Carmem Foro: “Não existe heroína sozinha. O que nos dá força é estarmos juntas e organizadas”
01 de Março de 2016
Mulheres
Vice-presidenta da CUT abriu a reunião do Coletivo de Mulheres da CNQ falando sobre a necessidade da organização para empoderamento das trabalhadoras
Mulheres do ramo químico de vários estados compareceram à reunião ampliada da Secretaria da Mulher Trabalhadora da CNQ-CUT, realizada nesta terça-feira, 01 de março, na capital paulista, e tiveram a oportunidade de uma rica discussão com a vice-presidenta da CUT, Carmem Foro, sobre a importância da organização das mulheres desde o local de trabalho para seu empoderamento em todos os espaços da sociedade.
“Ninguém segura quando as mulheres se juntam”, afirmou Carmem, que iniciou sua fala contando um pouco da história do movimento das mulheres dentro da CUT, suas dificuldades e seus avanços como a criação da comissão e agora secretaria da mulher; as cotas e agora a paridade. “Entre a fundação da CUT e essa chegada a paridade há muita história, uma linda história de mulheres do campo, da cidade, com experiências vivas de organização”, disse.
Carmem destacou que essas experiências das mulheres cutistas tornaram-se referência nacional e internacional no debate de cotas, de políticas afirmativas e de uma plataforma das mulheres. “Não existe heroína sozinha. O que nos dá força é estarmos juntas e organizadas”, destacou a dirigente.
A crise e os desafios
Quais os desafios agora? Carmem responde de forma objetiva: “O grande desafio é empoderar as mulheres. Se a gente não tiver empoderada nos espaços não vamos conseguir fazer a nossa própria organização e o gancho para isso é a paridade”. E completou: “Nunca foi nos dado nada. Tudo foi conquistado. Conseguimos um nível de empoderamento importante, como a Lucineide Varjão na presidência da CNQ, eu na vice-presidência da CUT e outras companheiras também ocupando espaços de poder nas instâncias da Central”.
Sobre a situação política e econômica do País, Carmem pontuou que a crise econômica é internacional, é uma crise do capitalismo, que busca resolver os problemas explorando ainda mais os trabalhadores, sendo os jovens e as mulheres os mais afetados pelo desemprego, subemprego e precarização.
“O Brasil não está fora disso tudo. As áreas mais afetadas são a indústria e a construção. O governo fez uma escolha da política econômica, que é contestada por nós: juros alto e recessão, esse caminho não nos levará a sair da crise”, afirmou. “Junto a isso, temos ataques ferozes da oposição. Sabem que eles não têm lideranças e por isso querem destruir a nossa liderança, que é o Lula. A mídia se comporta como fascista, que nos leva a acreditar que a história do sítio e do tríplex são verdades. Para ela, apagar a história do Lula é apagar a nossa história. Destruir Lula é destruir cada um de nós”.
Coletivo de Mulheres da CNQ
A reunião ampliada da Secretaria da Mulher Trabalhadora da CNQ teve como objetivo o fortalecimento do Coletivo de Mulheres da CNQ a partir de um balanço do Projeto da CNQ, AFL-CIO e FES, que durou dois anos, para construir e organizar a paridade para dentro dos sindicatos e das confederações.
"A partir desse projeto várias companheiras químicas começaram a ocupar os espaços e direções dos sindicatos", destacou a coordenadora da Secretaria da Mulher Trabalhadora da CNQ, Lucimar Rodrigues.
A presidenta da CNQ, Lucineide Varjão, que participou de toda a atividade, manifestou seu contentamento com a grande participação das mulheres do ramo na reunião.
"Temos aqui petroleiras, vidreiras, químicas e trabalhadoras da indústria farmacêutica, minérios, plástico, papel e cosméticos. Estamos numa conjuntura dificíl, com demissões e ataques aos direitos das mulheres, portanto temos muito pra debater e organizar. Além disso, temos o grande desafio de construir a paridade dentro da CNQ. Precisamos nos organizar para ocupar de fato e de direito nosso espaço no ramo químico", pontuou.
As participantes também discutiram ações nos sindicatos, buscando fortalecer o Coletivo para atingir a meta da paridade no próximo congresso da CNQ, que será no ano que vem.
Na avaliação final, todas afirmaram que saíram fortalecidas da atividade. A troca de informações mostrou que elas passam por dificuldades semelhantes nas direções dos sindicatos, e as palavras de Carmem Foro as estimularam a manter o caminho da luta pelo empoderamento das mulheres em toda a sociedade, inclusive nas direções das entidades sindicais.
Para todas elas, é importante ocupar os espaços e ocupá-los com qualidade.