Formaquim Direitos Humanos: uma experiência rica e inovadora
27 de Outubro de 2015
Formação
A CNQ em parceria com a FETQUIM e a Secretaria Nacional de Formação da CUT desenvolveram ao longo do ano de 2015 uma experiência piloto de um novo programa de formação sindical o FORMAQUIM DIREITOS HUMANOS. A ideia partiu da necessidade de enfrentamento de situações que a cada ano, sobretudo em momentos eleitorais, o debate sobre questões relacionadas aos Direitos Humanos, vem à tona.
Mulheres já possuem uma longa trajetória e investimento na formação e na luta pela igualdade de oportunidades e combate à discriminação, conquistando, inclusive, a paridade entre homens e mulheres nos cargos de direção no 12º Congresso Nacional da CUT. Seguido das questões relacionadas ao combate ao racismo e juventude que a cada ano avançam nessa luta assim como nas questões LGBT e pessoas com deficiência. São temas e debates que ainda precisam serem melhores elaborados e absorvidos em argumentos sólidos tanto no discurso, quanto na prática dos nossos militantes de base.
“É comum depararmos com chacotas e reprodução do discurso dominante por parte de nossos próprios companheiros e companheiras. Daí a ideia de qualificar a atuação desses nos espaços sindicais e na sociedade onde atuam e vivem” – destaca a presidenta da CNQ Lucineide Varjão.
O Formaquim Direitos Humanos é um programa PILOTO aos moldes do já reconhecido e amplamente difundido FORMAQUIM. Divididos em seis módulos temáticos, durante o ano de 2015, inicialmente com militantes e dirigentes que já passaram por outras fases do Programa Formaquim.
“Nesta oportunidade experimentarmos metodologia, conteúdos e ofereceremos à direção da CNQ-CUT e FETQUIM um balanço da experiência vivenciada neste processo que possibilite avaliar se vale a pena, ou não, dar prosseguimento nessa ideia em novas turmas em ocasiões futuras”, comenta Marli Clementino, assessora da FETIQUIM e educadora do Programa Formaquim Direitos Humanos.
Participam dessa primeira turma, homens e mulheres, lideranças sindicais do Sindicato dos Químicos de São Paulo, Sindicato dos Químicos do ABC, Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo e Sindicato dos Vidreiros de São Paulo, são essas entidades sindicais, em conjunto com a CNQ e FETQUIM, que financiam a realização desse programa de formação.
A orientação pedagógica do Formaquim Direitos Humanos está sendo feita pelo companheiro Pérsio Plensack, educador e assessor da Secretaria Nacional de Formação da CUT. Ele explica que inicialmente foi feito um desenho preliminar daquilo que seriam os módulos com temas e abordagens, mas como um dos pilares da proposta da formação cutista é a construção coletiva do conhecimento um exercício realizado logo no primeiro módulo oportunizou com que os próprios participantes reorientassem a ideia inicial de modos que cada módulo passou a trabalhar dois temas relacionados aos direitos humanos, são eles:
Módulo 01 – Direitos Humanos e a humanidade
Módulo 02 – Combate à discriminação racial e xenofobia
Módulo 03 – Direitos LGBT e tolerância religiosa
Módulo 04 – União de gerações na luta sindical (Juventude e Pessoa Idosa)
Módulo 05 – Pessoas com deficiência e mobilidade urbana
Módulo 06 – Luta pela terra e direito à moradia
Cada um desses módulos tem a duração de dois dias, sábado e domingo, e são realizados no intervalo de uma vez ao mês, com atividade intermódulo e estudo dirigido entre um módulo e outro. Em todo esse processo, a arte e a cultura são elementos presentes e impulsionadores da proposta pedagógica. Em todos os módulos foram propostos exercícios individuais e em grupo utilizando músicas, dramatização, místicas, ilustrações, reportagens e cinema, o chamado CineQUIM, exibição e debate de filmes no período noturno do curso que se relacionam com o tema. Quanto vale ou é por quilo? (2005), Orações para Bobby - Prayer for Bobby (2009), Eles não usam black tie (1981). Ensaio sobre a cegueira (2008), foram alguns dos filmes utilizados para aprofundar o debate a respeito dos temas discriminação racial, LGBT, juventude e pessoas com deficiência.
Outro recurso muito utilizado no Formaquim Direitos Humanos são reportagens produzidas pela TVT e pela Rede Brasil Atual e também produções e cartilhas da Central Única dos Trabalhadores.
O curso tem possibilitado também com que os participantes ‘se coloquem no lugar do outro’ e essa vivência tem possibilitado maior compreensão das dificuldades que as populações discriminadas sofrem no seu cotidiano.
Para Pérsio Plensack, SNF-CUT, experiências como essa tendem a fortalecer ainda mais a rede de formação da CUT e ressalta a iniciativa da CNQ, FETQUIM e sindicatos participantes em mobilizar público, garantir estrutura, logística e materiais didático para a realização dessa experiência. “O ramo químico demonstra com essa atitude sua disposição em contribuir efetivamente com rede de formação da CUT, essa atitude deve provocar e estimular com que o tema dos Direitos Humanos faça parte da política de formação da CUT desde os sindicatos de base ao plano nacional de formação. A confiança e a decisão em trazer a SNF - Secretaria Nacional de Formação da CUT para perto e dentro desse processo é uma demonstração de organicidade do ramo químico para com a CUT. Ou seja, ao invés de demandar, cria as condições para a realização e compartilha com a CUT essa proposta. Sou muito grato por participar desse processo.”
Para a Secretária de Formação Sindical e Política da CNQ-CUT, Cibele Izidorio Fogaça Vieira, a CNQ sempre priorizou a formação sindical e política de dirigentes, lideranças e militantes. A Secretaria tem intensificado ações no campo da formação sindical voltada para as direções sindicais que atuam tanto na estrutura sindical como nos locais de trabalho. O programa Formaquim está consolidado no ramo químico e essa estratégia tem sido estimulada junto às várias entidades filiadas com resultados positivos.
Durante a realização do módulo que abordou o tema Pessoas com Deficiência e mobilidade urbana, após serem utilizadas como recurso pedagógico durante a atividade o Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo, doaram à Cooperinca duas cadeiras de rodas. “Tivemos a oportunidade de perceber que a Cooperinca não estava adequada em sua totalidade para atender pessoas com deficiência. A direção do sindicato autorizou a doação das cadeiras de rodas e a equipe da cooperinca comprometeu-se a fazer adequações nos espaços que ainda não possuem acessibilidade adequada” – diz William Formigari de Moraes, participante do Formaquim Direitos Humanos.