Ato contra os leilões do petróleo: Sindipetro-SP, centrais e movimentos sociais se mobilizam
08 de Maio de 2013
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Quinta-feira, dia 9 A partir das 10 horas Em frente à sede da Petrobras Avenida Paulista Centrais sindicais e...
Quinta-feira, dia 9
A partir das 10 horas
Em frente à sede da Petrobras
Avenida Paulista
Centrais sindicais e movimentos sociais realizarão um ato público em frente à sede da Petrobras, na avenida Paulista, 901, na quinta-feira (9), a partir das 10 horas, contra a 11ª Rodada de leilão de petróleo.
Convocada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) para os próximos dias 14 e 15 de maio, a rodada vai leiloar 289 blocos, em 11 bacias sedimentares que, conforme cálculos da própria ANP, possuem 30 bilhões de barris, um patrimônio da ordem de três trilhões de dólares. Quanto a Agência pretende arrecadar? Um bilhão de dólares.
“Apenas em três destas bacias - localizadas no Pará, Maranhão e na Foz do Amazonas - existem cerca de 30 bilhões de barris, mais do que o dobro das reservas provadas pela Petrobras ao longo de décadas”, alertou o petroleiro Roni Barbosa, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e da Central Única dos Trabalhadores (CUT), condenando “a alienação da soberania nacional ao cartel estrangeiro”. Vale lembrar, salientou Roni, que as multinacionais nunca construíram uma única plataforma no Brasil e são contrárias a priorizar o conteúdo nacional na indústria petrolífera, “só pensam mesmo é em ampliar a exploração, seja das nossas riquezas naturais ou da mão de obra, tudo para transferir recursos para as suas matrizes lá fora”.
Como a Petrobras está em fase de grandes investimentos, “pois tem que explorar blocos já arrematados, desenvolver campos já descobertos e investir em refinarias, oleodutos e gasodutos para abastecer o país” - uma vez que é a única que assume esta responsabilidade - ela pouco poderá participar desta rodada, explicou Paulo Metri, conselheiro do Clube de Engenharia.
“Compreendemos que o petróleo é um bem público, estratégico ao desenvolvimento nacional, e que não pode ser entregue às transnacionais. O próprio fato de haver mais de 60 grupos transnacionais habilitados para a participação do leilão com a Petrobras, debilitada neste momento para intervir, dá a dimensão do problema, pois são áreas extremamente lucrativas, de comprovada riqueza”, advertiu o presidente da CUT Nacional, Vagner Freitas. “Não dá para aceitar que a Petrobras tenha feito todo o trabalho e que agora, quando é o momento de colocar o fruto de tantos anos de pesquisa e empenho em favor do povo brasileiro, seja deixada para trás pela ANP para beneficiar gigantes como a Shell, Chevron, Exxon e British Petroleum. Esse petróleo é do povo brasileiro”, sublinhou Vagner.
“NÃO HÁ JUSTIFICATIVA”
Conforme Luiz Felipe Grubba, da direção do Sindicato Unificado dos Petroleiros de São Paulo, “o leilão significa um retrocesso para o povo brasileiro, pois são áreas com as maiores expectativas possíveis”. “Não há justificativa para entregar nas mãos das transnacionais tamanha riqueza. É um potencial imenso que deve ser utilizado para gerar emprego de qualidade, garantir salário digno, investir em saúde, educação, reforma agrária e moradia”, acrescentou Gruba.
Para o presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil, Ubiraci Dantas, "o objetivo de colocar à venda tamanho volume de petróleo é prejudicar a participação da Petrobras e entregar o óleo para as multinacionais". “O leilão se dará com base na Lei 9.478, implantada pelos tucanos, que tira a propriedade do país e dá para quem produz", condenou.
“Por esta lei, quem descobre petróleo é o dono dele e faz dele o que bem quiser”, acrescentou Paulo Metri, lembrando que “nenhuma empresa estrangeira demonstra interesse em construir refinarias no país, quer seja para abastecer o mercado interno ou exportar derivados, como também não tem intenção de vender o petróleo produzido à Petrobras”. Então, explicou, fica claro que o objetivo do cartel transnacional é “unicamente exportar o petróleo in natura”.
Além dos 14 bilhões de barris que já possui, a Petrobras descobriu mais 54 bilhões de barris na camada do pré-sal, o que garante ao país uma autossuficiência de mais de 60 anos. Diante disso, defendem as entidades, a prioridade deve ser produzir o petróleo que já foi descoberto, investir em refino de derivados (gasolina, querosene, diesel etc.) e no desenvolvimento do Brasil.
O coordenador da FUP, João Antonio Moraes, recordou que desde 2008, após muita luta e pressão dos movimentos sociais, o governo brasileiro suspendeu os leilões do petróleo”. “Ao retomar essa agenda, equivocadamente, o governo atende aos anseios das multinacionais, ávidas por abocanhar nossas valiosas reservas de óleo e gás”, concluiu Moraes.
Foto: Acervo FUP