Benzeno mata: Ramo Químico ocupa o Senado e enfrenta o lobby patronal em defesa da vida
10 de Novembro de 2025
Saúde
Em audiência pública, dirigentes levaram ciência, verdade e experiência de chão de fábrica para desmontar o discurso que prioriza o lucro sobre a saúde
O Ramo Químico da CUT teve papel central na audiência pública realizada nesta segunda-feira (10/11) no Senado Federal, que debateu os riscos da exposição de trabalhadoras e trabalhadores ao benzeno — uma substância reconhecidamente cancerígena e letal.
A atividade, convocada pelo senador Paulo Paim (PT-RS), foi marcada por uma forte presença sindical e por duras críticas à tentativa do setor empresarial de substituir o Valor de Referência Tecnológico (VRT) — em vigor desde 1995 — pelo Limite de Exposição Ocupacional (LEO), que, na prática, reintroduz a ideia de “tolerância” à exposição.
O posicionamento das lideranças do Ramo Químico, acompanhado por especialistas presentes, foi unânime: não há limite seguro para o benzeno.
Compromisso histórico
Representando a Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ-CUT), o secretário de Saúde da entidade e dirigente do Sindipetro-NF, Antônio Carlos “Bahia”, emocionou os presentes ao cobrar rigor na fiscalização relatar o sofrimento de companheiros adoecidos e exigir ações concretas de proteção à saúde.
“Eu não gostaria de ter que usar essa casa pra pedir ajuda. O que eu gostaria é que os parlamentares tivessem ciência do que a gente está passando sem a gente precisar gritar — porque a gente está gritando”, disse o dirigente, sendo aplaudido por dezenas de trabalhadores que lembraram nomes de colegas vitimados pelo benzeno.
Defesa das comissões permanentes
O dirigente Gerson Cardoso, do Sindipolo-RS, apontou a contradição de setores do próprio governo que vêm endossando a pauta patronal nas discussões da Comissão Nacional do Benzeno.
Ele destacou ainda a urgência da retomada das comissões nacionais e estaduais permanentes do Benzeno, desarticuladas durante o governo Bolsonaro, e alertou para a necessidade de reestabelecer o diálogo tripartite que garantiu avanços históricos nas últimas décadas.
Lucro não vale a vida
A presidenta do Sindipolo-RS, Miriam Cabreira, reforçou a denúncia sobre as condições precárias enfrentadas pelos trabalhadores expostos. Ela desmontou o discurso empresarial de que exames periódicos garantem segurança: “Detectar a queda de plaquetas não evita que o trabalhador já adoecido recupere sua saúde. O que precisamos é de prevenção e de respeito à vida.”
O secretário da Regional Sul da CNQ e dirigente da FUP, Anderson Medeiros, e o companheiro Ivonei Arns, dirigente da CNQ, acompanharam a audiência presencialmente. Também esteve presente o coordenador-geral da FETQUIM, Joel Santana, reforçando a unidade entre as representações do Ramo Químico e a importância de manter a mobilização em torno da defesa do VRT.
A audiência na Comissão de Assuntos Sociais do Senado foi considerada um marco na luta pela manutenção das conquistas históricas da classe trabalhadora e na resistência ao retrocesso que ameaça a saúde e a vida de quem trabalha em atividades com risco de exposição ao benzeno.





