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Argentinos buscam ações contra empresas que tentam travar o desenvolvimento local

10 de Setembro de 2014

Internacional

 No encontro internacional, a CNQ-CUT (Confederação Nacional do Ramo Químico) esteve representada pela presidenta Lucineide Varjão e pela...

img 2933  No encontro internacional, a CNQ-CUT (Confederação Nacional do Ramo Químico) esteve representada

pela presidenta Lucineide Varjão e pela assessora Flávia Nozue

 

Países em desenvolvimento, em especial da América Latina, onde multinacionais adotam práticas que barram o crescimento local, precisam unir esforços e pautas de lutas. Esta foi a posição defendida pelo secretário de Relações Internacionais da Unión Obrera Metalúrgica (UOM), Francisco Gutierrez, em encontro com grupo de brasileiros em Buenos Aires nesta terça-feira, 9.

Segundo o secretário, a situação econômica em que a Argentina se encontra permite ver com clareza as estratégias das multinacionais para precarizar o trabalho e buscar o lucro máximo nas operações locais. Ao mesmo tempo, desenvolvem ações, em especial entre trabalhadores mais jovens, para que se afastem do meio sindical e deixem de questionar a forma com que atuam no país e as condições de trabalho oferecidas.

“Vemos que no Brasil também há dificuldade no diálogo com as empresas e em atrair jovens para o sindicalismo. Também temos muitas desigualdades entre trabalhadores dentro da mesma empresa. Temos problemas comuns e temos que nos unir por salários iguais, por condições similares de trabalho”, defendeu Gutierrez. “O mundo desenvolvido não quer que cresçamos e nos desenvolvamos. Por isso a importância da integração entre os países, para nos fortalecermos como competidores”, completou.

Atualmente, a UOM representa mais de 250 mil trabalhadores do setor, 52 sindicatos regionais e 22 ramos de atividades. Entre as grandes conquistas da entidade está um convênio com o governo que garante, por exemplo, um delegado sindical em cada grupo de 20 trabalhadores, e que o delegado se mantenha na fábrica, com estabilidade.

“Nosso acordo nacional protege muito os trabalhadores. Mas com a globalização, ficamos preocupados. Se podem pagar salários distintos no Brasil e na Argentina, precisamos ficar atentos. São questões importantes e que devem ser abordadas de forma conjunta entre os sindicatos dos dois países”, ressaltou o secretário geral da UOM, Antonio Caló.

Os representantes da UOM receberam uma comitiva brasileira de entidades que gerenciam o projeto Promoção dos Direitos Trabalhistas na América Latina. Apoiado pelo centro de formação alemão DGB Bildungswerk, o projeto é gerido pela CUT, CNM/CUT, CNQ-CUT e IOS (Instituto Observatório Social). Em 2015, o projeto inicia uma nova fase, com apoio à construção e ao fortalecimento de Redes sindicais que atuem mais amplamente na América Latina. Por isso a aproximação com os sindicatos e as centrais argentinas.

O coordenador do projeto, Alexandre Bento, defende como uma forma eficiente de aproximação entre trabalhadores de diferentes países a formação de Redes sindicais. “Desde a década de 1990, as empresas estão se globalizando, mas os sindicatos, não. O desafio é como fazer a ação sindical dos trabalhadores neste ambiente. No Brasil, encontramos a resposta nas Redes. E é essa experiência que queremos ampliar e aprimorar com essa aproximação da Argentina”, explica.

Indústria automotiva e de pneus

Outro sindicato visitado pelo grupo brasileiro nesta terça-feira foi o Sindicato Único de Trabajadores del Neumático Argentino (SUTNA) que hoje representa pouco mais de 4 mil trabalhadores, mas com participação ativa nas discussões envolvendo multinacionais no país. Assim como na UOM, os representantes do SUTNA reforçaram a necessidade de aproximação entre Brasil e Argentina.

“Nos últimos anos, o governo argentino tem dado mais espaço aos sindicatos. Mesmo pequenos, somos protagonistas na política nacional, assim como 90% dos sindicatos existentes no país. E temos que continuar a lutar por nossos trabalhadores”, afirmou o secretário tesoureiro do sindicato, Oscar Coroneli. “Como temos empresas que atuam aqui e no Brasil, é importante saber o que tem de diferença e de problemas comuns”, completou.

“Estamos comprometidos com a colaboração internacional e com a integração”, reforçou o secretário geral do SUTNA, Pedro Wasiejko. “Hoje, com índices de desemprego a 25% no país, temos nos preocupado muito com as terceirizações, e sabemos que isso também é uma preocupação existente no Brasil”, explicou.

A idéia é compartilhada pelos dirigentes brasileiros. Para a presidenta da CNQ-CUT, Lucineide Varjão, é importante que os países se aproximem para somar esforços em pautas comuns. “Nosso objetivo, como confederação, é organizar os trabalhadores. E vemos que essa preocupação também existe aqui na Argentina”, afirmou.

“Enquanto no Brasil lutamos por acordos nacionais dos setores, os sindicatos da Argentina garantem convênios com o governo extremamente positivos para os trabalhadores e que não entram na pauta de negociação há décadas. Podemos nos espelhar nessa conquista”, completa o secretário geral e internacional da CNM/CUT, João Cayres.

 

Fonte e foto: Paola Bello/IOS