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Bahia: funcionários do Polo de Camaçari aguardam julgamento de passivo trabalhista que tramita na Justiça há mais de 20 anos

25 de Setembro de 2013

Geral

        Está previsto para hoje, dia 25, a retomada do julgamento da cláusula 4ª (RE 194.662), no Supremo Tribunal Federal, em Brasília....

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Está previsto para hoje, dia 25, a retomada do julgamento da cláusula 4ª (RE 194.662), no Supremo Tribunal Federal, em Brasília. Ex-funcionários do Polo de Camaçari aguardam o julgamento, a partir das 14h30, em um telão instalado na sede da entidade, em Salvador. Além disso, uma delegação, composta por dirigentes do Sindiquímica, ex-funcionários, demitidos e aposentados, viajou para Brasília para acompanhar o julgamento.

A cláusula 4ª é um passivo trabalhista que envolve centenas de trabalhadores e ex-trabalhadores do Polo de Camaçari. O processo tramita na justiça há mais de 23 anos. Em 2011, o STF adiou, por unanimidade, o julgamento da ação, através da solicitação dos sindicatos patronal (Sinpeq) e laboral (Sindiquímica), a fim de que negociações que estavam em curso pudessem ser finalizadas. A proposta foi aprovada por mais de 4 mil trabalhadores que se reuniram em assembleias, no Museu de Ciência e Tecnologia, e autorizaram o sindicato a fechar acordos por fábricas.

Várias empresas do Polo de Camaçari, a exemplo da Braskem, já quitaram o débito. Porém, outras fábricas como a Oxiteno, Elekeiroz, Graftech e Cristal só aceitam negociar o passivo após o julgamento no STF, frustrando os trabalhadores. Para pressionar essas grandes empresas, o Sindiquímica tem promovido greves e mobilizações, mas a pendência continua.

Até o momento o placar no STF está favorável aos trabalhadores (2x1).

Breve histórico da cláusula 4ª mostra anos de luta e

mobilização de trabalhadores e Sindicato

Em setembro de 1989, o Sindiquímica assinou, juntamente com os sindicatos patronais Sinper e Sinpaq, a 12ª Convenção Coletiva de Trabalho, com validade de um ano. A convenção previa, na cláusula 4ª, o pagamento de reajustes salariais mensais de 90% do IPC do mês anterior, independente da política salarial anterior que estava vigor, e estabelecia ainda que as diferenças deviam ser zeradas a cada trimestre. O patronato acabou desrespeitando a convenção que assinou e, desde março de 1990, vinha se recusando a pagar este passivo. Trabalhadores de diversas empresas entraram em greve reivindicando o seu direito. O patronato reagiu com demissões e convocou a Polícia Militar para coibir com violência o movimento.

O sindicato denunciou essa arbitrariedade na imprensa e, em junho desse mesmo ano, foi iniciada a campanha com o slogan “Estas Assinaturas Não Valem Nada!”. De lá para cá, muita coisa aconteceu, inclusive diversas vitórias dos trabalhadores na Justiça do Trabalho. O patrão sempre recorria para não pagar a sua dívida. A questão foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF) e se transformou em questão de honra para os trabalhadores e o sindicato.

Foram inúmeras as mobilizações que aconteceram durante todo este período: centenas de trabalhadores com direito ao passivo realizaram grandes manifestações na orla e no centro da cidade, e também lotaram estádios como o do Galícia e o de Pituaçu. Foram várias as mobilizações que aconteceram nas portas das empresas devedoras e também na BR 324 e Via Parafuso.

O Sindiquímica tem mantido o pagamento da cláusula 4ª como o principal ponto reivindicatório nas campanhas salariais e sempre esteve aberto à negociação. Nos últimos anos, a cláusula 4ª entrou em pauta no STF diversas vezes, sempre com pedidos de vista por parte dos ministros e adiamentos. O sindicato resolveu tencionar novamente e organizou uma série de mobilizações, inclusive acampando na porta da Braskem, que era então a maior devedora do passivo.

A pressão foi tanta que o patronato começou a apontar sinais de que poderia fazer um acordo. Há dois anos, algumas empresas apresentaram propostas e o sindicato convocou os trabalhadores. Foram realizadas grandes assembleias, que lotaram o Museu de Ciência e Tecnologia, quando os trabalhadores, aposentados e demitidos aprovaram um princípio para guiar todos os acordos que seriam fechados dali para frente. Diversas empresas já pagaram o passivo, outras se mantêm intransigentes e não aceitam negociar. O sindicato enviou cartas para todas as empresas devedoras solicitando reuniões para tratar o assunto e vem realizando mobilizações em todas as empresas que não aceitam pagar o passivo.