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Greve da Petrobras e tragédia em Mariana abrem VI Plenária Nacional da CNQ

10 de Novembro de 2015

Ramo Químico

Presidenta Lucineide destacou que os dois fatos marcantes da atual conjuntura estão relacionados com a luta dos trabalhadores(as) do ramo químico

Por Gislene Madarazo e Wladimir D'Andrade

Uma mensagem especial enviada pelo presidente da FUP, companheiro Zé Maria, e um minuto de silêncio pelas vítimas da tragédia em Mariana, Minas Gerais. Com essa simbologia da luta, resistência e solidariedade da classe trabalhadora foram abertos os trabalhos da VI Plenária Nacional da CNQ na tarde desta terça-feira (10) e que prosseguem até a próxima quinta-feira, 12, na cidade de Cabreúva, interior de São Paulo.

Com participação de 81 delegados e 33 delegadas das entidades sindicais do ramo químico da CUT, a VI Plenária da CNQ acontece num momento difícil e decisivo do Brasil, em pleno andamento da greve política dos petroleiros e poucos dias do rompimento de barragens em Mariana, um desastre equivalente, de acordo com as lideranças dos sindicatos de Minérios, a um tsunami de lama.

“São dois acontecimentos que envolvem as lutas dos trabalhadores e trabalhadoras do ramo químico, seja por meio da histórica paralisação dos nossos companheiros petroleiros em defesa da Petrobras, da vida e da soberania; seja em indignação sobre a tragédia anunciada do rompimento de barragens em Minas Gerais, motivo pelo qual manifestamos nosso apoio e solidariedade à população de Mariana”, destacou Lucineide Varjão.

Além da presidenta e do secretário-geral da CNQ, Itamar Sanches, compuseram a mesa de abertura o Secretario de Organização da CUT, Ari Aloraldo do Nascimento, representando o presidente da CUT Vagner Freitas; o secretário de finanças da CUT-SP, Renato Carvalho Zulato; e os companheiros do Macrossetor Indústria da CUT Cláudio Gomes, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Construção Civil (Conticon) e Valter Sanches, secretário de relações internacionais da Confederação Nacional dos Metalúrgicos da CUT (CNM). A presidenta da Confederação nacional dos Trabalhadores do Vestuário da CUT (CNTV), Cida Trajano também compareceu para prestigiar a atividade.

Debate sobre conjuntura com Gabrielli e Valter Sanches

Após a abertura, foi realizada uma mesa de debates sobre conjuntura nacional e internacional com o ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, e o secretário de relações internacionais da CNM, Valter Sanches.

Gabrielli afirmou que a crise pela qual passa o Brasil é política, embora haja grande repercussão na economia nacional, e que a direita está conseguindo aproveitar o momento para avançar em meio a população. De acordo com ele, ao contrário do pensamento direitista, a esquerda possui uma pauta de luta pulverizada e que encontrar pontos unificadores das reivindicações é essencial neste momento.

“A direita tem apenas duas pautas, corrupção e a destituição da presidenta Dilma Rousseff. Nós, da esquerda, temos um conjunto de lutas e precisamos encontrar pontos unificadores”, afirmou. Gabrielli defende três grandes bandeiras que deveriam concentrar a atenção do movimento sindical.

A primeira delas consiste em colocar a distribuição de renda no centro da discussão fiscal do país. Trocando em miúdos, os efeitos dos tributos sobre a distribuição de renda devem ser ampliados. Para ele, isso não significa taxas grandes fortunas, mas tributar aqueles que possuem maior renda.

Em segundo lugar, disse Gabrielli, a esquerda precisa defender propostas que não tem, necessariamente, cunho econômico, como por exemplo democratização da mídia e responsabilidade com direitos fundamentais. Por fim, o ex-presidente da Petrobras defendeu o aumento da eficiência das políticas públicas e sociais.

Valter Sanches, em sua análise, concluiu que a verdadeira batalha está na discussão sobre o modelo de desenvolvimento proposto para o Brasil. De acordo com ele, a direita combate o modelo centrado na distribuição de renda em curso no país desde o primeiro mando do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“Nosso governo ao longo de 12 anos avançou muito na área econômica, mostrando crescimento com distribuição de renda e inclusão social. O efeito social que o nosso governo provocou causa agora reação da direita”, disse. “Com ajuda de um Congresso conservador, eles querem a volta do modelo concentrador que existiu desde o início do Brasil.”