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Escrito por: Vagner Freitas

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Temer, o inimigo dos trabalhadores

11 de Maio de 2017

Vagner Freitas é presidente nacional da CUT

Com o país submerso na mais longa e grave crise econômica desde a redemocratização, a classe trabalhadora brasileira não tem o que comemorar neste Dia do Trabalhador.

Correndo o risco de perder direitos conquistados com muita luta, o trabalhador está hoje numa perigosa armadilha, coordenada por um governo ilegítimo, apoiado por um Congresso sem compromisso com o povo. De um lado, faltam empregos; de outro, poderá ter de se submeter à terceirização sem direitos garantidos. E, no fim da vida, não irá se aposentar.

Não há perspectiva de melhora no curto prazo. O elevado índice de desemprego, que já atinge mais de 13 milhões de pessoas, é reflexo de uma crise que derrubou o PIB em 7,2% em dois anos. O mercado de trabalho, em geral o último a reagir às flutuações da economia, faz parte de uma errática estratégia de apostar na recessão.

Em apenas um ano de mandato, o presidente Michel Temer já é responsável pelo maior retrocesso social e trabalhista da história do Brasil. Getúlio Vargas, conhecido como pai dos trabalhadores, assinou em 1943 a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), considerado o marco civilizatório das relações entre o capital e a classe trabalhadora.

Já Temer -que aposta todas as fichas na ruptura das relações sociais com suas reformas da Previdência, trabalhista e o congelamento por 20 anos dos gastos públicos- entrará para a história como o inimigo dos trabalhadores.

O único projeto deste governo é o ajuste fiscal que atinge as classes mais pobres, as que mais dependem de políticas e serviços públicos para sobreviver com o mínimo de dignidade.

Engana-se quem acredita no discurso governista de que as reformas vão aquecer a economia e criar empregos. O que aquece a economia é investir em infraestrutura, inovação tecnológica, aumento de produtividade e geração de emprego e renda. Nos países que apostaram em redução de gastos, a crise econômica se agravou e o desemprego atingiu milhares de pessoas.

Com o desmonte da Previdência, Temer vai criar um exército de miseráveis, de trabalhadores que não atingirão a idade mínima de 65 anos e tempo de contribuição mínimo de 25 anos. A maioria vai morrer antes.

Isso afetará a saúde financeira de mais de 4.000 municípios brasileiros, cujas receitas com benefícios previdenciários era 74 % maior do que os repasses do Fundo de Participação dos Municípios em 2015.

O discurso usado para defender a reforma trabalhista é ainda pior. Tentam implantar o contrato temporário, que pode chegar a nove meses sem direitos básicos como FGTS, férias ou aviso prévio; a terceirização ou a demissão de comum acordo com o patrão serão usadas para reduzir custos e precarizar o serviço.

A mobilização dos empregados nos últimos meses, em especial na última sexta (28), dia da greve geral, demonstra que o povo já entendeu que Temer está transformando o mercado de trabalho em um grande balcão de ofertas de vagas precarizadas, uma espécie de escravidão moderna.

Paralelamente, o governo e seus aliados reacionários do Congresso investem em medidas para destruir os sindicatos, o principal instrumento de luta em defesa dos direitos dos empregados.

O 1º de maio deste ano será de resistência. Não podemos e não vamos aceitar esse desmonte que condena a atual e as futuras gerações a uma vida laboral sem direitos, sem justiça e respeito.

(Artigo publicado dia 1/05/2017  no jornal Folha de S.Paulo, na coluna Tendência/Debates)