CNQ recebe visita de dirigentes sindicais químicos da Turquia
03 de Julho de 2018
Internacional
Delegação está em São Paulo para nova etapa do acordo de cooperação com o Sindicato dos Químicos do ABC
Uma delegação de dirigentes do Sindicato dos Químicos da Turquia (Petrol-Is) está em São Paulo para mais uma etapa do intercâmbio de cooperação internacional com o Sindicato dos Químicos do ABC, e na tarde desta terça-feira eles visitaram a sede da CNQ-CUT e da Fetquim-SP para conhecerem um pouco da organização sindical do ramo químico no Brasil.
Mustafa Mesut Tekik, secretário geral de organização e formação Sindical; Unal Akbulut, secretário geral de administração; e Erhan Kaplan, responsável pela Formação Sindical do Petrol-Is vieram acompanhados do assessor de políticas públicas e sociais do Sindicato dos Químicos do ABC, Nilton Freitas, e foram recebidos pela presidenta da CNQ, Lucineide Varjão, e pelo coordenador político da Fetquim, Aírton Cano.
Petrol-Is é um sindicato nacional, que representa trabalhadores dos setores petróleo, gás, químico, borracha, farmacêutica, peças automotivas, fertilizantes e explosivos. Tem 16 sub-regionais, localizadas nas principais cidades turcas. A entidade foi criada há 68 anos, em 1950, e hoje tem 32 mil associados (cerca de 15% da base) e organizado em 100 empresas. No ramo químico da Turquia há outro sindical nacional, o do setor plástico, com 10 mil associados.
Semelhanças
Na conversa na sede da CNQ, os dirigentes turcos destacaram as muitas semelhanças entre os dois países, seja nos fatos políticos quanto nas dificuldades diante da globalização e enfrentamento aos ataques neoliberais.
Explicaram que, na base do Petrol-Is, até o ano 2000, três em cada quatro trabalhadores estavam no setor público e hoje, como consequência das privatizações, essa relação se inverteu: de cada 5 trabalhadores, quatro estão no setor privado.
Na Turquia também há uma empresa estatal semelhante à Petrobras, mas de todo petróleo consumido no país, só 10% é produzido no país. Durante os governos Lula/Dilma essa empresa assinou acordo de cooperação com a Petrobras para a exploração no Mar Negro.
É o setor de petróleo também o mais é afetado pelas novas tecnologias, primeiro com um grande número de demissões, depois com a extinção de postos de trabalho e atualmente com a precarização, resultante da terceirização e subcontratação, que apresentam condições de trabalho semelhante à escravidão.
Mulheres de luta
Assim como no Brasil, alguns setores representados pelo Petrol-Is empregam mais mulheres, como cosméticos e a indústria farmacêutica. Na Turquia estão presentes as grandes multinacionais como Bayer, Sandoz/Novartis, Sanofi Aventis, além de algumas empresas nacionais.
Eles contam que é o setor mais difícil de sindicalizar pela forma como as empresas estão organizadas, comparando essa organização como uma boneca matrioska (uma dentro das outras). Em uma dessas empresas, a Flormar/Yves Rocher, as trabalhadoras estão há 50 dias em luta pela reintegração de 125 companheiras e pelo direito à sindicalização. Uma mobilização que conta com o apoio de movimentos de mulheres na França e Alemanha.
“Isso é a globalização, é a influência da política neoliberal. O futuro está em nossas mãos se soubermos compreender e estarmos organizados, como estamos”, afirmou Mustafá.
Solidariedade
A presidenta da CNQ abordou os problemas hoje enfrentados pelo ramo químico, como o desmonte da Petrobras, a venda de parte da estatal aos EUA e China e os desafios da precarização cada vez mais presente nas relações de trabalho.
“Foi um diálogo muito enriquecedor. Agradeço imensamente a visita dos companheiros e a CNQ está à disposição para um intercâmbio de informações no setor farmacêutico, por exemplo, e aproximação entre os dirigentes para a solidariedade internacional”, pontuou Lucineide Varjão.
Seminário
Na próxima quinta-feira, 5 de julho, será realizado na sede do Sindicato dos Químicos do ABC, em Santo André, um seminário conjunto para dialogo sobre temas como o golpe no Brasil e a tentativa de golpe na Turquia, a situação política nos dois países e quais as perspectivas para os trabalhadores.