Coletivo de Mulheres se reúne para discutir retrocessos nas políticas anti-aborto
03 de Outubro de 2019
Mulheres
'Não somos a favor do aborto e sim da descriminalização do aborto!'
O coletivo de Mulheres da CNQ/CUT esteve reunido na manhã desta quarta-feira (2/10), em SP, para discutir as ameaças de retrocesso nas políticas sociais anti-aborto e a necessidade mais que urgente de mobilização das trabalhadoras do ramo químico, borracheiro, papeleiro, vidreiro, petroleiro e farmacêutico, entre outras.
Durante a reunião foram analisados o PL2574/19, do senador Flávio Arns (Rede/PR) - que quer proibir o aborto em casos de má formação congênita - e no caso da cidade de SP, do projeto de lei do vereador Fernando Holiday (DEM) - que quer transferir à Justiça a responsabilidade pelo consentimento ou não dos casos de abortamento sem penalidade criminal.
A secretária da Mulher da CNQ/CUT, Lucimar Rodrigues, apresentou um vídeo com um debate entre o vereador Holiday e a veredadora do PT, Juliana Cardoso, ao Jornal da Gazeta. Holiday havia apresentado uma versão ainda pior do projeto no qual previa internação de 15 dias para mulheres que decidiram abortar. "Com a forte pressão social, teve que mudar, o que demonstra que a luta é urgente, necessária e eficaz para a garantia dos direitos das mulheres sobre seus próprios corpos", disse ela.
A secretária- adjunta de Combate ao Racismo da CUT nacional, Rosana Sousa Fernandes, lembrou que "a criminalização do aborto é uma forma de manter o homem no poder e uma violência contra a mulher e a autonomia do corpo". E reforçou que quem morre pela prática de abortos clandestinos são as mulheres negras e pobres.
Ter ou não ter filhos: eis a questão
Ivonete Pereira Cesar, dos Vidreiros SP e da CNQ/CUT, relatou o preconceito que passou na fábrica onde trabalhava quando optou por não ter mais filhos. Após fazer laqueadura foi vítima de muita chacota dos homens. "Eles diziam: agora sim você tá boa (referindo-se ao risco zero de gravidez). Até hoje quando vou lá as pessoas me falam: você não é a moça da laqueadura? E eu estou com 65 anos", contou.
As participantes compartilharam da dor da companheira e dos desafios de ser mulher dentro do movimento sindical.
Ao final do encontro foi decidido que a CNQ/CUT fará um documento se posicionando sobre o significado destas medidas de retrocesso para a classe trabalhadora.
"As mulheres da CNQ reforçam "não somos a favor do aborto e sim da descriminalização do aborto!", concluíram as participantes.