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CUT nas ruas no dia 18 de abril

13 de Abril de 2013

Geral

Por Desenvolvimento, Cidadania e Valorização do Trabalho                 Após colocar 50 mil pessoas em Brasília, em 6 de março...

Por Desenvolvimento, Cidadania e Valorização do Trabalho

 

cut nacional

 

 

 

 

 

 

 

Após colocar 50 mil pessoas em Brasília, em 6 de março, em uma marcha unificada ao lado das demais centrais sindicais, a CUT volta às ruas de todo o país para cobrar do governo federal e do Congresso uma resposta à pauta de reivindicações apresentada pela classe trabalhadora. 

A agenda de onze itens (leia abaixo) entregue ao governo federal ganha mais um eixo de luta: o combate ao PL 4330/2004, do deputado federal Sandro Mabel (PL-GO), que amplia a terceirização e precariza ainda mais os direitos dos trabalhadores.

Em defesa do desenvolvimento com mais e melhores salários e empregos e da manutenção e ampliação de direitos, dirigentes e militantes vão ocupar as ruas do país para que no dia 1º de Maio o governo respeite o compromisso de apresentar avanços concretos para quem sustenta o Brasil.

 

  • Redução da jornada para 40 horas semanais sem redução de salário
  • Fim do fator previdenciário

  • 10% do PIB para a educação

  • Negociação coletiva no setor público

  • Reforma agrária e política agrícola

  • 10% do orçamento da União para a saúde

  • Combate à demissão imotivada

  • Valorização das aposentadorias

  • Salário igual para trabalho igual

  • Mais investimento público

  • Correção da tabela do Imposto de Renda 

  • Não ao PL da terceirização de Sandro Mabel

 

40 horas horiz

 
 

 

 

Combate ao PL da terceirização

fará parte da agenda

Após comandar a Marcha das Centrais Sindicais e dos Movimentos Sociais e levar 50 mil pessoas às ruas de Brasília, a CUT voltará à pressão no dia 18 de abril numa mobilização nacional para destravar a pauta entregue ao governo e aos parlamentares.
Mais de um mês depois da manifestação, o diálogo com os dois poderes sobre os onze eixos da agenda de reivindicações pouco avançou. Exceção feita a um decreto firmando compromisso de regulamentar a Convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), sobre a negociação coletiva no setor público, o governo ainda não abriu negociações com o movimento sindical.
Presidente da CUT, Vagner Freitas destaca que a insatisfação é grande com o silêncio do Executivo. “Queremos acelerar as negociações, que não estão no ritmo desejado. Não abriremos mão de ter avanços concretos em relação à nossa pauta até o dia 1º de Maio”, destaca.

 

Luta contra a terceirização

Além dos eixos que integraram a agenda entregue na capital federal, entre eles, a redução da jornada para 40 horas semanais sem redução de salário e o fim do fator previdenciário, os trabalhadores irão lutar contra o substitutivo do deputado Roberto Santiago (PSD-SP) ao Projeto de Lei (PL) 4330/2004, de Sandro Mabel (PMDB-GO), que amplia a terceirização e torna a precarização das relações trabalhistas um grande negócio.
Aprovado em 2011 na Comissão de Trabalho da Câmara, o substitutivo já recebeu o aval do relator da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Artur Maia (PMDB-BA), e agora tramita em caráter terminativo, aguardando emendas. Uma vez votado, pode ir direto ao Senado ou, se houver recursos com 20% de assinaturas dos deputados, segue para a Câmara.
“Apesar de o deputado Artur Maia considerar constitucional, o texto é um flagrante inconstitucional, a começar pela não valorização do trabalho”, defende o secretário de Organização da Confederação dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), Miguel Pereira.  
Atualmente, a súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho proíbe a terceirização nas atividades-fim, a atividade principal de uma empresa, e admite nas atividades-meio, desde que sejam executadas por empresas especializadas. Na prática, muitas empresas não respeitam a legislação porque a precarização diminui custos.

 

Precarização total

Ao invés de solucionar, o substitutivo amplia o problema. Para começar, permite a terceirização também para atividades-fim, seja no setor público ou privado, exigindo apenas que prestadoras de serviço sejam especializadas na atividade. Consagra também o tratamento diferenciado entre trabalhadores diretos e terceirizados que exercem a mesma função e, consequentemente, ataca a organização sindical.
“A partir desse texto, será aplicado convenção ou acordo específico de cada categoria, descaracterizando toda a atuação sindical. Podemos ter bancários e metalúrgicos, por exemplo, contratados como prestadores de serviço e que não serão enquadrados dentro dessas atividades”, explica Pereira.
Além disso, o projeto mantém a determinação do PL de Mabel, que pratica responsabilização subsidiária. Nesses casos, mesmo que a prestadora de serviço não cumpra com as obrigações, o trabalhador não poderá processar a empresa contratante.
“Quando a responsabilidade é solidária, o trabalhador pode escolher quem processar, se a prestadora de serviços ou a tomadora, e isso é fundamental porque muitas terceirizadas somem sem pagar o que devem ou não têm patrimônio para garantir a execução. Isso, inclusive, faz com que a empresa pense em sua responsabilidade antes de terceirizar.”
Não bastassem esses retrocessos, o relatório de Santiago ressuscita ainda a figura da Emenda 3, projeto já derrotado pelo movimento sindical e permite a criação de empresas formadas por apenas uma pessoa. Assim, todo trabalhador pode ser pressionado para se tornar prestador de serviço, ao invés de contratado.
“O Congresso Nacional não pode, para corrigir questões não resolvidas no passado, como é o caso da terceirização, destruir todos os pilares da CLT e da Constituição Federal de proteção do trabalho e particularmente a organização futura da classe trabalhadora. As empresas apelarão para a terceirização para fugir dos sindicatos organizados”, acredita o dirigente da Contraf.

 

Terceirização: maior jornada, menor salário

Para a CUT, qualquer projeto que regulamente a terceirização deve ter como princípios básicos: o direito à informação prévia no caso da contratação de uma prestadora de serviços; proibição da prática nas atividades-fim; direitos, salários e benefícios iguais entre terceirizados e contratados; direitos e responsabilidade solidária entre tomadores e prestadores de serviços. Além de punição para as empresas infratoras.
Tamanha preocupação tem relação direta com os números que comprovam a precarização. De acordo com um estudo de 2011, da Central e do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o trabalhador terceirizado tem uma jornada de três horas a mais semanalmente, fica 2,6 anos a menos no emprego e ganha 27% a menos. Ainda de acordo com a pesquisa, a cada 10 acidentes de trabalho, oito ocorrem entre terceirizados.

A Secretária de Relações de Trabalho da CUT, Maria das Graças Costa, aponta que a única forma de vencer essa batalha é ampliar a articulação, que já começou por meio do GT de Terceirização cutista.
Além de encontros com os parlamentares da CCJ e da solicitação de audiências com a secretaria Geral da Presidência da República, com o líder do governo e com o Ministério do Trabalho, a Central participará do encontro que o Fórum em Defesa dos Trabalhadores Ameaçados pela Terceirização promoverá no próximo dia 19. Um dia antes da manifestação da CUT, que debaterá a questão em todo o país.
“Queremos dialogar tanto com o Congresso quanto com nossas bases e resgatar nossa campanha contra a terceirização. O grande grito, sem dúvida, virá das ruas no dia 18, quando todos os trabalhadores se manifestarão contra esse ataque aos direitos que conquistamos com muita luta", encerra Maria das Graças.

 

 

 

Foto: Paula Brandão/Secom CUT