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Olavo Hanssen, militante químico do ABC morto pela ditadura, foi homenageado

27 de Maio de 2013

Brasil

Ato público resgata memória de operário morto pelos militares e exige justiça           O salão da Sociedade Amigos da Vila Maria...

Ato público resgata memória de

operário morto pelos militares e exige justiça

Interna Dino Santos

 

 

 

 

 

O salão da Sociedade Amigos da Vila Maria Zélia (zona leste da capital paulista) reuniu na tarde do sábado, 25 de maio, mais de 300 pessoas no ato público pela punição dos crimes da ditadura militar “Justiça para Olavo Hanssen”.
Convocado pela Comissão da Verdade Rubens Paiva e por várias entidades, o ato - realizado no mesmo local onde ocorreu a manifestação do 1º de Maio de 1970, na qual o operário Olavo Hanssen foi preso e depois torturado e morto pelos agentes da ditadura - contou com o apoio dos sindicatos dos químicos de São Paulo e do ABC, além da CUT-SP.
Olavo Hanssen foi membro da Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo e depois operário nas indústrias químicas de Santo André, tendo militado no Partido Operário Revolucionário - Trotskista (POR-T) de 1961 até sua morte com 32 anos, em 1970. Antigos companheiros seus vieram de Brasília e do Rio Grande do Sul especialmente para participar do ato.  
Em nome da CUT nacional, Julio Turra falou na mesa de abertura, destacando a criação da Comissão da Verdade e Justiça da central e exigindo a punição de todos os crimes cometidos pela ditadura militar no Brasil, sem o que não haverá uma verdadeira democracia em nosso país.
hansenUma segunda mesa teve a presença de companheiros e companheiras contemporâneos de Olavo Hanssen, que relataram as circunstâncias de sua prisão e morte. Um vídeo e um livro sobre a sua vida e trajetória sindical e política foram apresentados no ato, que contou com a presença do coral do Grupo Cultural Luther King.

 

 

Abaixo a carta à presidente Dilma, aprovada por aclamação no “Ato pela Punição dos Crimes da Ditadura: Justiça para Olavo Hanssen”. O evento foi convocado pela Comissão da Verdade Rubens Paiva, da Assembleia Legislativa de São Paulo, organizações políticas, entidades sindicais e de direitos humanos e contou com a participação de aproximadamente 300 companheiros e companheiras.

 

 

CARTA ABERTA À PRESIDENTA DA REPÚBLICA DILMA ROUSSEFF

Nós, familiares de presos e desaparecidos políticos, entidades sindicais, dirigentes políticos, trabalhadores, jovens, acadêmicos e profissionais de distintas atividades, reunidos na tarde de 25 de maio de 2013, na Vila Maria Zélia, em São Paulo, por ocasião da homenagem ao militante operário Olavo Hanssen, assassinado em maio de 1970 pelos agentes da repressão da ditadura, nos dirigimos à Chefe de Estado Brasileiro para:
1. Declarar publicamente nosso apoio ao esforço das distintas Comissões da Verdade, que se estabeleceram em todo o país, em apurar as circunstâncias dos milhares de casos de violência cometidos contra o povo brasi­leiro e identificar os responsáveis pelos crimes praticados pelos agentes da ditadura militar.
2. Rechaçar com veemência as provocações sacadas no depoimento à Comissão Nacional da Verdade pelo facínora torturador Brilhante Ustra, que se permitiu a arrogância de chamar a Presidenta da República de terrorista. O lugar desse criminoso - responsável direto por mais de 60 assassinatos e violências contra milhares de brasileiros - é a cadeia e a lata de lixo da história.
3. Sra. Presidenta, exigimos que, como Comandante em Chefe das Forças Armadas, que faça valer sua au­toridade suprema e obrigue o Exército, a Marinha e a Aeronáutica e todos os órgãos governamentais a entre­gar os arquivos que estão sob seu poder, arquivos estes que revelam não só os crimes perpetrados bem como os agentes, mandantes e executores destes crimes.
4. Clamamos mais uma vez, para todas as autoridades democraticamente constituídas no país, que os criminosos da ditadura devem pagar perante a justiça por seus crimes. Não existe anistia aos crimes perpetra­dos. Não há justiça sem punição. Cabe ao Poder Executivo dar os meios de que dispõe para tal. O povo tem o direito de ver seus algozes serem julgados e condenados.
5. Estamos alertas e mobilizados. Vamos continuar nossa luta até o fim. Conclamamos a todos para aderir a este chamado.

                                                                                        São Paulo, 25 de maio de 2013


MESA DO ATO PÚBLICO PELA PUNIÇÃO DOS CRIMES DA DITADURA: JUSTIÇA PARA OLAVO HANSSEN

Alice Hanssen da Silva, professora, irmã de Olavo Hanssen; Adriano Diogo, Deputado Estadual do PT, presidente da Comis­são da Verdade de São Paulo Rubens Paiva; Henrique Ollitta, Corrente O Trabalho do PT, seção brasileira da 4ª Internacional; Sebastião Neto, Projeto Memória – Movimento de Oposição Sindical Metalúrgica de São Paulo (MOSM-SP); Raphael Martinelli, advogado, sindicalista ferroviário e presidente do Fórum Permanente de Ex-presos e perseguidos Políticos de São Paulo; Julio Turra, Executiva Nacional da Central Única dos Trabalhadores – CUT; José Freire, Diretoria do Sindicato dos Químicos do ABC; Oswaldo Bezerra, diretoria do Sindicato dos Químicos de São Paulo; Rogério Sottili, Secretário de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo; Ivan Seixas, Comissão da Verdade de São Paulo Rubens Paiva; Juliana Cardoso, presidente do Diretório Municipal do PT de São Paulo, vereadora e presidente da comissão de direitos humanos da Câmara Municipal de São Paulo; Paulo Cseh, antigo vice-presidente do Sindicato dos Têxteis de São Paulo; Ana Lucia DiGiorgi, antiga militante do PORt; Dulce Muniz, atriz, ex-militante do PORt, Diretora do Teatro Studio Heleny Guariba; Geraldo Siqueira, ex-deputado e fundador do PT, ex-militante do PORt; Tullo Vigevani, professor, ex-militante do PORt; Franco Farinazzo, funcio­nário público, ex-militante do PORt; Murilo Leal, professor, ex-militante do PORt, autor do livro “Olavo Hanssen, uma vida em desafio”.

 

 

 

 

Quem foi Olavo Hanssen

 

Olavo Hansen era um sindicalista e dirigente do PORT (Partido Operário Revolucionário Trotskista). Foi aluno de engenharia na Universidade São Paulo, mas deixou os estudos para se engajar na política sindical. Em 1970, trabalhava em uma indústria química em Santo André.

No 1º de maio de 1970, Hanssen foi preso por policiais militares com outros sindicalistas enquanto distribuia panfletos, na praça de esportes da Vila Maria Zélia, em São Paulo, durante uma comemoração autorizada do dia do trabalhador. Hansen foi torturado até o dia 5 de maio. Apesar dos protestos de outros presos políticos, no DEOPS-SP, ele não recebeu assistência médica adequada e foi levado ao Hospital do Exército, no bairro Cambuci, somente em 8 de maio, quando já estava em estado de coma. Em 13 de maio, sua família foi avisada que ele teria se suicidado no dia 9 e que seu corpo teria sido encontrado perto do Museu do Ipiranga.

 

 

O curta metragem sobre a vida de Olavo Hanssen, produzido pela Comissão da Verdade, pode ser assistido no site abaixo (14 minutos):

https://www.youtube.com/watch?v=vGUN9sNZUnA

 

 

 

 

 

 

Fotos: Dino Santos/Acervo Sindicato dos Químicos do ABC