Combate à precarização: uma tarefa de toda a classe trabalhadora
03 de Outubro de 2013
Internacional
Em 7 de outubro, vamos nos somar a trabalhadores (as) de todo o mundo no Dia Internacional de Combate ao Trabalho Precário Em...
Em 7 de outubro, vamos nos somar a trabalhadores (as) de todo
o mundo no Dia Internacional de Combate ao Trabalho Precário
Em pleno século XXI, com inovações tecnológicas que transpõem barreiras e facilitam a vida da população, ainda somos surpreendidos com notícias de situações desumanas de trabalho, que afrontam a dignidade humana e que lembram o período medieval da história. Em vários setores da economia, trabalhadores e trabalhadoras são submetidos a condições degradantes para desempenhar suas funções, o que mostra a face mais perversa da lógica empresarial do lucro a qualquer preço.
Mesmo com todo o esforço das entidades sindicais, ainda constatamos que no ramo industrial brasileiro há trabalho análogo à escravidão em setores como o do vestuário e da construção civil. Se esta é a situação extrema do aviltamento das relações capital-trabalho, nestes e nos segmentos de alimentação, químico e metalúrgico há condições cotidianas inadmissíveis para o mundo atual, como o risco constante de acidentes (até mesmo fatais) e de doenças profissionais.
Junto com esses riscos, outros fatores também contribuem para degradar as condições de trabalho, como a rotatividade da mão de obra e a terceirização. Estes dois expedientes são largamente utilizados pelas empresas para pagar salários inferiores e para tentar evitar a organização sindical no local de trabalho.
Por isso, as entidades nacionais dos trabalhadores da CUT do ramo industrial estão à frente, no Brasil, da Campanha Mundial de Combate ao Trabalho Precário, deflagrada pela IndustriALL Global Union, organização internacional que representa diversas categorias profissionais.
Esta Campanha ganha importância ainda maior no momento atual, quando a classe trabalhadora brasileira se depara com o desafio de barrar a tramitação do Projeto de Lei 4.330 na Câmara dos Deputados.
O PL permite a terceirização em qualquer setor de uma empresa e, se aprovado, pode representar até mesmo o fim das categorias profissionais e, por consequência, de todas as suas conquistas, como salário, jornada e benefícios sociais. Ou seja, vai consolidar a precarização no trabalho em nosso país e intensificar as práticas antissindicais do empresariado.
Ao assumirem a Campanha da IndustriALL, as confederações cutistas convocam os (as) trabalhadores (as) da alimentação, do vestuário, da construção civil, metalúrgicos e químicos a se unirem aos trabalhadores e trabalhadoras de todo o mundo em 7 de outubro, no Dia Mundial de Combate ao Trabalho Precário.
Nessa data, vamos mostrar que não admitiremos que a classe trabalhadora seja submetida à degradação em seu cotidiano na fábrica e vamos dar continuidade à luta por nossos direitos, por emprego decente e justiça para os verdadeiros responsáveis pelo desenvolvimento econômico, aqui ou em qualquer outra parte do mundo.
• CNQ – Confederação Nacional do Ramo Químico da CUT
• CNM – Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT
• CNTV – Confederação Nacional dos Trabalhadores do Vestuário da CUT
• CONTAC – Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação, Agroindústria, Cooperativas de Cereais e Assalariados Rurais da CUT
• CONTICOM – Confederação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira da CUT
Ramo químico: em defesa do trabalho decente
Integrantes de um segmento estratégico da economia nacional – cujo faturamento corresponde a 18% do PIB (Produto Interno Bruto) –, os trabalhadores do ramo químico enfrentam os efeitos de políticas patronais que investem em estratégias para ampliar lucros:
● Estudo do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócioeconômico) sobre rotatividade no ramo químico revela: os trabalhadores desligados no setor químico em 2011 somaram 858,9 mil (desse total, na indústria plástica foram 179,3 mil desligados em 2011). Um índice confirma o descarte da mão de obra como ação premeditada para manter os baixos salários: 62,9% dos trabalhadores desligados tinham menos de um ano de trabalho na empresa que os demitiu. Ou seja, mais da metade da categoria foi substituída em apenas um ano.
● Embora identificada desde a década de 1980, foi a partir dos anos 90 que se ampliou a prática da terceirização em vários segmentos do ramo químico. Se no início era predominante em atividades como limpeza, restaurante, vigilância, auxiliar de produção, atualmente a terceirização está disseminada em várias atividades dentro das empresas. Essa investida tem causado: precariedade nas relações de trabalho, desrespeito aos direitos trabalhistas históricos, ruptura da identidade de classe, práticas antissindicais e um rastro de mortes, amputações, doenças e acidentes ambientais.
Dados da FUP (Federação Única dos Petroleiros), por exemplo, denunciam que as empresas petrolíferas não têm escrúpulos em terceirizar sem qualquer compromisso com saúde e segurança. Desde 1995, pelo menos 329 petroleiros morreram em acidentes de trabalho no Sistema Petrobras, dos quais 265 eram contratados de empresas privadas. A cada dez mortos, oito são terceirizados. No caso das petrolíferas privadas, a situação é ainda pior, já que todas as plataformas são terceirizadas.
O setor de minérios também esconde uma realidade degradante em algumas regiões. É o caso das minas de gipsita (gesso) em Pernambuco que, sob a guarda de uma multinacional, mantêm trabalhadores sob sol escaldante manipulando pesadas marretas utilizadas na moagem das pedras. Com estafantes jornadas e sem qualquer proteção ou treinamento, os terceirizados ainda são pressionados com metas de produção para receber o salário combinado. A atuação dos sindicatos tem sido fundamental para romper barreiras e distâncias regionais no combate ao trabalho precário e em defesa do trabalho decente.
7 de outubro - Em São Paulo
A CUT e as Confederações CUTistas reforçam o Ato Unificado da
JORNADA MUNDIAL PELO TRABALHO DECENTE
A partir das 10h
Concentração na Praça Osvaldo Cruz e caminhada rumo à FIESP,
Avenida Paulista
Manifestação e entrega da Pauta da Classe Trabalhadora
Leia também - convocação da CUT:
7 de outubro: em defesa do trabalho decente, CUT protesta em São Paulo.