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Ato em defesa de Lula em São Paulo ataca motivação política de Moro

13 de Julho de 2017

Brasil

Movimentos sociais e sindical realizaram, na noite desta quarta (12), ato em defesa do ex-presidente Lula no vão livre do Masp, na avenida Paulista, região central da capital. A manifestação havia sido convocada horas antes, em resposta à sentença do juiz Sergio Moro, que condenou Lula a nove anos e seis meses de prisão por conta do processo que envolve um apartamento no Guarujá, no litoral paulista. Segundo os organizadores, cerca de 4 mil pessoas compareceram ao protesto.

Em seu discurso, o presidente do diretório estadual do PT de São Paulo, Luiz Marinho, afirmou não estar surpreso com a decisão. "Vemos uma cronologia. Toda vez que tem acontecimento de conjuntura política, o juiz apresenta alguma novidade", disse, em referência à tramitação da denúncia contra Michel Temer na CCJ da Câmara dos Deputados, que já conta com parecer favorável do relator, deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ).

"O resultado não surpreende pelo comportamento do juiz Sergio Moro", disse Marinho, sobre o magistrado responsável pelas decisões em primeira instância da Operação Lava Jato em Curitiba. "A única prova existente no processo é de inocência do presidente. Como ele mesmo diz, se uma mulher experimenta sapatos em uma loja, ela é dona dele automaticamente? Foi isso que aconteceu no caso do tríplex", completou.

Vagner Freitas, presidente nacional da CUT, também compareceu ao ato. "Não tem nada a ver com justiça o que foi feito hoje. Foi apenas a tentativa de impedir Lula de disputar a presidência. Eles sabem que Lula será eleito pelo povo brasileiro. Temos que dar respostas políticas. Devemos fazer uma campanha para que o PT lance 'amanhã' a campanha para Lula presidente. Brasil, urgente, Lula presidente! Essa é a nossa resposta."

Guilherme Boulos, coordenador nacional do MTST, contou ter conversado hoje com o presidente Lula, que saudou o ato. "É escandaloso o que se consumou hoje, uma farsa judicial. Um juiz que sempre se comportou como acusador. A sentença que ele deu hoje apenas consumou o absurdo. Não é admissível condenação sem provas. Se querem tirar o Lula, que tirem no voto, e não no tapetão. É mais um de tantos golpes de nossa democracia capenga. Por isso, é importante resistir", pontuou.

Também esteve na manifestação a ex-ministra da Secretaria de Políticas Públicas para Mulheres Eleonora Menicucci. "Essa condenação representa a consolidação do golpe que sofremos em 2016", disse, em referência ao processo que culminou no impeachment da presidenta eleita em 2014, Dilma Rousseff (PT). "O golpe não foi contra a presidenta, foi contra um projeto que tem o Lula como maior liderança. Ele simboliza o maior perigo para as elites nacionais e multinacionais, porque ele representa os pobres e a inclusão social", completou.

"O golpe não teria sentido sem impedir o Lula de se candidatar em 2018. Eles não têm o interesse em prendê-lo, apenas em impedir sua candidatura. Mas não haverá democracia no nosso país se cassarem esse direito do Lula", apontou a ex-ministra. Eleonora também lembrou da aprovação da reforma trabalhista no Senado, ontem. Para ela, a sentença também serve ao propósito de desviar o foco da opinião pública do que chamou de "fim da CLT".

Por fim, Eleonora disse acreditar que a sentença de Moro contra Lula será revertida. "Minha expectativa é pela sua absolvição na segunda instância. Já tem jurisprudência no Tribunal Regional Federal da 4ª Região que inocentou o João Vaccari", afirmou, referindo-se ao ex-tesoureiro do PT. "Então (a condenação de Lula) só serviu para desviar a atenção", concluiu.

Para o fundador da Gaviões da Fiel, torcida organizada do Corinthians, Chico Malfitani, a condenação do ex-presidente carece de materialidade. "Temos que clamar por justiça. É o que falta. Isso só prova que temos um Judiciário parcial e partidário. Aonde está o Ministério Público para investigar o ladrão de merendas, as fraudes nas privatizações e a corrupção no Metrô de São Paulo? Parece que nosso estado é um mar de honestidade. Não tem processo nenhum aqui."

"Tem contas de tucanos no exterior, malas de dinheiro. Mas tem contas no exterior do Lula? Tem alguma acusação com fundamento? Se tivesse, tudo bem. Mas condená-lo só para ele não poder se candidatar em 2018 é gritante. Aos poucos a população vai percebendo. Do outro lado estão todos soltos, olha o Aécio Neves. Estão destruindo o país e quem está pagando o pato da Fiesp é o povo", completou Malfitani.

Com reportagem de Gabriel Valery da Rede Brasil Atual