Direção da CNQ-CUT participa de reunião nacional
17 de Dezembro de 2013
Ramo Químico
Confederação realizou o último encontro do ano com análise de conjuntura política e econômica, avaliação das campanhas salariais do ramo...
Confederação realizou o último encontro do ano com análise de conjuntura política e econômica, avaliação das campanhas salariais do ramo químico e estruturação do calendário de atuação para 2014
Primeira mesa de conjuntura (da esquerda para a direita): Lucineide Varjão Soares, presidenta da CNQ-CUT; Ladislau Dowbor, professor e economista; Itamar Sanches, secretário-geral da Confederação
Reunida nos dias 11 e 12 de dezembro, na cidade de São Paulo, a direção da CNQ-CUT (Confederação Nacional do Ramo Químico) debateu o momento político e questões específicas de cada segmento produtivo para apontar o calendário de ações para 2014. Para ajudar nessa tarefa, dois convidados contribuíram com a análise de conjuntura do País: Ladislau Dowbor, economista e professor titular da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), e Patrícia Pelatieri, economista e coordenadora executiva do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos).
Para o professor Ladislau, “no Brasil, o nosso problema não está na falta de recursos, está na governança. Precisamos gerar dinâmica democrática; o uso de nossos recursos deve ser reapropriado pela sociedade. Gente que nunca produziu nada está enriquecendo. Somos 7 bilhões de habitantes no mundo, pensar que podemos explorar indefinidamente o planeta só pode ter sido pensado por um idiota”. Para ele, “A tecnologia e o acesso à informação têm se tornado o centro da transformação. Estamos entrando na era do conhecimento e é preciso resgatar a dimensão pública do Estado”.
Com esse enfoque, o professor destacou: “Devemos ampliar o número de pessoas com acesso ao conhecimento. Temos que desenvolver nos sindicatos formas de fornecer subsídios porque é fundamental e inegável a dimensão formadora das entidades sindicais. A revolução técnica e a conexão tecnológica estão abrindo espaços radicais. Como o conhecimento pode circular, temos uma oportunidade de transformação. O mundo está mudando radicalmente e temos que nos apropriar, pensar também no sistema sindical como um vetor de transformação local. O que temos pela frente é um esforço pela democratização do conhecimento e da ciência”, ressaltou.
Os avanços garantidos pelos governos Lula e Dilma, o funcionamento do sistema financeiro, as conexões de exploração dos bancos e corporações foram outros temas abordados. Em sua exposição, o professor também elencou onze eixos estratégicos para uma Agenda Nacional de Desenvolvimento:
1 – O papel do Estado: desafios da gestão democrática
2 - O papel das tecnologias: a transição para a economia do conhecimento
3 – Os novos horizontes da educação
4 – Trabalho decente e inclusão produtiva
5 – Uma política nacional de apoio ao desenvolvimento local
6 – O papel das infraestruturas: transporte, energia, comunicação, água
7 – O potencial da agricultura
8 – Intermediação financeira: o crédito como fomento
9 – Política tributária
10 – Políticas ambientais
11 – Políticas sociais
Para aprofundar cada um dos pontos acima, leia: Brasil, um outro patamar (clique aqui para capturar o texto na íntegra).
Leia também:
Os estranhos caminhos do nosso dinheiro (clique aqui para capturar o texto na íntegra).
Dica: o site de Ladislau Dowbor reúne valiosas contribuições de professores, intelectuais, trabalhadores, militantes e cidadãos de variados segmentos sociais que disponibilizam um vasto material gratuitamente. São livros, entrevistas, textos, vídeos etc. O objetivo é compartilhar e contribuir na ampliação do conhecimento.
http://dowbor.org/ (clique aqui para conferir).
Segunda mesa de conjuntura: Patrícia Pelatieri, economista do DIEESE, e Itamar Sanches, secretário-geral da CNQ-CUT
“Milhões de pessoas saíram da pobreza nos últimos anos. Entre 2002 e 2012, a quantidade de brasileiros em situação de extrema pobreza reduziu a um ritmo de 10,4% ao ano, com uma diminuição total de 63,3% no período”. Com esta afirmação, Patrícia Pelatieri iniciou sua explanação para indicar outros avanços na situação sócioeconômica no Brasil na última década, como a geração de empregos e a significativa valorização do salário mínimo.
A crise econômica mundial e o processo de desnacionalização da economia brasileira também foram discutidos pela economista: “Só no primeiro semestre deste ano, as corporações estrangeiras adquiriram 167 empresas de capital nacional. Foi a maior liquidação de empresas privadas brasileiras num único semestre em toda a história do País”. Ela explicou que a maior parte das empresas é comprada por transnacionais com sede nos Estados Unidos, França, Inglaterra e Alemanha. “Assim, além da remessa de lucros para o exterior, o problema é que a decisão estratégica de investimento passa a se dar na matriz. Se as empresas deixam de ser nacionais, nós temos pouca influência naquilo que a empresa vai investir. O país também perde o controle de seus investimentos”, alertou.
Na análise do Dieese, “estamos num período de transição internacional e remanejamento da distribuição dos fluxos de comércio e de dominação”. Assim, a grande crise mundial pode ser uma oportunidade ímpar para o Brasil encaminhar um projeto nacional de desenvolvimento, que combine crescimento com distribuição da riqueza.
Para finalizar, a economista avaliou: “Se olharmos as negociações salariais, o ramo químico tem tido ganhos desde 2009. Em 2013, dados preliminares indicam que 95,7% das negociações do setor tiveram aumento acima do INPC, portanto garantiram aumento real”. Apesar da melhora da economia, ela ainda tem tido comportamento volátil e não consegue fixar uma tendência de crescimento na produção industrial. ”Em 2014 teremos um ano eleitoral onde as disputas estarão ainda mais acirradas e isso também deve refletir nas negociações coletivas e nas relações capital e trabalho. Será necessário mobillizar as bases e desenvolver novas estratégias de organização sindical”, conclui.
Em 2014: fortalecer a Confederação em cada região
O Macrossetor Industrial da CUT, o combate ao trabalho precário, as Redes sindicais, a defesa da Pauta da Classe Trabalhadora têm destaque no calendário de ações da Confederação. A presidenta da CNQ-CUT, Lucineide Varjão Soares, enfatizou no último dia da reunião: “Ao lado da Direção Executiva da CUT estaremos contribuindo com a Campanha Nacional de Sindicalização. Nossa meta é trazer mais sindicatos para consolidar a hegemonia da Central. Esse é o desafio de cada dirigente, de cada Secretaria da Confederação porque nós temos um projeto político. Assim, vamos nos empenhar para que esta direção fortaleça o debate e realize um mandato de quatro anos com ótimos frutos e grandes conquistas para os trabalhadores”.
Sucesso em 2013, as Plenárias Regionais também acontecerão no próximo ano para reforçar o trabalho de organização do ramo químico em nível nacional. Estarão em pauta: demandas locais dos sindicatos, Previdência Social (fator previdenciário), OLT, Reforma Política, questão racial, juventude e mulheres.
Fotos: Acervo CNQ-CUT.
Dirigentes do ramo químico avaliam as campanhas salariais e detalham as demandas de cada Secretaria