Greve tem adesão massiva e mobiliza petroleiros por todo o Brasil
17 de Outubro de 2013
Geral
Trabalhadores exigem nova proposta da Petrobras, suspensão do leilão de Libra e retirada do PL 4330 Em protesto contra o...
Trabalhadores exigem nova proposta da Petrobras,
suspensão do leilão de Libra e retirada do PL 4330
Em protesto contra o leilão do Campo de Libra e por avanços na campanha reivindicatória, os trabalhadores do Sistema Petrobras, próprios e terceirizados, iniciaram no final da noite desta quarta-feira, 16, greve por tempo indeterminado em várias refinarias e terminais do Sistema Petrobras. A categoria também exige a retirada de tramitação do Projeto de Lei 4330, que escancara a terceirização para as atividades fim, acaba com a responsabilidade solidária das empresas contratantes e piora consideravelmente as condições de trabalho, atacando direitos históricos da classe trabalhadora.
Os petroleiros aderiram massivamente à greve em todas as refinarias, terminais, plataformas, campos de produção e demais unidades operacionais das bases da FUP. Em Pernambuco, a greve será deflagrada a zero hora desta sexta-feira, 18. O Sindipetro-PE/PB, junto com as centrais sindicais e movimentos sociais do estado, realizou pela manhã um grande ato contra o leilão de Libra, em frente a sede da Petrobras, em Recife. No Ceará, a greve começa a zero hora do dia 21.
Segundo informações dos sindicatos da FUP (Federação Única dos Petroleiros), a adesão dos trabalhadores de turno é de 90% a 100%, com forte participação dos trabalhadores terceirizados e também do administrativo. A operação está sendo mantida nas maioria das regiões do país por equipes de contingência da Petrobras, formadas por gerentes, supervisores e outros profissionais que normalmente não executam as tarefas de rotina das refinarias, plataformas e terminais, o que coloca em risco a segurança das equipes e das próprias unidades. Na plataforma PCE-1, em Macaé, a ação dos pelegos teve como consequência um vazamento de petróleo no oleoduto, segundo denúncias dos trabalhadores da unidade que aderiram à greve.
Veja na página da FUP a galeria de fotos da greve em todo o pais:
http://www.fup.org.br/2012/galeria-fotos/view/102
Plataformas e campos terrestres
Na Bacia de Campos, a greve teve adesão de pelo menos 39 plataformas, que foram entregues pelos trabalhadores às equipes de contingência que a Petrobras embarcou. Destas, 15 foram entregues com a produção de petróleo parada ou reduzida.
Nos campos de produção terrestre da Bahia, os petroleiros anteciparam a paralisação para as 20 horas de ontem nas estações de Candeias, São Francisco do Conde, São Sebastião do Passe, Socorro, Marapé e Dom João.
No Ativo Norte, cerca de 100 trabalhadores terceirizados e 70 próprios pararam a produção de 22 poços de petróleo.
No Rio Grande do Norte, os petroleiros pararam a produção nos campos terrestres de Alto do Rodrigues, Campo do Amaro, Riacho da Forquilha, Base 34 e Campo de Estreito, além do Polo de Guamaré. Todas as 22 plataformas marítimas da região também estão paradas, segundo o sindicato. O estado conta com 5.160 poços de petróleo, distribuídos em 60 campos de produção em terra e 10 no mar.
Em Duque de Caxias, a adesão à greve é de 100% dos trabalhadores, incluindo os terceirizados e pessoal do administrativo. Ninguém entrou para trabalhar na Reduc, Terminal de Campos Elíseos e na Termorio. Pela manhã, o sindicato realizou uma grande mobilização na Rodovia Washignton Luiz, que foi fechada no sentido Petrópolis. Nenhum dos 60 ônibus com trabalhadores teve acesso à Reduc, nem os caminhões para abastecimento.
Refinarias
Estão parados os trabalhadores das refinarias de Duque de Caxias (Reduc/RJ), Manaus (Reman/AM), Paulínia (Replan/SP), Mauá (Recap/SP), Mataripe (Rlam/BA), Gabriel Passos (Regap/MG), Paraná (Repar), Alberto Pasqualine (Refap/RS), além da SIX(unidade de Xisto/PR), da FAFEN (fábrica de fertilizantes/BA), Termorio (Duque de Caxias).
Transpetro
Na Transpetro, a greve atinge os terminais de Solimões (AM), Madre de Deus (BA), Campos Elíseos (Duque de Caxias/RJ), Cabiúnas (Macaé/RJ), Guararema (SP), São Caetano (SP), Barueri (SP), Brasília, São Francisco do Sul (SC), Itajaí (SC), Guaramirim (SC), Biguaçu (SC), Paranaguá (PR), Osório (RS), Canoas (RS) e Rio Grande (RS).
Gás, Biodiesel e Termoelétricas
No Espírito Santo, todos os trabalhadores da Unidade de Tratamento de Gás de Cacimbas (UTGC) aderiram à greve, inclusive os terceirizados, interrompendo a distribuição de gás. Também aderiram à greve os trabalhadores das usinas de Biodiesel da Bahia e de Montes Claros, da Termorio (Duque de Caxias) e da Termoelétrica Aureliano Chaves, em Minas Gerais.
Administrativo
No prédio da sede da Petrobras em Salvador, em Pituba, a greve teve adesão dos cerca de quatro mil trabalhadores diretos e terceirizados que atuam na unidade. Em Natal, a participação é de 90% dos trabalhadores da sede da empresa no Rio Grande do Norte.
Em Manaus, também foi grande a participação dos trabalhadores, com mais de 80% de adesão nos escritórios. Em Macaé, o Sindipetro-NF realizou pela manhã uma grande mobilização no Terminal de Cabiúnas e na sede da UO-Rio, envolvendo na greve os trabalhadores do administrativo.
Interdito proibitório e cárcere privado
Como em outras greves, a Petrobras voltou a desrespeitar o direto dos trabalhadores, com cárcere privado e outras ações antissindicais. Em Macaé, logo pela manhã, a empresa ingressou com pedido de interdito proibitório, que foi acatado pelo juiz da 1ª Vara do Trabalho, sem sequer ouvir o sindicato. A medida, como na época da greve de 95, impõe multa de R$ 100 mil ao sindicato, caso as salas de controle das plataformas continuem sendo ocupadas pelos trabalhadores e a produção, paralisada.
Em resposta, os petroleiros e movimentos sociais realizaram uma grande manifestação em frente à Justiça do Trabalho, exigindo a liberação dos trabalhadores das plataformas que estão sendo mantidos pela empresa em cárcere privado.
Em Manaus, houve conflitos com a polícia na Reman. Os policiais tentaram impedir a manifestação das centrais sindicais e movimentos sociais em apoio à greve dos petroleiros e contra o leilão de Libra.
A greve dos petroleiros em Paulínia e na grande São Paulo tem 100% de adesão. Em Mauá, 90% dos trabalhadores participam da paralisação. A direção do Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro-SP) considera a mobilização um sucesso.
A paralisação começou na madrugada desta quinta (17), com o corte de rendição do turno da zero hora. Na Replan, em Paulínia; no prédio do Edisp 2, na capital paulista; e nos terminais da Transpetro de Guararema, Guarulhos, São Caetano e Barueri a greve atinge toda a categoria.
Com o início da greve à meia-noite, alguns dos trabalhadores que entraram nos turnos das 7h30 e 15h30 de ontem (16) não foram liberados pela empresa. Eles continuam em seus postos de operação, na Replan e Recap, há mais de 16 horas.
O sindicato considera essa situação inconcebível e, no início da tarde de hoje, encaminhou pedidos de habeas corpus para a Vara de Trabalho de Paulínia e o Fórum Trabalhista de Mauá para garantir a saída dos trabalhadores.
Sindicatos e movimentos sociais intensificam
luta contra o leilão de Libra
Nesta semana os petroleiros, centrais sindicais e movimentos sociais iniciaram uma jornada nacional de luta contra o leilão de Libra, que foi intensificada nesta quinta-feira, com uma série de atos e manifestações para impedir a privatização do maior campo de petróleo da atualidade. As mobilizações integram o calendário de luta da Via Campesina e da Plataforma Operária e Camponesa para a Energia, que engloba ocupações e marchas nas principais capitais do país. Em Brasília a FUP participou, quarta-feira, da ocupação do Ministério da Agricultura e, nesta quinta, do Ministério das Minas e Energia.
Desde ontem, estão sendo realizadas manifestações conjuntas com os movimentos sociais contra o leilão de Libra e o PL 4330 em frente às unidades da Petrobras no Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Fortaleza, entre outras regiões do país. Nesta quinta-feira, os sindicatos de petroleiros deram sequência às manifestações conjuntas com os movimentos sociais em Canoas, Salvador, Manaus, Norte Fluminense, Recife, Betim, Natal, São Paulo e outras cidades, com atos públicos e mobilizações nas portas das unidades da Petrobras.
Os petroleiros, cuja história sempre foi de resistência às privatizações e luta incansável em defesa da soberania nacional, permanecerão em greve em todo o país para impedir que a maior reserva do pré-sal seja leiloada e fortalecer a luta da classe trabalhadora contra o PL 4330.
Luta conjunta com os trabalhadores terceirizados
É fundamental que a greve dos petroleiros continue forte e unificada em todo o Sistema Petrobras, envolvendo os trabalhadores próprios e terceirizados. O resultado dessa mobilização será decisivo não só para a atual campanha reivindicatória, como para todas as próximas que virão.
O leilão de Libra e o Projeto de Lei 4330 colocam em risco a soberania e o desenvolvimento do nosso país, mas também direitos e condições de trabalho na indústria de petróleo. Ao liberar a terceirização de atividades fim e acabar com a responsabilidade solidária das empresas contratantes, o PL 4330 deixa totalmente expostos os trabalhadores aos calotes das prestadoras de serviço e precariza ainda mais as condições de trabalho.
Mais do que nunca é preciso pressionar a Petrobras a implementar o fundo garantidor. Portanto, é a capacidade de mobilização da categoria e a unidade entre petroleiros próprios e terceirizados que apontarão os rumos da campanha reivindicatória.
Fotos: Acervo FUP