Dia 3 é dia de sair às ruas para defender as estatais
28 de Setembro de 2017
Brasil
Vamos todos impedir que Temer negocie as empresas públicas
O Brasil perdeu nesta semana quatro usinas hidrelétricas operadas pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). Elas foram leiloadas na capital paulista e a maior delas, a de São Simão, em Goiás e Minas Gerais, foi arrematada pelo grupo chinês Spic Pacif Energy PTY.
Isso afeta muito mais a vida dos brasileiros do que a maioria pode imaginar, já que a definição do preço da conta de luz passa pelo custo da geração da energia definida pelas hidrelétricas.
Para entender melhor essa situação, compreender a atual realidade das estatais e definir a estratégia para dialogar como a população e trazê-la para a luta em defesa do patrimônio nacional, a CUT reuniu lideranças de organizações sindicais ligadas aos setores mais ameaçados pela privatização.
No centro do alvo, como há muito tempo deseja o capital internacional, está a Petrobrás, maior companhia nacional. Desde que o ilegítimo Michel Temer (PMDB) assumiu o poder, a empresa sofre um desmonte acelerado. Ela já não tem mais controle sobre a distribuição do que produz e os dutos pelos quais faz a transferência para outras refinarias já foram vendidas.
O menor dos males é o país perder a capacidade de gerenciar a distribuição do petróleo de acordo com as necessidades de cada região. O maior, o encarecimento do preço da riqueza, com elevação dos combustíveis e todos os produtos derivados desse bem. Isso aliado à decisão de a empresa abrir mão do bioldiesel retira ainda mais qualquer possibilidade de autonomia do país em relação a esse segmento.
Para piorar, a empresa ainda tem operado com apenas 65% de sua capacidade, conforme aponta o diretor Executivo da CUT, Vitor Carvalho. “Os 35% restantes são cobertos pela importação de empresas privadas internacionais que se instalaram no país após o golpe”, denuncia.
Somado a tudo isso, a Petrobrás também anunciou a saída da área de fertilizantes, decisão que pode encarecer a produção de alimentos, e promove programas de demissão que já tiveram 17 mil adesões, a maior parte delas (70%) de trabalhadores com mais de 30 anos de empresas, gente que conhece o negócio e garante mais segurança na produção.
Esquema sujo
O sucateamento da Petrobras e de outras estatais faz parte do pagamento aos que financiaram o golpe. Mas para os interesses estratégicos do Brasil é fundamental defender o patrimônio nacional.
Parte desta luta acontece no dia 3 de outubro, no Rio de Janeiro, quando a CUT e representantes dos movimentos sindical e sociais se reúnem na capital carioca para luta pelas estatais.
A concentração acontece às 11h diante da sede da Eletrobrás. Às 13h haverá uma caminhada até o quadrilátero das estais onde ficam as sedes da Caixa, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da própria Petrobras.
Em outros estados também acontecem mobilizações, como aponta o secretário de Comunicação da Central e coordenador do Comitê da CUT contra as Privatizações, Roni Barbosa.
“Essa resistência é histórica na Central e vamos aprofundar nossa unidade, não apenas entre os servidores, mas com toda a classe trabalhadora porque, assim como a Reforma Trabalhista, também a venda de nossas empresas afeta a todos e por isso a maior parte dos brasileiros é contra”, apontou, referindo-se a pesquisa recente do Instituto Paraná em que 60% declaram-se contra a privatização.
Mão beijada
Durante o encontro do Comitê da CUT contra as Privatizações, nesta quarta-feira (27), na sede da Central, dirigentes sindicais dos segmentos mais atingidos apontaram o paraíso que espera os investidores internacionais.
No setor elétrico, hoje o país é dono de 15 geradoras de energia elétrica responsáveis por 51% da área de distribuição e 30% de geração. Aliadas a ela estão laboratórios de pesquisa e convênios com universidades nacionais que garantem tecnologia local e aprimoramento dos estudantes. Tudo está em risco nas mãos de Temer, junto com o já citado risco de aumento da conta de luz.
Na área portuária há o risco de privatizar a Companhia Docas do Espirito Santo (Codesa), que apresentou R$720 milhões de lucro em 2016 e não garante argumentos aos golpistas para privatização. Caso levem adiante o projeto de venda, o modelo de entrega de área estratégia para entrada e saída de mercadorias no país será inédito.
“Hoje, a estrutura em que o capital privado explora, mas o Estado administra é o mesmo de qualquer lugar, de todos os países. Mas os golpistas estão dispostos a entregar os portos junto com nossa soberania”, apontou o secretário-adjunto de Organização e Política Sindical, Eduardo Guterra.
Já na área financeira, os bancos públicos, estratégicos na regulamentação do mercado, com a queda de juros, por exemplo, e no financiamento de programas habitacionais, também podem ser entregues à iniciativa privada. O BNDES é outro patrimônio que tende a perder seu papel e deixar de ser objetivo de desenvolvimento para se tornar um garantidor de privatizações.
A barganha desses patrimônios, somada à Emenda Constitucional 95, que congela os investimentos públicos por 20 anos, transforma o país em mero exportador de matéria-prima para aquisição de produtos prontos.
A alternativa, aponta o secretário Roni Barbosa, é amplificar a luta com a integração cada vez mais maior da classe trabalhadora. “A mobilização vai se ampliar, dias 19 e 20 faremos uma grande plenária dos setor estatal na CUT para organizar as próximas mobilizações”, falou.
A CNQ esteve representada na atividade pelo diretor Ademir Jacinto da Silva.
Fonte: CUT