Brasil Metalúrgico discute impactos da GM sobre diversas cadeias produtivas
04 de Fevereiro de 2019
Setoriais
A luta na GM é a luta de todos nós
O Movimento Brasil Metalúrgico, que reúne sindicalistas de todo o País e congrega as centrais sindicais Força Sindical, CUT, intersindical, CTB, CSP-Conlutas, UGT, se reuniu na sexta-feira (1º) no Palácio dos Trabalhadores, em São Paulo, para definir um plano de reação às ameaças de retirada de direitos trabalhistas e fechamento de plantas feitas pela montadora General Motors (GM) no início deste ano.
O encontro debateu os impactos da chantagem que a GM vem promovendo não só no Brasil como também nos EUA e no Canadá ao anunciar o fechamento de unidades de produção nestes três países.
Segundo pesquisa da UAW, 30%da produção da GM é feita no exterior. Maior parte disso é vem do México, onde os trabalhadores recebem de 1 a 3 dólares por hora e não tem sindicato. “Fica difícil para o Brasil e para os EUA igualarem o valor da mão de obra com o México”, completou Kristyne Peter, diretora para Relações Institucionais da UAW.
Wagner Santana, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, filiado à CUT, destacou que a situação econômica da GM no Brasil não justifica a chantagem. “Esta ação da GM atinge e se espalha por toda a categoria, aqueles que serão afetados diretamente e outros indiretamente”.
Unidade, identidade de classe e solidariedade
Airton Cano, coordenador político da Fetquim/CUT, lembrou que a luta dos metalúrgicos é também dos químicos. “Este evento mostra que o Brasil Metalúrgico é dos vidreiros, petroleiros, químicos, plásticos, borracheiros...temos que buscar a unidade e a solidariedade”, destacou.
Para o presidente da Federação Única dos Metalúrgicos da CUT (FEM-CUT), Luiz Carlos da Silva, o Luizão, o que a GM anuncia agora é reflexo da reforma trabalhista. “Se não tivermos consciência disso talvez não consigamos a unidade pretendida”. “A primeira ação que nós temos que ter definida neste grupo é reverter a lógica que a GM implantou. É um momento de identidade, de unidade de classe, resistência e de ganhar a opinião pública diante da perda de direitos e do fechamento de fábricas”.
Entre os 28 itens apresentados pela GM ao sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (SP), estão: a redução do piso salarial de R$ 2,3 mil para R$ 1,6 mil, o fim da estabilidade de emprego dos trabalhadores com lesão ocupacional ou acidente de trabalho, além da mudança no sistema de banco de horas e flexibilização da jornada de trabalho – com a implantação da categoria 12×36 – e fim do transporte fretado.
Mobilização internacional
Para Kristyne Peter, diretora para Relações Institucionais da UAW, nos EUA, “a GM está tentando fazer terrorismo psicológico contra os trabalhadores nos EUA, Canadá e Brasil, tentou fazer na Coreia do Sul, mas lá não funcionou”.
Valter Sanches , secretário-geral da IndustriALL Global Union e primeiro metalúrgico a ocupar o cargo, disse que a GM está chantageando os sindicatos. “Vamos coordenar a luta com os sindicatos do Canadá e EUA e prestar solidariedade neste momento. Se a moda pega será uma sequência de empresas querendo colocar esse tipo de pressão. A Mercedez Benz já disse publicamente que este é o caminho. Vamos colocar os sindicatos do mundo inteiro contra esta chantagem”, garantiu.
Para saber mais sobre a chantagem da GM sobre o Brasil, EUA e Canadá clique aqui.