Comitê Executivo da IndustriALL aprova greve geral de 14 de junho

A solidariedade global foi o tema central da reunião do Comitê Executivo da IndustriALL, em Bruxelas, realizado de 21 a 22 de maio. Como os direitos dos trabalhadores estão sob fortes ataques, os sindicatos em todo o mundo estão se unindo para construir seu poder sindical. Entre as resoluções aprovadas no encontro está o apoio ao movimento sindical brasileiro e à greve geral de 14 de junho.

 

"O ataque contra um é um ataque contra todos", definiu o presidente da IndustriALL Global Union, Jörg Hofmann, na abertura do encontro. "Precisamos ter certeza de que o maior número possível de pessoas se beneficie da solidariedade global, que sabemos que pode fazer a diferença em relação ao capital global".

 

Durante os dois dias de reunião, líderes sindicais globais discutiram uma resposta conjunta aos desafios futuros, em um mundo onde os regimes atacam opositores, seus cidadãos e sindicatos, como acontece no Brasil, na Argélia ou na Colômbia, onde o companheiro Igor Diaz, do Sintracarbón, está recebendo ameaças de morte.

 

Depoimentos no mundo

 

Os delegados ouviram um depoimento da USW Métallos no Canadá, cujos 1.000 integrantes em Bécancour, Québec, foram impedidos de trabalhar na fábrica da Alcoa por quase 17 meses depois que a empresa se recusou a negociar.

 

Os trabalhadores da Volkswagen em, Chattanooga, Tennessee, nos EUA, ainda estão tendo negado o direito de participar do sindicato, o que levou a IndustriALL a suspender um acordo global (GFA), pela primeira vez.

 

Confrontar o capital global é um objetivo estratégico e fundamental para o avanço dos direitos dos trabalhadores. Os 46 GFAs assinados por empresas multinacionais via IndustriALL são ferramentas importantes no desenvolvimento de relações industriais em nível global, como mostra o exemplo de como a GFA com a Solvay resolveu um problema sobre os bônus nas operações da empresa na Índia.

 

Atualmente, as negociações estão em andamento com uma grande empresa automobilística mundial sobre um acordo sobre o futuro do trabalho, proporcionando uma oportunidade para responder à enorme transformação no mundo do trabalho de modo a colocar a transição na agenda.

 

A Comissão Global da OIT sobre o Futuro do Trabalho examina como conseguir um melhor trabalho futuro para todos em um momento de mudanças sem precedentes. Os participantes compartilharam experiências e discutiram a necessidade de uma estratégia em nível global para o movimento trabalhista, já que nem todos os países são tecnologicamente avançados.

 

Reconhecendo a necessidade de trocar experiências, o Comitê Executivo endossou o trabalho de continuar a encorajar os afiliados a acompanharem o relatório da OIT e trabalhar com agências multilaterais para influenciar ações e decisões de membros da IndustriALL. E garantiu que:

 

- Está comprometida em buscar e exigir compromissos contratuais das empresas que lidam com a transformação da Indústria 4.0

 

- Está comprometida em continuar a oferecer conscientização e capacitação nos níveis regional e nacional, bem como setorial e de rede

 

- O guia sindical da IndustriALL para uma transição justa, focado em uma implementação que garanta o interesse dos trabalhadores, serviu  e servirá de base para uma discussão que levou a um compromisso com a troca de informações e expectativas para formar políticas sobre a transição justa e garantir que os trabalhadores tivessem o que dizer sobre o futuro de suas indústrias.

 

- A construção da união é uma parte vital dos esforços da IndustriALL para aumentar a organização e a construção do poder sindical. Em 2018, foram realizadas 768 atividades de capacitação, com um número impressionante de 23.000 participantes.

 

- Os projetos de construção da unidade alcançaram vitórias significativas, como o aumento da licença maternidade nas Filipinas.

 

- No Quênia, 135 comitês de saúde e segurança foram estabelecidos e treinaram trabalhadores em mais de 600 fábricas.

 

- O trabalho para aumentar a ratificação da convenção de Hong Kong está avançando, com a Turquia como mais recente aquisição. O número de países signatários  agora é nove.

 

- O Comitê Executivo aprovou afiliações de seis novos sindicatos, adicionando 224.000 novos membros, aumentando o poder de combate e provando que juntos somos mais fortes.

 

- O Comitê de Mulheres da IndustriALL está planejando uma Conferência da Mulher no final deste ano, em novembro. O Comitê Executivo reiterou seu apoio a uma Convenção da OIT sobre violência baseada no gênero, uma convenção pela qual IndustriALL está lutando em conjunto com outros sindicatos globais.

 

Mais de 100 sindicatos afiliados adotaram até agora o Compromisso da IndustriALL para acabar com a violência contra as mulheres no local de trabalho, uma campanha que continua.

 

Os dois grupos de trabalho do 3º Congresso da IndustriALL, realizados na Cidade do Cabo em outubro de 2020, iniciaram os preparativos para reunir os delegados sindicais de todo o mundo. O envolvimento de sindicatos afiliados será importante para propostas sobre o plano de ação, prioridades e estruturas da IndustriALL.

 

 O Comitê Executivo da IndustriALL adotou várias resoluções de solidariedade:

 

- Apoio ao movimento sindical brasileiro

 

A IndustriALL apoia a greve geral convocada pelas centrais sindicais brasileiras no dia 14 de junho, diante da deterioração da legislação trabalhista, dos direitos sociais e sindicais.

 

- Resolução sobre a Aquisição da Daewoo Shipbuilding e Marine Engineering na Hyundai Heavy Industries na Coréia do Sul

 

A IndustriALL está preocupada com a falta de transparência nas negociações sobre a fusão; restringir o comércio justo e a concorrência é uma ameaça significativa para os trabalhadores e sindicatos ao longo da cadeia de fornecimento da indústria de construção naval. E pede ao governo sul-coreano que pare a revisão da lei trabalhista regressiva e ratifique as principais convenções da OIT pois estes são os direitos humanos básicos para os trabalhadores, não a barganha de migalhas dos empregadores, e a IndustriALL desafia o governo sul-coreano a mostrar um sinal de compromisso.