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Lula recebe apoio de sindicalistas: “Quero que façam um julgamento decente e me declarem inocente”

23 de Janeiro de 2018

Brasil

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu apoio e solidariedade de representantes dos maiores sindicatos do país e da Central Sindical Internacional (CSI).  Os dirigentes foram unânimes em condenar a forma como Lula está sendo acusado, sem provas, e a maneira como está se dando o processo. Eles defenderam o direito de Lula ser inocentado e ser candidato à Presidência da República.  O julgamento em segunda instância do ex-presidente acontece na quarta-feira (24), em Porto Alegre.

Ao agradecer a manifestação de apoio, Lula confirmou aos sindicalistas sua ida a Porto Alegre amanhã (23), véspera do julgamento, e convidou os presentes a viajarem na Caravana que fará a partir do dia 27 de fevereiro começando por São Borja, terra natal de Getúlio Vargas, lembrando que o presidente ilegítimo Michel Temer acabou com os direitos trabalhistas da população brasileira, legado pelo qual continuará lutando.

“Manifesto aqui minha gratidão pelo gesto de solidariedade. Não é a primeira vez que estamos juntos e nem será a última vez. Dia 27 começarei a caravana pelo Rio Grande do Sul, por São Borja, uma vez que Temer acabou com tudo que Vargas deixou depois de tanta luta. Se alguma coisa mereceria reforma, o que se faz é montar uma mesa de negociação e mandar um texto acordado para o Congresso Nacional. Mas não impor o desejo dos empresários sobre os trabalhadores. Convido vocês a irem comigo e conhecerem um pouco das entranhas desse país”, disse Lula.

Processo – Lula reafirmou que desejava que lhe pedissem desculpas por todo esse processo. “Se esse país continuar a ter o entendimento de que prevalece domínio do fato, onde você não tem que saber se a pessoa cometeu o crime, para que a justiça puna…. estou sendo julgado por um apartamento que não é meu.. e, na sentença, o Moro reconhece que não é meu, e reconhece que não usei dinheiro da Petrobras…”, lamentou.

Lula disse que, aos 72 anos, não nutre ódio. “Mas tenho que aproveitar para desafiar as injustiças no país. Se alguém estava acostumado a acusar político e político ficar quieto, eu não sou desses porque a única coisa que tenho certeza é que não sou dono do que me acusam. E essa mentira começou no jornal o Globo, depois a Polícia Federal fez um inquérito mentiroso, que foi para o Ministério Público, que deveria ter recusado e em seguida foi acolhido por Sérgio Moro, que deveria ter recusado a acusação… levei 83 testemunhas e eles levaram apenas um cara que primeiro falou que não sabia e depois falou que sabia”, desabafou Lula.

“Eu não estou acima do bem e do mal. Só quero justiça. Quero que façam um julgamento decente e, com base nas provas, que não têm, me declarem inocente. Estou muito tranquilo, mas magoado, porque eles não tinham direito de contar a quantidade de mentira que contaram”, finalizou.

Estiveram na reunião representantes de várias centrais sindicais como a CUT, CTB, Nova Central Sindical, CSB, Intersindical. Todos criticaram a maneira como Lula está sendo acusado e defenderam o direito dele ser inocentado e ser candidato.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, comunicou e agradeceu o apoio internacional a Lula que a entidade tem recebido de centrais de várias partes do mundo. Para ele, “eleição sem Lula é fraude, é golpe”.

João Felício, presidente da Confederação Sindical Internacional analisou que qualquer historiador vai identificar o momento atual do Brasil como de enorme retrocesso. Sobre o processo sofrido por Lula, disse que até juristas que não têm identidade com a esquerda já veem que o processo é injusto e é tentativa de afasta-lo da presidência da República.

Ele lembrou a história de Lula de respeito ao movimento sindical. “Tudo que conquistamos estamos perdendo.  O enfraquecimento do movimento sindical só interessa ao capital, ao patrão, não ao mais pobre. A esperança nossa é sua candidatura (Lula) para tentar reverter o que foi feito ”, finalizou.

Fonte: Agências/CUT