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Bahia: Trabalhadores petroquímicos estão rejeitando proposta patronal de reajuste salarial parcelado

16 de Setembro de 2015

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Na Bahia, na última rodada de negociação, na sexta-feira passada (11), o Sinpeq (sindicato patronal) inovou ao oferecer reajuste salarial parcelado em duas vezes aos trabalhadores petroquímicos, fixando um teto sobre esses reajustes. O Sindicato do Ramo Químico da Bahia (Sindiquímica), entidade que representa a categoria, rejeitou a proposta na mesa de negociação.

Desde ontem, os petroquímicos baianos participam de assembleias e também estão rejeitando a proposta por unanimidade. Ontem, funcionários do turno e administrativo de várias empresas do Polo, como a Braskem, Elekeiroz participaram dessas assembleias. Na madrugada desta terça-feira também foi realizada uma assembleia com o pessoal de turno.

Segundo a proposta apresentada pelo Sinpeq, nos salários de agosto, a partir de setembro, será aplicado um reajuste salarial de 4,83% para quem tem salário base até R$ 6.938,62. Os salários acima deste valor teriam um reajuste no valor fixo de R$ 335,14. Em março de 2016, o patronato aplicará o restante da perda inflacionária de 4,82% sobre os salários de fevereiro de 2016, até o valor de R$ 7.273,06, sem retroativo a setembro. Os salários acima deste valor receberiam um complemento de reajuste no valor de R$ 350,56, também sem retroativo.

“Ano passado, ficamos sem assinar a Convenção Coletiva porque o patronato abandonou a mesa de negociação no meio da campanha salarial, agora em 2015 o Sinpeq apresenta uma proposta como essa de parcelar o reajuste salarial, o que implica em perdas econômicas para os trabalhadores”, explica o diretor do Sindiquímica, Carlos Itaparica.  Além disso, as empresas, na negociação anterior, no dia 28 de agosto, já tinham negado o restante da pauta que trata das cláusulas sociais e de saúde e segurança.

Na próxima rodada de negociação que acontecerá nesta quinta-feira (17), às 8h, no prédio da Federação das Indústrias da Bahia (FIEB), o Sindiquímica vai apresentar a rejeição da categoria à proposta patronal e uma nova contraproposta a ser negociada. Se não houver avanços, os petroquímicos baianos ameaçam entrar em greve.

A categoria reivindica reajuste salarial de 15%, sendo que 1% corresponde ao retroativo do mês de setembro de 2014 e 13,85% de reajuste a partir de setembro de 2015 para todos os salários. Além das cláusulas econômicas, o Sindiquímica propõe para o ano que vem a campanha salarial nacional, assim como acontece com outras grandes categorias com data base no segundo semestre, como bancários e petroleiros.

Leia aqui o Especial Econômico GRAVE, do Sindiquímica Bahia

Que Crise? Enquanto alguns choram outros vendem lenços

O horizonte vislumbrado no mercado petroquímico é globalizado. Os custos, preços, margens, demanda e oferta são elementos ditados pelo mercado mundial e indexados pela moeda americana, como referência. Apesar da queda da demanda interna, os volumes de venda e produção acompanharam o mercado global e permitiu que a Braskem, maior empresa petroquímica brasileira, gerasse um lucro de R$ 1,055 bilhão no segundo trimestre de 2015, uma expansão de 748% em relação ao lucro líquido de R$ 124 milhões reportados no mesmo período do ano passado. Outras empresas do setor, como a Oxiteno, Elekeiroz, também registraram lucros no mesmo período.

A produção atualmente está em carga máxima nos crackers (1ª geração), locomotiva do setor na oferta de matérias-primas para 2ª geração, e acompanhada com a redução do valor da nafta e da eficiente mão-de-obra resultaram em produtividade excelente para o primeiro semestre.

A desvalorização da moeda doméstica é um capitulo a parte, se em parte alimenta a inflação, esta situação permitiu aos produtores petroquímicos ofertarem a preços competitivos no mercado internacional, num momento que a economia brasileira reduz parte de sua demanda. 

Na última rodada de negociação, no dia 11/09, o patronato ofertou um reajuste de forma parcelada, abaixo da inflação, mas para o corpo de executivos da Braskem, os acionistas já reajustaram os salários em média de 23,19% das maiores lideranças da empresa.

A lógica do patronato trabalha com dois pesos e duas medidas. Para os executivos tudo e para os trabalhadores, que são o maior patrimônio das empresas, nada.