Dilma apoia presença de centrais sindicais em reuniões do BRICS
16 de Julho de 2014
Internacional
Presidenta recebe sindicalistas dos cinco países e admite necessidade de “simetria” de espaços para demandas de empresários e trabalhadores De...
Presidenta recebe sindicalistas dos cinco países e admite necessidade de “simetria” de espaços para demandas de empresários e trabalhadores
São Paulo – A presidenta Dilma Rousseff se comprometeu ontem (15) a defender a participação de representantes dos trabalhadores no Brics. Dilma se reuniu com representantes de centrais sindicais brasileiras e internacionais durante a programação da 6ª cúpula anual do bloco multilateral que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. “Na próxima reunião, acho que já dá para vocês participarem. Assumo com vocês esse compromisso”, declarou Dilma, junto à delegação de dirigentes sindicais do bloco. “É questão de simetria. Se os empresários podem fazer o seu fórum, que ocorre em paralelo à reunião dos Brics e apresentar propostas, os trabalhadores também têm esse direito."
O presidente da Confederação Sindical Internacional (CSI), João Antonio Felício, considera que a postura da presidenta valoriza a negociação coletiva. “É um reconhecimento de que, na sociedade, existem duas partes em contradição permanente, os empresários e os trabalhadores, que devem ter direito ao mesmo espaço de debate e de proposta”, disse Felício.
“Como presidenta do Brics, ela falará em especial com o (presidente da Rússia), Vladimir Putin, que vai sucedê-la, para defender o espaço dos trabalhadores na próxima reunião”, acrescentou o presidente da CUT, Vagner Freitas, para quem a reunião contribuiu para “equilibrar a correlação de forças na disputa entre capital e trabalho."
Durante a terceira edição do Fórum Brics Sindical, representantes de entidades de trabalhadores haviam elaborado uma declaração de princípios que norteará a intervenção do movimento sindical nas discussões da cúpula. O objetivo dos sindicalistas é assegurar que os acordos de cooperação entre os países tenham como contrapartida a observação das normas da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O documento defende “a promoção do trabalho decente, buscando garantir um piso de proteção social universal e promover a transição do trabalho na economia informal para a formal”, entres outros 11 pontos relacionados a promoção da igualdade de oportunidades, liberdade de organização, estímulo a políticas públicas distributivas e proteção da juventude. Leia a íntegra da Declaração de Fortaleza.
Para Freitas, da CUT, o bloco representa importante alternativa à lógica excludente ditada pelos países capitalistas centrais. “Com mais de 40% dos habitantes do planeta e um quarto do PIB mundial, o bloco precisa ser fortalecido com a participação dos trabalhadores, a fim de que haja crescimento com distribuição de renda e valorização do trabalho.”
Uma das principais preocupações do sindicalista é combater a informalidade, por fragilizar os cidadãos nas condições de trabalho, impor situações precárias e desproteção social – além de promover situações de desequilíbrio em termos de competitividade entre os países. “Diante da informalidade, da precariedade e da má distribuição de renda, consequências do neoliberalismo na atividade econômica nos países dos Brics, torna-se mais do que necessária a unidade do bloco, para que não venha a converter-se em algo meramente aduaneiro ou mercantilista como se viu reduzido o Mercosul”, observou o presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah.
Na avaliação de Divanilton Pereira, secretário de Relações Internacionais da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), o Brics pode vir a expressar a resistência dos povos e a construção de uma nova perspectiva. “Além do sentido geopolítico, de uma nova configuração nas relações internacionais, este é o momento em que abrimos espaço para que os interesses da classe trabalhadora sejam respeitados.”
O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, sublinhou que a crise internacional expõe a fragilidade do atual modelo e torna mais necessária a unidade do sindicalismo internacional. “O mundo enfrenta uma das maiores crises econômico-financeiras com reflexos negativos sobre a vida dos povos. Os empresários acabam de entregar documento aos presidentes do bloco sugerindo a derrubada de barreiras ao comércio. Também queremos entregar a nossa pauta de reivindicação para debater com os governos o tipo de desenvolvimento que interessa aos trabalhadores dos cinco países do Brics”, garantiu.