Dia 8 tem Assembleia das Mulheres da Classe Trabalhadora contra a Reforma da Previdência.
22 de Fevereiro de 2017
Mulheres
O próximo 8 de março – Dia Internacional da Mulher - deve ser marcado por uma ampla mobilização das mulheres trabalhadoras do campo e da cidade, que serão profundamente atingidas com a Reforma da Previdência e a Reforma Trabalhista.
Entre as ações previstas estão ampla panfletagem, debates nas comunidades rurais e nos locais de grande movimentação nas cidades. Também serão realizadas manifestações e pressão nas bases dos parlamentares favoráveis à Reforma da Previdência e à Reforma Trabalhista.
Por todo o Brasil, as mulheres CUTistas farão assembleias antes dos atos unificados das trabalhadoras, dos movimentos sociais e feministas. Em São Paulo, a CUT realizará uma Assembleia das Mulheres da Classe Trabalhadora contra a Reforma da Previdência em frente à sede no INSS, no viaduto Santa Ifigênia, das 14 às 15h30 horas, com concentração a partir das 13h30.
A reforma da previdência e as mulheres
A reforma da Previdência iguala as condições de homens e mulheres para se aposentar e amplia o tempo de contribuição sem levar em consideração as diferenças sociais entre os gêneros. No caso das mulheres, a idade mínima para se aposentar passaria dos atuais 60 para 65 anos, somada ao tempo mínimo de contribuição, que sobe de 15 para 25 anos.
Temer e seus aliados argumentam que as mulheres vivem, na média, mais tempo que os homens e que elas já ocupam igualmente os postos de trabalho. Por isso, afirmam que as mulheres devem se aposentar mais tarde e com regras iguais aos dos homens.
Para a economista da UNICAMP, Marilane Teixeira, ex-assessora da CNQ-CUT, esses argumentos são contraditórios com a realidade e, caso concretizados, aumentarão a desigualdade. Em entrevista à Érika Aragão, da CUT, Marilane destacou que essa proposta da Reforma da Previdência, na verdade, significa estender o período de vida laboral das trabalhadoras, retardar a solicitação do benefício e diminuir o valor do benefício quando conquistado. “O erro do projeto é de igualar realidades tão distintas porque o Brasil é muito diverso e muito desigual para comparar condições de vida, de moradia e regionais entre mulheres e homens. Então, este projeto cria uma média igual que não é real”, comenta Marilane, que faz alguns questionamentos interessantes:
- Como as mulheres conseguiriam trabalhar 49 anos interruptos com no mínimo 65 anos, se são elas a grande maioria entre os desempregados no país?
- Como elas conseguiriam ter contribuído 25 anos ao completarem 65 anos, se elas precisam fazer o trabalho reprodutivo e de cuidados, parando para serem mães ou para cuidar de seus filhos?
Toda essa desigualdade social entre os trabalhadores e trabalhadoras impacta na conquista da aposentadoria das mulheres. Ela exemplifica. “Uma mulher do campo que vive em média 50 anos e começou a trabalhar na roça com 10 anos, na chuva, no sol, dificilmente vai ultrapassar os 65 anos. Agora uma profissional liberal, que mora na região Sudeste, que começou a trabalhar depois dos 20 anos e tem babá, a expectativa de vida dela, certamente, será de 80 anos”, compara.
As diferenças não acabam por ai. As mulheres têm salários de até 50% menores ao dos homens e são as primeiras a serem demitidas em momentos de crise. A maioria delas vive com um salário mínimo, trabalha 300 horas a mais que os homens por ano e são, na maioria das vezes, arrimos de família. “Como ser igual numa sociedade desigual”, questiona a secretária da Mulher Trabalhadora na CUT, Juneia Martins Batista. “É hora de ir pra rua contra esta reforma e todos estes retrocessos desse governo golpista, mas também não podemos deixar de denunciar a violência praticada contra as mulheres e a luta pela descriminalização do aborto, temas tão caros pra as mulheres”, alega Juneia.
Para a dirigente, a pauta unificou todas as mulheres que lutam por igualdade. “As mulheres do mundo todo não suportam mais as desigualdades e não ficarão mais caladas. Elas estão nas ruas, nas redes, nos programas de TV, nos espaços políticos, no meio artístico para dizer que basta”. Segundo ela, que também é presidenta do Comitê Mundial de Mulheres na Internacional de Serviços Público (ISP), o 8 de março será uma data que ficará para a história. “Teremos um levante das mulheres no mundo todo. Está sendo chamada uma paralisação internacional das mulheres nos países da América Latina e nos Estados Unidos as mulheres vão às ruas contra a política xenófoba e misógina do Presidente eleito, Donald Trump. Não nos calarão!”, finaliza.
Com informações da CUT Nacional