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Lançamento de livro sobre o adoecimento de trabalhadores químicos

17 de Julho de 2014

Ramo Químico

De que adoecem os trabalhadores químicos, organizado pelo ex-presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Remígio Todeschini, é o lançamento de...

RemibDe que adoecem os trabalhadores químicos, organizado pelo ex-presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Remígio Todeschini, é o lançamento de agosto da LTr

 

Com uma importante trajetória no trabalho para combater os acidentes e contaminações nas indústrias químicas, o ex-presidente do Sindicato dos Químicos do ABC, Remígio Todeschini, está apresentando às entidades sindicais o livro “De que adoecem os trabalhadores químicos”, organizado por ele enquanto pesquisador do Laboratório de Psicologia do Trabalho da Universidade de Brasília, em conjunto com vários autores, e lançado este mês pela Editora LTr.

A primeira parte da publicação traz um levantamento atualizado das doenças e acidentes no trabalho entre os químicos, rico em detalhes e com todos os números necessários para orientar o trabalhador, os sindicatos em luta e as empresas que se esmeram por proteger o trabalhador, tornando mais seguro o ambiente de trabalho.

Já a segunda parte retrata as grandes lutas que ocorreram no setor químico principalmente aqui no ABC, que ficou como referência nacional e até internacional.

“Recordando que os primórdios do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CEREST) nasceram nos químicos do ABC e na cidade de Diadema”, lembra o autor.

Na entrevista abaixo, Remígio aborda a importância da publicação para a promoção de um trabalho mais saudável e leitura indispensável aos sindicalistas do ramo. Acompanhe.

 

Por que o senhor decidiu elaborar/organizar este estudo?

Remígio Todeschini: Na realidade esse estudo é a continuação do primeiro livro sobre o perfil dos trabalhadores químicos do Brasil, e agora temos o perfil de doenças dos trabalhadores químicos. Surgiu de uma parceria entre o Sindicato dos Químicos do ABC - CNQ-CUT, Laboratório de Psicologia do Trabalho da UNB onde trabalhei como pesquisador em 2012 e o Conselho Nacional do SESI, através do Jair Meneghuelli que financiou esse estudo por mais de seis meses. Porém a pesquisa final foi complementada e se prolongou por mais de um ano. Essa pesquisa decorreu da experiência adquirida no trabalho desenvolvido como Diretor de Saúde Ocupacional do Ministério da Previdência. E, sem dúvida, essas pesquisas podem avançar para outras categorias profissionais.

 

Qual base de dados foi utilizada nesse levantamento, ele abrange todos os setores do ramo químico? 

RT: Utilizamos toda a base de micro dados da Previdência Social, tanto dos químicos como um comparativo com outras categorias, já que há um termo de cooperação entre a UNB e o Ministério de repasse desses dados.  São 60 milhões de sujeitos analisados por ano, e foram analisados 1.300.000 trabalhadores do setor químico, desde a mineração até a comercialização de produtos químicos, ou seja, os 27 setores que compõem essas mais diversas atividades. É importante que mais órgãos de pesquisa tenham acesso a esse banco de dados, para conhecer detalhamento o adoecimento de cada setor, de cada atividade econômica para que se possam desenhar políticas públicas e sindicais de melhoria das condições de trabalho.

 

Com base nesse estudo, podemos afirmar que os trabalhadores químicos estão adoecendo menos do que adoeciam há 20 anos?  

RT: Em geral diminuíram as mortes e a gravidade dos acidentes, mas descobriram-se mais doenças que antes não apareciam, até porque a pesquisa é mais esmerada e não fica nos limites impostos pela legislação.  Vemos que persiste o velho adoecimento e acidentes por traumatismo, principalmente no setor plástico e setor de cana de açúcar... Recordo que esta pesquisa tem abrangência nacional.  Muitas das doenças foram pesquisadas numa centena de artigos científicos internacionais mostrando a evolução de doenças.

 

O câncer relacionado às contaminações continua vitimando os trabalhadores?

RT: Esperava-se que aparecessem mais casos de câncer do que em relação a outras categorias, mas o câncer entre os químicos é ligeiramente menor do que outras categorias, sabendo que muitos produtos químicos, ou mais de 65 milhões deles estão presentes em todas as atividades econômicas. Os químicos tiveram nestes últimos 30 anos uma série de lutas em que foram tomados mais cuidados na exposição aos produtos químicos. O setor de tintas evoluiu para tintas à base de água, em vez de solventes perigosos como o Benzeno, Tolueno e Xileno. A produção de cloro evoluiu para tecnologias sem uso de mercúrio. Isso tudo foi fruto das lutas que estão enumeradas neste livro, além da luta internacional levada pela CNQ  para que tenhamos produtos químicos mais seguros. O livro relata as doenças de cada um dos setores, e as suas possíveis causas, além de dar pistas importantes para a continuação do trabalho de prevenção.

 

Como os interessados podem adquirir a publicação?  

RT: O livro pode ser adquirido mediante pedido em diversas livrarias, mas o site de procura é o da LTR, a editora que editou, e pode ser adquirido no link http://www.ltreditora.com.br/lancamentos/de-que-adoecem-os-trabalhadores-quimicos.html