Em meio a mudanças econômicas na Argentina, trabalhadores debatem ação frente às multinacionais
16 de Março de 2016
Redes
Nesta terça-feira, 15, um capítulo importante se desenha na história da economia argentina. Depois de o presidente Mauricio Macri ter conseguido o acordo com os chamados “fundos abutre”, ele enfrenta a fase final para colocar o plano em prática: ter o apoio obrigatório do congresso para aprovar o acordo de 4,65 bilhões de dólares. Nesta decisão, os direitos de trabalhadores e trabalhadoras terão peso importante.
“Estamos em um ponto bastante perigoso e bastante difícil”, afirma o economista Alejandro Tozzola, que já integrou o Ministério da Economia e da Indústria da Argentina. “Claramente, a situação de trabalho na Argentina, com as novas políticas econômicas adotadas pelo presidente Macri, está em risco. Não é só uma percepção, mas uma manifestação de parte do governo ante a uma situação que, provavelmente, nem toda a população levou a sério”, alertou o economista, que esteve presente em debates promovidos pelo projeto Ação Frente às Multinacionais na América Latina nesta terça.
“O momento que passamos é importante não apenas para a Argentina, mas para toda a América Latina”, completou o secretário de relações internacionais da Unión Obrera Metalúrgica (UOM), Francisco Gutiérrez. “O momento político que vivemos é bastante complexo. Deixamos o governo popular por um governo que permite forte pressão dos Estados Unidos sobre nossas economias e políticas locais. Há uma pressão pela mudança no modelo produtivo que atenta contra as leis trabalhistas e sociais não só da Argentina, mas de todos os países ligados diretamente ao nosso país”, completou.
Ação em rede
Segundo os convidados para o debate, é preciso estar atendo às mudanças que acontecem na Argentina, que tendem a desrespeitar os direitos trabalhistas. “Temos essa situação no México, onde o governo atropela nossos direitos quando as empresas multinacionais ingressam no país”, afirmou a secretária de educação do sindicato metalúrgico mexicano STIMAHCS, Maria Salas. “Ao mesmo tempo, eles se opõem aos direitos sindicais. Por isso, estamos nos posicionando. O trabalho em rede acaba sendo fundamental para enfrentar a ação das multinacionais na América Latina.”
“Vivemos uma situação de forte ataque aos trabalhadores e precisamos nos organizar para contra-atacar o capitalismo”, reforçou o presidente da Confederação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e da Madeira (Conticom-CUT), Claudio Gomes. “Temos que fazer com que nossa luta seja globalizada, assim como o capital é globalizado. Precisamos globalizar as redes de trabalhadores e usar as ferramentas de tecnologia em nosso favor”, completou.
O debate realizado nesta segunda faz parte de uma série de atividades realizadas entre terça, 15, e quinta, 17, ligadas ao projeto Ação Frente às Multinacionais na América Latina. Este projeto é gerido em parceria com a CUT, o Instituto Observatório Social, CNM/CUT, CNQ/CUT, Conticom/CUT e CNTV/CUT, e apoiado pelo centro de formação DGB Bildungswerk (DGB BW), ligado à central sindical alemã DGB.