Hora de Virar o Jogo: o Brasil e o Futuro das Terras Raras
13 de Novembro de 2025
Setoriais
*Por Álvaro Alves
Terras raras, minerais raros: grupo de minerais raros, no entanto, fartos em nossos domínios. Complicados de extrair, processar e separar, mas que valem o esforço. São essenciais e profundamente necessários nas tecnologias que usamos e continuaremos usando por muito tempo.
Tenho buscado me informar, mas com cuidado, porque há muita desinformação, principalmente sobre o processo produtivo. Muita gente fala sem entender, ou finge não entender, o que envolve a extração, a separação e a transformação desses elementos.
É fato que temos falhas estruturais, especialmente pela falta de investimento em ciência e tecnologia. Tivemos governantes imediatistas, preocupados só com o agora. Estadistas de verdade, que pensam o país para o povo, foram raros.
Não conheço todos os processos minerais, mas o pouco que sei já mostra que o Brasil deveria explorar melhor o que tem. Precisamos usar melhor nossas riquezas, agregar valor ao que produzimos, transformar o bruto em benefício real para o país e para o povo.
Defendo a estatização total das terras raras e de outros minérios estratégicos. Afinal, quem tem, protege. E quem quer crescer, domina o que é seu. O Brasil, infelizmente, abriu demais suas portas, entregou seu subsolo e recebeu pouco em troca. Isso não é parceria, é submissão.
As grandes potências disputam o controle desses elementos, enquanto nós assistimos de longe. Falta-nos ambição de ser grandes. De enxergar que temos o que o mundo quer, e que isso pode nos colocar em outro patamar.
Mas não basta estatizar. É preciso dominar o conhecimento, a tecnologia e os processos. Só assim poderemos transformar nossas riquezas em valor e desenvolvimento de verdade. Estatizar é o primeiro passo, mas é preciso garantir que o controle e o lucro fiquem aqui. Temos que deixar de ser figurantes e assumir o protagonismo, com investimento público, com soberania e com orgulho nacional.
Vivemos uma ruptura de patriotismo e soberania. Não estou inventando nada novo. Afinal, o presidente Lula já dizia lá no começo dos anos 2000.
Dois exemplos ajudam a entender o que quero dizer:
a) Há décadas chamam o Brasil de “celeiro do mundo”. Mas seguimos sendo exportadores de produtos primários, dependentes, e sem agregar valor. Até hoje vivemos de expectativa.
b) Outro exemplo foi a compra dos caças Gripen. Pelo que lembro, o fator decisivo foi a transferência de tecnologia. É disso que precisamos — crescer dominando o que é nosso.
O mesmo vale para a mineração. Todos opinam, uns ajudam, outros confundem, manipulam ou ameaçam. Os interesses estão nas entrelinhas. E nós, muitas vezes, ficamos calados.
Sei que é difícil sem maioria política, mas o presidente Lula e sua equipe conhecem caminhos para resistir e agir. Precisamos cuidar do que é nosso, porque, como diz o ditado popular: “quem empresta, não presta.”
*Álvaro Alves é secretário do Setorial Minérios da CNQ-CUT
O conteúdo deste artigo reflete as ideias e experiências pessoais do(a) autor(a), não expressa necessariamente a posição da CNQ, mas reafirma o compromisso da entidade com o diálogo e a diversidade de visões no Ramo Químico
