acompanhou uma negociação coletiva na BASF Geismar, reuniões e assembleias da categoria - que enfrenta a ofensiva patronal para reduzir direitos e terceirizar empregos. No acordo coletivo deste ano, além da questão salarial e reestruturação produtiva, sem dúvida o ponto mais polêmico é a Previdência Privada porque a empresa tenta alterar o conceito de benefício e contribuição. Na ocasião, os participantes também lembraram o apoio da Rede de Trabalhadores na BASF no Brasil em momentos históricos decisivos. Foi a partir de uma manifestação de solidariedade dos trabalhadores brasileiros, em 2007, que foi criada a Rede sindical nos Estados Unidos.

O Encontro também destacou a importância do investimento nas empresas nacionais e na produção interna para ampliar o número de empregos e combater a investida das multinacionais asiáticas. O sindicalista Gary Turner, da planta da BASF Geismar (LA), exemplificou que uma empresa terceirizada foi contratada para fazer manutenção numa ponte em Nova York e importou o aço da China, que não era de qualidade. “O material não resistiu e criou fissuras nas tubulações. Romperam o contrato com a fábrica e reforçaram a estrutura,... o trabalho foi muito perigoso”, avalia.

Outro ponto na mobilização: a participação das mulheres tem sido fundamental e a entidade denominada “Mulheres de Aço” (WOS) investe pesado na capacitação de novas lideranças e nas campanhas que pretendem discutir e combater a violência contra a mulher.

Ao final desse encontro, todos reforçaram o compromisso de ampliar a cooperação sindical e fortalecer as Redes em empresas multinacionais. O objetivo é enfrentar a globalização a partir da defesa de interesses comuns.

Conheça a USW

A USW (United Steelworkers) é a maior entidade sindical da América do Norte. Representa 1,2 milhão de trabalhadores das indústrias do aço, química, mineração, vidro, borracha, papel, petroquímica, petroleira, energia e transporte. É filiada à AFL-CIO e tem bases no Canadá, EUA e algumas ilhas no Caribe. A sede central fica em Pittsburgh (EUA). Desenvolve vários projetos de cooperação internacional com a América Latina e a África.

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 Equipe do Solidarity Center da AFL-CIO para a América Latina

 

Brasil e EUA: pontos em comum

Fábio aponta que a reunião com a equipe da América Latina do Solidarity Center da AFL-CIO, em Washington/DC (foto acima), foi outro momento importante. “O companheiro Kelly Ross, diretor adjunto de política, abordou a atual conjuntura dos EUA e explicou que os republicanos têm a maioria no Congresso e, com isso, além de impedir a pauta progressista, estão retirando direitos dos cidadãos e dificultando o processo democrático das eleições. A redução de impostos para os mais ricos aumentou a desigualdade social. As melhorias na legislação sindical que impeçam que os patrões interfiram na criação de sindicatos não avançaram. Os meios de comunicação de massa não são democráticos e a população não recebe outra informação além da mensagem neoliberal e bélica. O desemprego continua elevado e as taxas reais são maiores do que as divulgadas: chegam de 14% a 16%”, enfatiza.

O dirigente conclui: “Ficou evidenciado que os problemas enfrentados pelos trabalhadores de ambos os países são os mesmos, sobretudo quando se trata de enfrentar as ações das elites que controlam as decisões de instituições que deveriam ser democráticas. O objetivo da reunião foi alcançado. Reiteramos o compromisso de cooperação e solidariedade internacional entre o Brasil e os EUA estabelecido no acordo bilateral CUT e AFL-CIO”.

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Marcha histórica

A semana de atividades terminou com uma marcha de protesto por mais empregos, salários e garantia de direitos sociais – em especial contra a discriminação racial. A ironia é que muitas reivindicações ainda eram as mesmas da histórica Marcha de Washington, liderada há 50 anos pelo líder Martin Luther King, assassinado em 1968 por sua atuação em defesa dos direitos civis.

Interação internacional

A CNQ-CUT recebeu a visita de Jana Karen Silverman, diretora de projetos no Brasil da AFL-CIO Solidarity Center, no dia 16 de setembro, em SP. Na presença dos dirigentes e da assessoria da Confederação ficou fortalecida a parceria entre as duas entidades e a perspectiva de um projeto de integração para o próximo período.

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Jana K. Silverman, diretora de projetos no

Brasil da AFL-CIO Solidarity Center

 

 

Jana fez uma breve apresentação dos projetos desenvolvidos atualmente no Brasil junto aos ramos e às centrais sindicais e salientou que a prioridade é desenvolver os pontos emergenciais relacionados às desigualdades ainda existentes, como as temáticas de gênero, racial, juventude e meio ambiente.

Lucineide Varjão Soares, presidenta da CNQ-CUT, aproveitou a ocasião para relacionar as expectativas para o mandato a partir das decisões do Congresso Nacional da categoria e destacou as prioridades da nova diretoria. Fábio Lins também agradeceu a receptividade nos Estados Unidos e a oportunidade de concretizar o compromisso de parceria na prática.

Lucimar Rodrigues, que assumiu recentemente a Secretaria da Mulher Trabalhadora, fala com euforia de novas perspectivas: “Ficamos confiantes com a iniciativa, principalmente porque a reunião apontou para a possibilidade concreta de um Projeto de Cooperação Internacional voltado para a Mulher Trabalhadora do Ramo Químico, com eventual expansão para a mulher do macrossetor da indústria”.

 

 

 

Fotos: Acervo CNQ-CUT e Arquivo particular (Jana K. Silverman)