Justiça manda Samarco pagar auxilio financeiro integral aos atingidos de Mariana
13 de Fevereiro de 2019
Minérios
Justiça derruba liminar que autorizava a Samarco a reduzir os valores das indenizações aos pescadores
A Justiça Federal de Minas Gerais, em sentença divulgada na ultima sexta-feira (08/02), derrubou uma liminar que autorizava a empresa a reduzir os valores das indenizações aos pescadores, decorrentes da tragédia de Mariana, em 2015.
A vitória dos pescadores foi bem recebida e só reforça a luta dos atingidos de Mariana, que fizeram dois protestos em Baixo Guandu em janeiro e fevereiro, reunindo representantes da categoria em todo o Vale do rio Doce.
No dia 14 de janeiro, uma manifestação chegou a paralisar o tráfego de trens da Vale durante 30 horas, com os atingidos ocupando a linha férrea em Baixo Guandu.
No dia 1º de fevereiro, representantes dos atingidos de 21 localidades de Minas e do Espírito Santo fizeram nova reunião em Baixo Guandu, protestando especialmente contra a liminar judicial que permitia o desconto no pagamento as indenizações, decisão que foi revogada em sentença na última sexta-feira.
Mas a luta continua: em março, após o carnaval, uma grande manifestação vai ocorrer novamente em Baixo Guandu, procurando respostas da Fundação Renova a uma série de questionamentos relacionados às indenizações. Entre eles, o reconhecimento de pescadores que ainda não receberam nada e de outras categorias que não foram reconhecidos como atingidos, caso dos retiradores de areia e dos artesãos que tiravam matéria prima do rio Doce nos seus trabalhos.
A Fundação Renova, criada pela empresa com o objetivo de reparar os danos causados pela tragédia de Mariana, limitou-se a dizer em nota que vai cumprir a decisão judicial. A expectativa é que o chamado lucro cessante comece a ser pago aos pescadores já nos próximos dias.
Farsa
O prefeito Neto Barros vê como importante a decisão da Justiça contra a Samarco, reconhecendo o direito dos pagamentos integrais aos pescadores, mas assegura que a luta continua.
Neto denuncia que Baixo Guandu nunca recebeu um centavo de ressarcimento da Fundação Renova pelos danos causados pela tragédia de Mariana. “A Renova é uma farsa, que está do lado dos poderosos que provocaram a tragédia”, assegura o prefeito, que foi ameaçado de processo por defender os atingidos nas reuniões do Comitê Interfederativo (CIF), no qual Neto Barros é representante dos municípios capixabas.
No final de fevereiro o CIF se reúne novamente em Brasília e o prefeito Neto já deixou claro que não recua de suas posições em defesa dos atingidos. “A ameaça de processo só reforça nossa luta. Estarei na reunião de Brasília para reiterar nosso posicionamento em defesa do meio ambiente, das reparações que a população tem direito e lutando pela recuperação sócio-econômica de toda a região atingida”, garante o prefeito guanduense.