Comunicação popular é instrumento de resistência ao golpe
13 de Dezembro de 2016
Comunicação
Imprensa sindical e alternativa devem construir diferentes narrativas para chegar aos trabalhadores
Os jornais já nasceram velhos neste cenário de política brasileira. Com esta afirmação, o analista político, Paulo Vanucchi, abriu o debate desta terça-feira (13), do 2º Encontro Estadual de Comunicação da CUT-SP, que hoje ocorre em São Bernardo do Campo.
Também representante da TVT, ele relata que nunca viu uma conjuntura tão desordeira num golpe que, para ele, é desprovido de argumentos e regado a ódio. “Neste momento, o papel dos dirigentes sindicais é muito importante, mais ainda o dos profissionais da comunicação, até porque o ano de 2017 pode não ser melhor do que 2016”, disse.
Para o coordenador da Rede Brasil Atual, Paulo Salvador, os sindicatos, federações e confederações devem se apropriar dos veículos de comunicação da esquerda construídos para garantir a disputa de narrativa e a democracia, a partir da pluralidade. “Queremos construir para a grande plataforma de mídia da classe trabalhadora, com questões voltadas aos direitos humanos”, afirmou.
Vanucchi desafiou sindicalistas e jornalistas de diferentes categorias da imprensa sindical a resistiram ao retrocesso de direitos.“O golpe consumado gera todo um processo de perda, de luto, que é uma associação necessária, psicanalítica. É importante entender este tempo, ter autocrítica, viver este luto. Por outro lado, nossa história mostrou que de uma grande derrota também nascem grandes vitórias. E elas virão”.
Conhecer para construir – Durante o dia, os participantes também farão uma visita guiada aos espaços da TVT para entenderem como funciona a dinâmica e a produção de conteúdo.
Em 2017, a secretária de Comunicação da CUT-SP, Adriana Magalhães, adianta que a Rede de Comunicadores será fortalecida. “Este encontro agora no final de 2016 nos servirá como norte para o próximo período. Debatemos, ouvimos os sindicatos, as propostas e, a partir disso, pretendemos ampliar nossa atuação em rede e fortalecer a construção de nossa pauta de esquerda que fala do mundo do trabalho”, explicitou.
Ao longo dos dois dias de encontro participaram comunicadores da imprensa sindical e sindicalistas metalúrgicos, bancários, químicos, professores da rede pública e privada, jornalistas profissionais, municipais, domésticas, trabalhadores da pesquisa, ciência e tecnologia, do comércio e serviços, da saúde, da Previdência, do sistema prisional, da seguridade social, rodoviários, do setor vestuário, confecções, enfermeiros, petroleiros, eletricitários, psicólogos e sociólogos.
Nota: Há exatos 45 anos, o Ato Institucional nº 5, AI-5, baixado em 13 de dezembro de 1968, durante o governo do general Costa e Silva, foi a expressão mais acabada da ditadura militar brasileira.