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Petroleiros se manifestam contra a 11ª Rodada

15 de Maio de 2013

Geral

FUP e sindicatos protestam contra os leilões do petróleo                     Enquanto a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e...

FUP e sindicatos protestam contra os leilões do petróleo

 

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Enquanto a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e o Ministério das Minas e Energia (MME) comemoraram na imprensa burguesa a realização do mega leilão que entregará às empresas privadas reservas de mais de 35 bilhões de barris de petróleo, a FUP, seus sindicatos e demais movimentos sociais comprometidos com a soberania nacional realizaram uma grande manifestação no Rio de Janeiro.

Caravanas com petroleiros de São Paulo, Norte Fluminense, Duque de Caxias, Minas Gerais e Espírito Santo ocuparam a entrada do Hotel Royal, em São Conrado, durante toda a manhã, onde a ANP realizou a 11ª Rodada, que privatizará áreas exploratórias de petróleo equivalentes ao tamanho do estado do Ceará, com a participação recorde de empresas ávidas por abocanhar uma fortuna calculada em mais de US$ 1 trilhão.

Juntos, cerca de 400 pessoas, entre trabalhadores do campo e da cidade, representantes da CUT, CTB, CGTB, MAB, MST, militantes de movimentos sociais e estudantis protestaram e evocaram palavras de ordem contra os leilões: "Se o campo e a cidade se unirem, a burguesia não vai resistir".

O presidente da CUT-RJ, Darby Igayara, reafirmou que a central apóia e sempre apoiará a luta dos petroleiros e da sociedade brasileira em defesa do petróleo brasileiro. "Nós da CUT,  junto às entidades de classe, mandamos um recado para o governo: chega de leilão, nós exigimos a soberania do petróleo. Não permitiremos que a nossa riqueza seja entregue às multinacionais e ao Eike Batista".

O secretário geral da CTB-RJ, Ronaldo Leite, afirmou que a questão do petróleo não é uma luta apenas dos petroleiros, mas de todos os trabalhadores. "É por isso que estamos aqui", ressaltou o sindicalista.

Os representantes dos movimentos estudantis de vários estados, que tiveram grande participação no ato, também deixaram seus recados aos privatistas. "Os movimentos sociais estão aqui hoje para dizer a esta meia dúzia de entreguistas que estão neste hotel, que não deixaremos o nosso petróleo ser entregue ao imperialismo norte americano", afirmou Gladson Reis, presidente da União Brasileira de Estudantes Secundaristas (UBES).

Para o presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), Yuri Pires, em defesa do petróleo, os movimentos ocuparão quantos ministérios forem precisos. "Hoje eles pensam que vão cometer um grande crime contra o povo brasileiro, impunemente, como na era FHC, mas não lembram que os estudantes e movimentos sociais são capazes de defender a sua pátria, indo às ruas, assim como há muitos anos atrás, na campanha O Petróleo é Nosso. Indo às ruas, podemos impedir que as riquezas oriundas do petróleo sejam entregues de bandeja, ao invés de serem investidas na educação do povo brasileiro", relembrou o estudante.

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No carro de som, o coordenador da FUP, João Antonio de Moraes (foto esquerda), citou as manifestações contra a 11ª Rodada realizadas desde a última semana, em diversos estados do Brasil. "Ontem no Ministério de Minas e Energia, em Brasília, ocupamos o lugar onde fica a gestão dessa política de exportação do nosso petróleo para que eles fiquem cientes de que se o Brasil colocar este recurso à disposição dos impérios norte-americanos, ou de qualquer outro continente, não haverá petróleo para as nossas gerações futuras". Moraes também ressaltou que o Brasil é um país com 200 milhões de habitantes e, por isso, não é possível permitir que a política de exportação de petróleo seja como a de países pequenos, que podem fazê-lo sem prejudicar a sua soberania. "Não temos dúvidas que, para reverter esta situação, é preciso força e mobilização, vide a campanha O Petróleo é Nosso na época da criação da Petrobras", enfatizou.

Diretores dos sindicatos da FUP também lançaram palavras de ordem durante a manifestação. A diretora do Sindipetro Unificado de São Paulo, Cibele, afirmou que a mídia vem manchando a imagem da Petrobras para justificar a realização dos leilões de petróleo.  "Desde o início do ano, vemos a imprensa brasileira insistindo na queda do lucro da empresa e querendo convencer a sociedade de que os leilões são necessários para salvar a companhia. Hoje é o dia de mostramos à população que isso tudo é mentira, falácia de quem defende a privatização e o entreguismo das nossas riquezas. Para continuar crescendo, a Petrobras precisa ser 100% estatal e de mais investimentos em sua força de trabalho".

O diretor da FUP e coordenador do Sindipetro-ES, Hoffman, afirmou que nesta jornada de lutas é muito importante ter a presença de várias gerações que estão representando o povo brasileiro, que é contra esta entrega imoral do nosso petróleo. "Não podemos entregar a nossa maior riqueza, que é o outro negro".

Representando o Sindipetro-CE, o diretor Marcondes também protestou contra o entreguismo do petróleo brasileiro. "No Ceará, esperamos dez anos para que a Petrobras explorasse algum poço de petróleo. Hoje, depois de muito investimento, a região tem uma grande produção. Por isso, estamos aqui para deixar claro que não permitiremos retrocesso em nenhum estado do nosso país", ressaltou.

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O diretor da FUP, coordenador geral do Sindipetro NF e representante dos trabalhadores no C.A da Petrobras, José Maria Rangel (foto esquerda), afirmou que os petroleiros e  todas as categorias de trabalhadores do Brasil têm uma tarefa árdua, que é sensibilizar a população brasileira sobre a importância da soberania nacional do petróleo. "Temos que tornar esta luta, daqui pra frente, um trabalho de conscientização diário. Há meses, no Rio de Janeiro, a população foi às ruas para protestar contra a nova redistribuição dos royalties do petróleo, sem ao menos saber o que realmente estava por trás disso e que foram usados como massa de manobra de diversos assaltantes de cofres públicos. Sendo assim, temos o dever de conscientizá-los que os leilões precisam ser barrados, já!", enfatizou o sindicalista.

Quem representou os petroleiros de Minas Gerais foi o coordenador do Sindipetro MG e diretor da FUP, Leopoldino Martins. O sindicalista também enfatizou que o dia de hoje é tão importante quanto a época da criação da Petrobras, quando os movimentos sociais foram às ruas pela campanha O Petróleo é Nosso. "Atualmente, o que está em jogo é a entrega de 30 bilhões de barris de petróleo, por isso, é tamanha a importância da nossa mobilização que não vai desistir de impedir esta entrega enquanto todos os leilões não forem adiados".

O diretor da FUP e do Sindipetro-AM falou em nome dos petroleiros de Manaus. "Este é mais um ato contra a entrega do patrimônio público do Brasil. Existe uma série de alegações dos representantes do Ministério de Minas e Energia, de que os leilões servem para manter a economia nacional, mas estamos aqui para denunciar que leilão é privatização e roubo", afirmou Caetano.

O coordenador da FUP finalizou a participação dos petroleiros no ato, enfatizando que esta é a maior jornada de lutas contra a privatização do petróleo, organizada pela FUP e pela campanha O petróleo tem que ser nosso.

O representante do MAB, Leonardo, que também faz parte da plataforma operária e camponesa para a energia, falou em nome dos atingidos por barragens, afirmando que este é um ano estratégico de luta pela soberania energética e que os trabalhadores do campo e da cidade continuarão reivindicando um projeto energético popular.

O ato foi encerrado pelo representante do MST, Durão, que também coordenou a manifestação junto aos petroleiros e representantes do Sindipetro RJ e centrais sindicais. "Nós, do Movimento dos Sem Terra, estamos junto com os petroleiros do Brasil inteiro e continuaremos juntos para lutar pelo petróleo, que é nosso, assim como lutamos diariamente pela terra, que também é do povo brasileiro.

 

Mais de cincoenta organizações assinaram uma carta dirigida à presidenta Dilma Rousseff, exigindo o cancelamento do leilão do petróleo e da privatização das barragens. Leia abaixo o documento na íntegra.

 

 

Excelentíssima Senhora
Dilma Vana Rousseff
Presidenta da República do Brasil


                                                                              Brasília, 10 de Maio de 2013


Excelentíssima,
Nós, movimentos populares e sindicais abaixo assinados, vimos, por meio desta,
solicitar o cancelamento dos leilões de petróleo, previstos para os dias 14 e 15 de maio
de 2013, bem como o cancelamento do processo, que prevê a privatização das
hidrelétricas, de Três Irmãos em São Paulo e Jaguara em Minas Gerais, além de várias
outras usinas, que podem significar cerca de 5.500 MW médios. Estes leilões
significarão a retomada das privatizações em um dos setores mais estratégicos ao povo
brasileiro. Entregar o petróleo e as hidrelétricas, que fazem parte do patrimônio da
União ao capital internacional, será um erro estratégico.
Lembramos que o povo brasileiro, com seu trabalho e suas lutas, construiu um grande
setor de energia no Brasil. A luta do “PETRÓLEO É NOSSO”, juntamente com a
utilização dos nossos rios para a produção de energia elétrica nos propiciou, por muito
tempo, que estas riquezas estivessem, em certa medida, sob controle nacional, uma vez
que o controle estava garantido pelo Estado.
Foi, sem dúvida, no período dos governos de Collor e Fernando Henrique Cardoso, que
este sistema foi sendo destruído e entregue ao capital internacional, sob o pretexto de
que não servia mais para o nosso país. As melhores empresas públicas foram entregues
para o controle das grandes corporações transnacionais, prejudicando nosso país e os
trabalhadores.
Nessas ocasiões, os setores neoliberais se apropriaram do discurso falacioso da
ineficiência do Estado, especialmente na gestão das empresas públicas, com o objetivo
de iludir o povo brasileiro com falsas promessas e entregar o patrimônio público para o
“mercado”.
Esta história nós já conhecemos bem. Depois da privatização, a energia elétrica
aumentou mais de 400% (muito acima da inflação), trabalhadores foram demitidos e
recontratados com salários menores e em piores condições e a qualidade da energia
elétrica piorou muito. Quedas de energia, explosão de bueiros e apagões são
consequências da privatização.
No setor do petróleo a realidade é semelhante, FHC quebrou o monopólio estatal e
vendeu parte da Petrobras, e só não fez pior porque foram derrotados na eleição de
2002.
Não é à toa que todo este processo foi chamado de PRIVATARIA. Mais de 150
empresas públicas - das melhores - acabaram sendo entregues aos empresários, a
preços irrisórios.
O povo brasileiro votou em Lula duas vezes e em Dilma no ano de 2010, ciente de que
aquilo que foi feito nos governos anteriores não era bom para o Brasil. A esperança
vencia o medo e exigia que as privatizações tivessem um basta.
A extraordinária descoberta de petróleo na área chamada pré-sal, as enormes reservas
de água, nosso território e nossas riquezas naturais exuberantes e, fundamentalmente,
a capacidade de trabalho dos trabalhadores brasileiros, acenam para a construção de
um país com enormes potencialidades, com possibilidades de usar e bem distribuir
estas riquezas. E é isto que vemos ameaçado nesse momento.
Se as riquezas são tantas e boas para o país, por que entregar para as grandes
empresas transnacionais as riquezas do povo brasileiro?
São as empresas do Estado Brasileiro, entre elas a Eletrobrás e a Petrobras, que
impulsionam o setor de energia em nosso país. É o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social-BNDES, que financia as demandas do setor.
São as empresas de pesquisa do Estado que fazem os estudos. São as empresas
estatais, em especial o Sistema Eletrobrás, que está ofertando eletricidade a preços
mais baratos. Então, por que não discutir com nosso povo, unir forças e buscar
soluções para que, tanto o petróleo quanto a energia elétrica, fiquem nas mãos do
Estado com soberania nacional, distribuição de riquezas e controle popular?
É fundamental que todos nós tomemos posição neste momento tão importante para o
destino da nação. Defendemos o cancelamento dos leilões, que irão privatizar o
petróleo e as usinas hidrelétricas, que estão retornando para a União.
Não temos dúvida de que, se consultado, o povo brasileiro diria: Privatizar não é a
Solução.
Certos de que seremos atendidos em nossas proposições, nos dispomos a discutir,
mobilizar nosso povo, buscar a união de todos para que estas riquezas sejam do povo
brasileiro e com controle do Estado. Nos colocamos à disposição para discutir com
Vosso governo e com o povo brasileiro.


Sem mais, aguardamos resposta.


Articulação de Empregados Rurais do Estado de Minas Gerais - ADERE/MG
Assembleia Popular
Barão de Itararé - Centro de Estudos de Mídia Alternativa
Central de Movimentos Populares – CMP
Central de Movimentos Sociais – CMS/PR
Central Única dos Trabalhadores – CUT Brasil
Central Única dos Trabalhadores - CUT MG
Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG
Conselho Indigenista Missionário – CIMI
Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais
Quilombolas - CONAQ
Coordenação Nacional de Entidades Negras – CONEN
Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Urbanas do Estado de São Paulo – FTIUESP
Federação Estadual dos Metalúrgicos – CUT/MG
Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros – FISENGE
Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar - FETRAF
Federação Nacional dos Urbanitários - FNU
Federação Única dos Petroleiros – FUP
Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação – FNDC
Levante Popular da Juventude
Marcha Mundial das Mulheres – MMM
Movimento Camponês Popular – MCP
Movimento de Mulheres Camponesas – MMC
Movimento dos Atingidos pela Mineração - MAM
Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB
Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST
Pastoral da Juventude Rural - PJR
Plataforma Operária e Camponesa para Energia
Sindágua MG
Sindicato dos Camponeses de Ariquemes e Região
Sindicato dos Engenheiros do Estado do Paraná – SENGE/PR
Sindicato dos Metalúrgicos de Erechim/RS
Sindicato dos Metalúrgicos de Passo Fundo/RS
Sindicato dos Petroleiros do Estado de São Paulo – SINDIPETRO/SP
Sindicato dos Trabalhadores Energéticos do Estado de São Paulo – SINERGIA CUT
Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Energia de Florianópolis e Região - SINERGIA
Sindicato dos Trabalhadores Urbanitários – STIU/DF
Sindicato Intermunicipal dos Trabalhadores na Indústria Energética de Minas Gerais – SINDIELETRO/MG
Sindicato Unificado dos Trabalhadores de Minas Gerais - Sind-UTE MG
Sind-Saúde MG
Stop the Wall
União Brasileira de Mulheres - UBM
União Brasileira dos Estudantes Secundaristas – UBES
União da Juventude Socialista – UJS
Via Campesina Brasil

 

 

 

 

 

Fotos: Samuel Tosta/Acervo FUP