Voltar

CUT-PE: Macrossetor da Indústria - trabalhadores querem maior distribuição de renda, igualdade e cidadania

30 de Abril de 2013

Geral

O bom desempenho da economia estadual não se reflete nos salários, nas condições de trabalho e na distribuição de renda para os...

O bom desempenho da economia estadual não se reflete nos salários, nas condições de

trabalho e na distribuição de renda para os trabalhadores

 

engrenagem

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O encontro começou na segunda-feira (29), no auditório do Recife Praia Hotel, em Recife, reunindo mais de 30 sindicalistas vinculados à base cutista dos metalúrgicos, químicos, construção civil, tecelões, gráficos, borracha e bebidas. O secretário-geral da CUT-PE, Paulo Rocha, coordenou os trabalhos de abertura do evento que contou com as presenças do presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Paulo Cayres; da coordenadora geral da Confederação Nacional dos Químicos (CNQ/CUT), Lucineide Varjão; do secretário-adjunto de formação da CUT Nacional, Admirson Junior (Greg); do presidente da CUT-PE, Carlos Veras; do presidente do Sindicato dos Tecelões, Hernan Francisco; da vice-presidente do Sindicato dos Gráficos, Lidyane Araújo; e do coordenador do Sindbeb, Severino Martins. A iniciativa da CUT Pernambuco foi elogiada pelos participantes, cujo objetivo é o fortalecimento das CUTs estaduais junto aos seus sindicatos do ramo.

O presidente da CUT-PE, Carlos Veras, destacou que o crescimento econômico deve estar ligado ao desenvolvimento social, igualdade e distribuição de renda. Além disso, o encontro visa aproximar os trabalhadores e os sindicatos que atuam nesse segmento, reestruturar ações, principalmente no Complexo Portuário de Suape, para enfrentar os desafios futuros. Segundo ele, o encontro é um importante passo para unificar as bandeiras de luta dos sindicatos de trabalhadores do ramo industrial e articular ações coletivas. “Precisamos de mais união, mobilização e atitude para transformar a realidade do setor industrial. Queremos o crescimento econômico alinhado com os investimentos em políticas públicas em áreas como a saúde, educação, lazer, cultura e esportes para atender as famílias dos trabalhadores”, pontuou.

Crescimento e desenvolvimento econômico

O presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM/CUT), Paulo Cayres, disse que  é fundamental essa discussão pelo peso da movimentação industrial na região de Pernambuco – principalmente no polo de Suape. “Infelizmente, o crescimento do estado não é proporcional ao respeito dos direitos dos trabalhadores. É importante fazer com que os trabalhadores entendam que a região está crescendo e se sintam parte disso – essa é uma das importâncias”, ressaltou. Segundo ele, a partir de Pernambuco é preciso articular toda a região Nordeste que hoje, no ponto de vista da indústria, não é mais periférica. Inclusive, a região de Goiana está para receber a Fiat, que é uma montadora. “Queremos que não migrem só os empregos, os preços, os carros, etc. Mas que migrem, também, os salários e condições de outras regiões – do ABC, por exemplo. Isso está focado, fundamentalmente, na organização do local de trabalho e na democratização das relações de trabalho – que hoje não existem porque as empresas se instalam e criam uma espécie de ditadura”, enfatizou Cayres.

Já a coordenadora da CNQ/CUT, Lucineide Varjão, comentou que o encontro é de extrema importância. Não só para o ramo químico, mas também para todos os seguimentos da CUT. “A CUT-PE sai na frente com essa discussão porque nós já realizamos um encontro do macrossetor nacional e, também, discutimos diversas demandas. Hoje, a CUT-PE dá esse pontapé inicial. Nós, do ramo químico, temos aqui sindicatos importantes - na cadeia produtiva temos petróleo, borracha, minério, químicos. Aprofundar esse tema é um desafio não apenas para a CUT Pernambuco, mas para todo o movimento sindical cutista no país”, assinalou Lucineide.

Distribuição de renda, igualdade e cidadania

O palestrante professor e pesquisador José Henrique Artigas, da Universidade Federal da Paraíba, afirmou que o Estado de Pernambuco é o que mais cresce no Brasil, o que mais concentra investimentos industriais. No entanto, apresenta uma série de problemas de ordem social e trabalhista. Cabe aos trabalhadores organizados enfrentar esse cenário. Hoje, a participação dos trabalhadores ainda é tímida. Por isso, é necessário debater as perspectivas de futuro da classe trabalhadora de uma forma integrada, numa plataforma de desenvolvimento com equidade e distribuição de renda.

De acordo com Artigas, Pernambuco se destaca no cenário nacional como um dos maiores centros de desenvolvimento econômico do Brasil, sendo considerada como a china brasileira porque apresenta um crescimento rápido e consistente diante das demais regiões. Porém, esse bom desempenho da economia estadual não se reflete nos salários, nas condições de trabalho e na distribuição de renda para os trabalhadores. Ele acrescentou ainda que existe um desafio histórico para o Brasil em todos os momentos de desenvolvimento. "O país cresce economicamente mas não distribui renda e, quando distribui, não garante cidadania para todos e políticas sociais. Dinheiro compra bens, mas não compra direitos. Uma coisa é aumentar a renda, outra é garantir cidadania. Cidadania não se compra com dinheiro, mas se conquista com luta”, afirmou.

Em verdade, “transformar crescimento econômico em bem-estar para todos é o grande desafio enfrentado pelos diversos países e suas comunidades", destaca. O 1º Encontro do Macrossetor da Indústria-PE continua na terça (30), quando os sindicalistas se unirão às demais categorias na comemoração antecipada do Dia do Trabalhador, com a realização de uma passeata pelo Centro de Recife. 

 

 

 

 

 

Foto: Robson Talaveiras/SXC