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8 de Março: cinco mil ocupam o Centro de São Paulo

11 de Março de 2013

Geral

  São Paulo: Mulheres do ramo químico participam de ato unificado e passeata pelas ruas do Centro de São Paulo. Carregam suas bandeiras e...

8 marco passeata

 

São Paulo: Mulheres do ramo químico participam de ato unificado e passeata

pelas ruas do Centro de São Paulo. Carregam suas bandeiras e exigem igualdade na vida,

no mundo do trabalho e na sociedade.

 

 

Mais do que bombons e flores, as mulheres querem mesmo é dividir o poder e as responsabilidades familiares com os homens, numa sociedade em que possam caminhar lado a lado em luta contra a desigualdade.
Em alto e bom som, esse foi o recado que cerca de cinco mil manifestantes deixaram pelas ruas do centro de São Paulo na tarde da sexta-feira (8), Dia de Luta das Mulheres. Da Praça da Sé, a marcha partiu rumo à Praça Ramos de Azevedo. Primeiro, enfrentando o sol e, depois, uma forte chuva que castigou a cidade.
Secretárias da Mulher Trabalhadora da CUT e da CUT-SP, Rosane Silva e Sônia Auxiliadora, respectivamente, destacaram o papel da Central na manifestação e na transformação da realidade brasileira. “Hoje vamos às ruas denunciar a opressão vivida no cotidiano e a desigualdade. Porque mesmo tendo melhor escolaridade, recebemos menos. Porque as trabalhadoras domésticas são sete milhões no Brasil e ainda não têm os mesmos direitos dos demais trabalhadores. Queremos uma sociedade justa e igualitária, que só será possível se rompermos com a sociedade machista e patriarcal”, afirmou Rosane.
“A missão da CUT é lutar para garantir políticas públicas que avancem no combate à desigualdade”, disse Sônia.

 

Acabar com a desigualdade:

responsabilidade de homens e mulheres
Antes do ato, pela manhã, a Secretaria da Mulher Trabalhadora da CUT-SP promoveu no Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região o seminário História de Luta por Igualdade na Vida, no Mundo do Trabalho, no Movimento Sindical e a Paridade na CUT. Com os dois auditórios lotados, a presidente da entidade, Juvândia Moreira, destacou que os espaços de poder ainda não refletem a participação das mulheres na sociedade brasileira. “Apesar de sermos 52% da população, estamos subrepresentadas na política. São apenas 8% de deputadas e 14% de senadoras. Eu mesmo sou a primeira presidenta do sindicato em 87 anos de história”, lembrou.
Para o presidente da CUT-SP, Adi Lima, a missão de mudar esse paradigma é de homens e mulheres e, portanto, o movimento sindical deve dialogar nas duas frentes. “Se estamos falando em igualdade não podemos conversar só com as trabalhadoras, temos que tratar com os trabalhadores também”, ressaltou.

 

Solidariedade, amor e camaradagem
No encerramento da primeira mesa, a mestre e doutoranda em Direito Político, Paula Loureiro da Cruz, falou sobre os componentes da desigualdade na vida, no trabalho e na sociedade. Ela iniciou a intervenção lembrando que o movimento feminista tem focado na alteração da legislação, mas ponderou que muitas vezes isso pode se tornar uma armadilha ao combater os efeitos e não a causa do problema.
(...)

 

Papel do Estado
Na mesa que tratou do papel do Estado na promoção da igualdade, a secretária de políticas para as mulheres de Santo André, Silmara Conchão, alertou para o caráter político das manifestações do 8 de Março. “A diferença biológica entre homens e mulheres é natural, a desigualdade social é que não é. Essa ordem precisa ser desorganizada e para isso é bom lembrar que a luta pelos nossos direitos é apartidária, mas política. Por isso precisamos lembrar de onde veio e para que serve o 8 de março".
Secretária de Políticas para as Mulheres da cidade de São Paulo, Denise Motta Dau falou sobre programas recém-lançados em parceria com as secretarias municipais de transporte, assistência social, habitação, serviços e saúde que beneficiam as mulheres. Ex-dirigente da CUT, ela reforçou também a bandeira histórica das cutistas de defender que a luta seja intersetorial. “As demandas das mulheres são classistas e não só da secretaria. As políticas precisam estar organizadas e permear todas as ações da Central".

 

Paridade não é só número
Um dos eixos dessa luta é a paridade na direção da CUT e suas entidades, aprovada no último congresso e tema da intervenção de Rosane Silva. “A paridade não é só um número, tem que ter política junto, um conjunto de outras medidas. Deve haver formação para que tenhamos à frente mulheres feministas defendendo a nossa agenda. E as entidades devem pensar como fazem a política sindical, as assembleias, porque muitas vezes organizam reuniões e não pensam nas mulheres, que não têm com quem deixar os filhos. Isso também deve ser observado".

 

 

Leia também:
- Matéria da CUT: "Não acabaremos com a desigualdade sem acabar com o modelo machista e patriarcal", afirma a secretária cutista Rosane Silva.

 

 

Foto: Flaviana Serafim/SECOM/CUT-SP