2018 fecha com recuo na atividade química, segundo Abiquim
07 de Fevereiro de 2019
Ramo Químico
Produção, vendas internas e demanda caem, mas houve melhora nos preços no mercado internacional, o que deve puxar faturamento para cima
O ano de 2018 foi significativamente afetado pelos resultados negativos dos últimos dois meses do ano. Em novembro de 2018, os índices de produção e de vendas internas tiveram quedas de 6,55% e de 1,71%, respectivamente, enquanto, em dezembro, os recuos foram de 4,45% para a produção e de expressivos 10,78% para as vendas internas. A menor atividade no segmento nos últimos dois meses do ano passado é explicada especialmente pela ocorrência de problemas operacionais em algumas unidades, pela menor atividade interna, mas também pela sazonalidade típica do período. No acumulado do 4º trimestre de 2018, sobre igual período do ano anterior, os volumes recuaram: o índice de produção foi 7,65% inferior, enquanto o de vendas internas teve desempenho 8,08% pior. Vale registrar que o quarto trimestre do ano passado foi o único a apresentar resultados negativos na comparação com os resultados trimestrais do ano anterior. Outro ponto a se destacar diz respeito ao fato de que os resultados do 4º trimestre também tiveram influência negativa sobre os resultados do segundo semestre de 2018.
O gráfico a seguir exibe a trajetória do índice de produção e do índice de vendas internas no acumulado de janeiro a dezembro para os últimos 12 anos. Após a significativa melhora verificada em 2016 e em 2017, o índice de produção apresentou recuo em 2018, pelas razões já destacadas. No que se refere ao índice de vendas internas, percebe-se a manutenção do ritmo verificado nos últimos três anos, com tendência de piora no último ano de observação. Vale ressaltar que as vendas internas permanecem em um patamar bem mais baixo do que aquele registrado entre 2012 e 2013 e também do ano base de referência. Ou seja, nos últimos 12 anos, os volumes de produção e de vendas são, na média, os mesmos daqueles que se observavam no início da série, em 2007, sendo a conclusão, infelizmente, que vivemos mais de uma década perdida!
Quanto ao índice de preços, houve alta nominal de 19,49% ao longo de 2018, mas com forte deflação no último bimestre. O índice de preços foi negativo em 7,40% e em 3,97%, respectivamente em novembro e em dezembro (vale registrar que nos 12 meses até outubro, o índice de preços nominal do setor acumulava elevação de 37,20%). Em termos reais, ou seja, descontados os efeitos da inflação, os preços médios reais do segmento de produtos químicos de uso industrial subiram 10,2%, se considerado o IPA-Indústria de Transformação, da FGV, como deflator. Se for utilizado o dólar, os preços médios reais estão 2,0% maiores em relação àqueles praticados nos 12 meses anteriores e, em relação ao euro, os preços exibiram alta real de 6,8%, na mesma comparação. A utilização da capacidade instalada ficou em 77% na média de todo o ano passado, patamar este que ficou dois pontos percentuais abaixo da média de 2017 (79%). Em relação ao consumo aparente nacional (CAN), houve queda de 1,1% em 2018, sobre igual período imediatamente anterior. A participação das importações sobre o CAN foi de 37% em 2018, valor um ponto inferior ao que se verificou em 2017 (38%).
A falta de competitividade do produtor local, especialmente pelo elevado custo Brasil, associada ao cenário econômico recessivo e de agravamento da crise política nacional nos últimos três anos, trouxe impactos indesejáveis ao setor, que acabaram se refletindo no encolhimento da demanda. A expectativa caminha na direção de que o País deve retomar a trajetória de crescimento neste ano e voltar a exibir resultados mais expressivos, com alguns analistas já projetando elevação de 3% para o PIB. Oportunidades, felizmente, não faltam para o País retomar à trajetória positiva. A grande questão é a de “como transformar oportunidades em investimento, emprego e crescimento da renda”. Por essa razão, a Agenda para os primeiros meses do ano do novo governo é fundamental. Medidas adequadas podem alterar os rumos da economia e colocar o Brasil novamente na rota de atratividade de investimentos mundiais. O Brasil perdeu credibilidade, tanto interna quanto externa, e a mesma está sendo recuperada, mas leva um tempo. Os segmentos mais expostos ao mercado internacional e que trabalham com produtos que podem ser facilmente transacionados com o mercado externo, como o químico, não tem conseguido competir. Além do custo Brasil, especificamente na química, os custos com aquisição de matérias-primas e energia, e também a deficiência logística, acabam impondo um custo adicional ao produtor local. Sem resolver essas questões e, em especial, sem consolidar uma reforma tributária, que diminua o peso do governo sobre a atividade produtiva, dificilmente o País ganhará competitividade. Essas mudanças são essenciais, inclusive, para que se possa, de fato, realizar uma abertura comercial nos moldes do que o novo governo pretende.