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LyondellBasell suspende, no momento, a compra da petroquímica Braskem

05 de Junho de 2019

Macrossetor

Venda acarretaria desindustrialização do setor químico

Ao menos neste momento o grupo holandês LyondellBasell desistiu de comprar a companhia petroquímica Braskem, controlada pelo grupo Odebrecht em sociedade com a Petrobras. O fim das negociações foi comunicado oficialmente na terça-feira (4/06) e estaria relacionado a diversos fatores, principalmente, à insegurança jurídica em torno da situação financeira do grupo Odebrecht.
 
A Odebrecht deu, em julho de 2016, todas as ações ordinárias e preferenciais que possui na petroquímica em garantia para cinco bancos (Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, BNDES e Santander).
Na semana passada, a Odebrecht colocou a controlada produtora de etanol Atvos em recuperação judicial, o que trouxe grande risco de que a controladora holding do grupo também tenha de pedir na Justiça proteção contra seus credores.
 
Caso o negócio tivesse chegado a bom termo, Lyondell e Braskem se tornariam, juntas, a maior produtora mundial de resinas plásticas com receita líquida da ordem de US$ 50 bilhões ao ano. Isso reorganizaria a cadeia química e petroquímica no Brasil, com prejuízo para diversas empresas nacionais (leia aqui).
 
A Odebrecht e o grupo holandês iniciaram as negociações para uma possível combinação das empresas no carnaval de 2018, portanto, há mais de 15 meses.
 
De acordo com fontes ouvidas pelo Valor, não está descartada que a LyondellBasell volte a conversar sobre a compra da Braskem dentro de um processo organizado por meio de uma eventual recuperação judicial da holding controladora Odebrecht S.A. (ODB). Nesse cenário, a venda da Braskem só poderia ser feita após a aprovação de um plano de recuperação judicial para a ODB.
 
Então, a petroquímica teria de ser alienada por meio de um leilão, controlado pelo juiz da recuperação judicial, como uma unidade produtiva isolada (UPI). Há grande expectativa de que a ODB peça recuperação judicial nas próximas semanas. Contudo, ainda não há uma definição sobre o tema, em especial por parte dos acionistas da Odebrecht.
Descontadas as dívidas da Braskem, companhia que possui vida própria, o grupo tem cerca de R$ 80 bilhões em compromissos financeiros, sendo que metade desse total com os seis maiores bancos que atuam no Brasil.
 
Atualmente, as ações que a ODB possui em Braskem cobrem dívidas de R$ 12,7 bilhões. A recuperação judicial da Atvos acaba causando riscos em toda a estrutura pois a ODB concedeu aval para boa parte das dívidas dessa controlada.
 
Caso os bancos executem suas garantias, eles arrastam todo o grupo para o colapso financeiro. Embora a Odebrecht venha tentando conversar amigavelmente com os bancos credores, pessoas próximas ao grupo entendem que é preciso proteger o sistema de eventuais ataques de credores.
 
Além da situação financeira da ODB, a transação com a Lyondell começou a enfrentar entraves já em abril, quando a Braskem tornou-se alvo de uma ação do Ministério Público de Alagoas por conta do afundamento de algumas casas em três bairros da região metropolitana de Maceió.
 
A petroquímica brasileira explora uma mina de sal-gema na região e há suspeitas de que essa atividade possa ser uma das causadoras dos problemas. A indefinição em torno de quanto esse problema poderá custar à Braskem já havia colocado o negócio em suspensão, após as partes quase terem alcançado um acordo.