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Jornada de luta mobiliza petroleiros e camponeses contra a privatização da energia

20 de Maio de 2013

Geral

          Considerada pela FUP (Federação Única dos Petroleiros) como a maior jornada de lutas dos últimos tempos em defesa da soberania...

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Considerada pela FUP (Federação Única dos Petroleiros) como a maior jornada de lutas dos últimos tempos em defesa da soberania energética, a mobilização contra a 11ª Rodada envolveu petroleiros e trabalhadores rurais em diversas ações conjuntas nas principais capitais do país. Mesmo com toda a resistência dos movimentos sociais, e a despeito do imenso prejuízo à nação, o governo concluiu em um dia a rodada de licitação, arrecadando R$ 2,8 bilhões em bônus de assinatura para um patrimônio que pode valer mais de três trilhões de dólares.
Dos 289 blocos ofertados pela ANP (Agência Nacional do Petróleo), 142 foram arrematados por 30 empresas, das quais 18 multinacionais. Além de cobrar a suspensão do leilão que entregou às empresas privadas 35 milhões de barris de petróleo, os movimentos sociais também denunciaram a intenção do governo de colocar em licitação 12 usinas hidrelétricas e 23 pequenas centrais de distribuição de energia elétrica. “Temos uma tarefa árdua, que é sensibilizar a população brasileira sobre a importância da soberania energética. Precisamos tornar essa luta daqui pra frente em um trabalho de conscientização diário”, destacou José Maria Rangel, diretor da FUP, que foi eleito pelos trabalhadores para o CA da Petrobras.

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Nas ruas, em defesa da soberania:

9 de maio – Começa a jornada de lutas contra a privatização da energia, com um ato da FUP, Sindipetro Unificado-SP e centrais sindicais no coração financeiro de São Paulo, em frente à sede da Petrobras, na avenida Paulista. No dia 3 de maio, a FUP e o Sindipetro-PR/SC ingressaram com Ação Civil Pública na Justiça Federal de Curitiba denunciando a inconstitucionalidade dos leilões de concessão e cobrando a suspensão imediata da 11ª Rodada.
13 de maio – Na véspera da 11ª Rodada, cerca de 600 manifestantes, entre petroleiros da FUP, trabalhadores rurais ligados ao MAB, MST e MCP e quilombolas ocuparam por quase 15 horas o Ministério das Minas e Energia, em Brasília. O governo, além de recusar-se a dialogar com os movimentos sociais, reprimiu a manifestação com um violento ato de despejo após uma liminar judicial. As lideranças percorreram o Congresso Nacional divulgando carta assinada por mais de 50 entidades cobrando da presidenta Dilma Rousseff a suspensão dos leilões de petróleo, gás e energia elétrica. O documento foi lido no plenário do Senado, pelo senador Roberto Requião (PMDB/PR), e protocolado na Presidência da República. No Rio de Janeiro, petroleiros e movimentos sociais ocuparam a ANP. Em Curitiba houve uma grande manifestação dos petroleiros e demais organizações da CMS.
14 de maio – Enquanto a ANP e o MME abriam a 11ª Rodada em um luxuoso hotel do Rio de Janeiro, comemorando a entrega do petróleo brasileiro, cerca de 400 manifestantes protestavam do lado de fora, defendendo a soberania nacional. Caravanas com petroleiros de São Paulo, Norte Fluminense, Duque de Caxias, Minas Gerais e Espírito Santo ocuparam durante toda a manhã a entrada do hotel, junto com militantes do MST, MAB, centrais sindicais, movimentos estudantis e outras organizações sociais. Do alto do carro de som, as entidades denunciavam o crime de lesa-pátria e condenavam o retrocesso do governo, após cinco anos de resistência dos movimentos sociais que impediram a realização dos leilões de concessão. Houve também manifestações contra a 11ª Rodada em Belo Horizonte e em Natal, onde o Sindipetro-RN realizou um ato público, em frente à sede administrativa da Petrobras.

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Um momento do leilão do petróleo,
realizado num luxuoso hotel no estado do Rio de Janeiro.
 
 
 
 
 
 

 

Mortes no rastro da privatização do petróleo:

dois acidentes em menos de 72 horas

Um dia após ter arrematado oito blocos de petróleo na 11ª  Rodada, a Queiroz Galvão protagonizou mais um acidente de trabalho em suas plataformas. O petroleiro Mirival Costa da Silva, 35 anos, perdeu a vida em um acidente na manhã do último dia 15, a bordo da SS-83, plataforma de perfuração da Queiroz Galvão, contratada pela Petrobras na Bacia de Santos. Ele caiu de uma das cestas da plataforma, a uma altura de sete metros, quando realizava uma operação.

Menos de 72 horas após esse acidente, outro petroleiro de empresa privada, Leandro de Oliveira Couto, 34 anos, também morreu em circunstâncias semelhantes, no sábado, 18, a bordo da plataforma de perfuração SS-69, operada pela Seadrill a serviço da Petrobras, também na Bacia de Santos. O plataformista morreu imediatamente após sofrer uma queda de uma altura de 20 metros, durante uma operação de descida de revestimento em um poço. Foi o quarto acidente fatal este ano no Sistema Petrobras, envolvendo trabalhadores de empresas prestadoras de serviço. 

Além de comprometer a soberania energética, a privatização e terceirização das atividades de petróleo têm precarizado as relações de trabalho no Brasil, deixando um rastro de mortes, amputações, doenças crônicas e acidentes ambientais. As petrolíferas privadas só visam o lucro. Não têm qualquer compromisso social ou com a soberania do país e menos ainda com os trabalhadores. A maior parte dessas empresas atua de forma antissindical, desrespeita a legislação e tem por prática a terceirização de atividades fins, como já vem acontecendo na Petrobras. Desde 1995, pelo menos 329 petroleiros morreram em acidentes de trabalho no Sistema Petrobras, dos quais 265 eram contratados de empresas privadas.

 

 

Leia também: Petroleiros se manifestam contra a 11ª Rodada

http://www.cnq.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=887:petroleiros-se-manifestam-contra-a-11o-rodada&catid=35:ramo-quimico

 

 

 

 

 

Fotos: Samuel Tosta/Acervo FUP