Brasil contra o golpe: milhares de manifestantes foram às ruas neste 31 de março
01 de Abril de 2016
Brasil
Este 31 de março foi um dia muito importante para o Brasil. Há exatos 52 anos da Ditadura militar, milhares de brasileiros tomas às ruas em 25 estados para gritar: Não vai ter golpe! Vai ter luta!
Desde as manifestações do dia 18, as ações começaram a pipocar por todos os lados, envolvendo movimentos sociais, partidos de esquerda, pastorais, estudantes, torcida organizada de times de futebol, igrejas evangélicas, artistas populares, intelectuais, juristas. Toda a diversidade da sociedade brasileira que tem fortíssimo compromisso com a democracia e com o Estado de Direito está se pronunciando contra o golpe que significa o impeachment da presidenta Dilma.
As manifestações, que ocorreram em todos os estados e no Distrito Federal, também remetem aos 52 anos do golpe civil-militar que derrubou o governo João Goulart e iniciou um período de ditadura do qual o país só sairia a partir de 1985. O ato realizado na Praça da Sé, na região central de São Paulo, fez lembrar o comício das Diretas Já, em 25 de janeiro de 1984, quando se pedia o restabelecimento das eleições para presidente da República – o que só ocorreria em 1989. Denominado “Canto pela Democracia”, o ato reuniu mais de 50 mil pessoas na Praça da Sé.
Um dos principais protestos ocorreu no Distrito Federal, onde segundo os organizadores 100 mil pessoas ocuparam a Esplanada dos Ministérios. Grupos saíram de vários lugares da capital e fizeram passeata até a frente do Congresso Nacional.
Em São Paulo, várias intervenções lembravam que a mudança de governo favoreceria interesses econômicos em prejuízo dos trabalhadores. "Não vamos reconhecer o ilegítimo mandato presidencial conquistado por meio de um golpe. (Michel) Temer representa ataques aos direitos trabalhistas, avanço da terceirização, fim das políticas sociais. Por isso banqueiros, empresários e conglomerados de mídia o apoiam”, afirmou o presidente da CUT no estado, Douglas Izzo, referindo-se ao vice de Dilma, cujo partido, o PMDB, decidiu "desembarcar" do governo.
Outros estados
No Ceará, a Polícia Militar estimou em 10 mil o número de manifestantes em Fortaleza. A concentração começou na Praça da Bandeira. Depois, uma caminhada percorreu as ruas do centro até chegar à praça do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, na Praia de Iracema, próximo à orla da Beira Mar.
Em Porto Alegre, também houve críticas ao PMDB, destacando o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, e o vice-presidente da República, Michel Temer. Concentrados no centro histórico da capital gaúcha, manifestantes criticaram ainda o juiz federal Sérgio Moro.
No centro de Salvador, manifestantes cantaram músicas como Cálice, de Chico Buarque e Gilberto Gil, canção censurada em 1973, durante a ditadura. Em um trio elétrico, uma banda cantava músicas que remetiam àquele período.
Exterior
Vários países também tiveram manifestações contra o impeachment, nas Américas do Sul e do Norte, além da Europa. Em Buenos Aires, pelo menos 150 argentinos e brasileiros marcharam pelo centro, tendo como ponto de encontro a embaixada do Brasil. Militantes da Frente Para a Vitoria (da ex-presidenta Cristina Kirchner) entregaram uma carta de apoio a Dilma e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mudanças na economia
Os setores da sociedade contrários ao impeachment, que identificam nesse processo uma tentativa de golpe para derrubar um governo legitimamente eleito e que não cometeu crime de responsabilidade, reuniram centenas de milhares de pessoas pelo país hoje (31), para mostrar que nem todos são favoráveis à retirada da presidenta Dilma Rousseff. Embora façam críticas ao governo e suas políticas, esses movimentos defendem a legalidade e a normalidade democrática, ao mesmo tempo em que cobram medidas para recuperar a atividade econômica e retomar o crescimento. A pauta da Frente Brasil Popular e da Frente Povo sem Medo era clara: em defesa da democracia e dos direitos trabalhistas, contra o golpe e por outra política econômica.
Com informações da Redação RBA e agências