Macrossetor da CUT debate o desenvolvimento industrial da Bahia
28 de Novembro de 2013
Ramo Químico
Foi encerrado no final da tarde de quarta-feira (27) o Encontro do Macrossetor da Indústria da CUT Bahia que, durante dois...
Foi encerrado no final da tarde de quarta-feira (27) o Encontro do Macrossetor da Indústria da CUT Bahia que, durante dois dias, reuniu dirigentes dos sindicatos cutistas na sede do Sindiquímica-BA, em Salvador. Na manhã, o tema da palestra foi sobre o desenvolvimento da indústria sob olhares do governo estadual e da indústria. Os palestrantes foram o diretor de Desenvolvimento Econômico da Secretaria Estadual de Indústria e Comércio, Ricardo Vieira, e o professor João Rocha. A mesa foi coordenada pela vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Feira de Santana, Elisângela.
Na parte da tarde, os presentes finalizaram o Encontro sistematizando várias propostas sobre o Macrossetor, dentre elas, a elaboração de uma cartilha e de uma matéria informativa sobre o assunto. Outra proposta foi organizar eventos de divulgação do Macrossetor.
Na parte da manhã do segundo dia do Encontro, entre outros levantamentos, Vieira apontou a importância dos investimentos em infraestrutura para que a Bahia se desenvolva no campo da indústria. Ele trouxe dados acerca da indústria automotiva, química e petroquímica, de petróleo e gás, naval, de Informação e Tecnologia, de mineração e agrícola.
Entre os números apresentados, Vieira lembrou que a Bahia é o quinto maior estado produtor automotivo do Brasil e o sexto maior exportador de veículos e autopeças, segundo dados de 2012. "Nesse segmento atuam a Ford, Jac Motors, Foton Motors e as empresas de pneus que são responsáveis por 37% da produção desse setor no país. Cada vez mais a Bahia terá a interligação dos setores produtivos e temos que nos preparar para isso", disse.
Em relação à indústria química e petroquímica, Vieira salientou a importância do Complexo Petroquímico de Camaçari e os novos investimentos de R$ 2,5 bilhões. "Temos o maior complexo petroquímico do Hemisfério Sul. A Braskem é a quinta maior companhia petroquímica do mundo. O investimento para o Complexo Basf é de R$ 900 milhões", informou. Outros apontamentos foram feitos por Vieira. "A produção de petróleo é de cerca de 47.500 bbl/dia com campos maduros com tecnologia desenvolvida localmente. A produção de gás é de cerca de sete milhões de metros cúbicos ao dia. Sobre a indústria naval, a estaleira da Enseada do Paraguaçu já tem seis sondas sendo contratadas com atuação programada para dezembro do ano que vem, com Odebrecht/OAS/UTC/Kawasaki. Há ainda a Petrobras com o canteiro de São Roque. A mineração é outro ramo que cresceu bastante nos últimos cinco anos. A Bahia é um dos maiores potenciais minerais inexplorados do Brasil, com a quinta maior produção do país", acrescentou.
Lucineide Varjão Soares, presidenta da CNQ-CUT (Confederação Nacional do Ramo Químico), destacou no primeiro dia: "No Nordeste a Confederação tem 13 sindicatos. Um dos nossos desafios é ampliar o número de entidades filiadas. Temos também que integrar as secretarias nacionais e regionais, construir e consolidar políticas regionais de acordo com as especificidades, fortalecer as secretarias setoriais e estratégias para ampliar a organização por local de trabalho. Nossos eixos de atuação incluem as campanhas reivindicatórias com construção de acordos nacionais. Também estamos na luta para combater a terceirização e demais formas de precarização das relações e condições de trabalho”.
Professor João Rocha Sobrinho
Educação como pilar fundamental para o desenvolvimento
O professor e escritor João Rocha Sobrinho fez uma explanação sobre o desenvolvimento tecnológico da Bahia e do Brasil nos últimos 30 anos, do ponto de vista político. Ele considera que a educação é pilar fundamental para o desenvolvimento e que o Brasil não investe nesse setor como deveria.
"Em 1950, a economia brasileira era mais avançada do que a coreana. A Coreia que antes era menos evoluída hoje disputa em pé de igualdade com Japão e outras potências. Continuamos meros exportadores de produtos primários. A questão do conhecimento tecnológico é de inovação em educação. As universidades públicas estaduais hoje estão passando um duro contingenciamento", enfatizou.
Em relação às taxas de impostos do Brasil, Rocha desconstrói o discurso da mídia brasileira de que os impostos no país são altos. "A Rede Globo e a mídia fazem uma campanha sistemática contra a redução de impostos. A elite diz que a carga de impostos no país é muito alta, mas quem paga mais impostos no Brasil é a parcela mais pobre da população", disse.
Rocha critica a atuação do Sistema S no que tange à educação. "Bastou o PIB crescer um pouco que temos que importar mão de obra de outros países. Em 1993, o dinheiro que o Sistema S arrecadou foi maior do que todo o setor de educação do estado do Rio de Janeiro", criticou.
Para Rocha, a globalização e as reformas neoliberais são as principais causas do cenário caótico da economia espanhola. "A Espanha vive hoje com 25% de desempregados porque o empresariado levou suas empresas para a China", disse.
Ana Georgina Dias, do Dieese
Macrossetor: a Indústria da Bahia sob Olhares do Governo e da Indústria
A mesa da tarde do primeiro dia do encontro do Macrossetor da Indústria da CUT-BA teve como tema A Indústria da Bahia sob Olhares do Governo e da Indústria. A supervisora técnica do Dieese, Ana Georgina Dias, foi a palestrante e o secretário de Organização e Política Sindical da CUT, Josenilton Ferreira (Cebola), coordenou a atividade.
Ana Georgina apresentou dados históricos referentes aos 50 anos da indústria na Bahia, desde a década de 1950 até o momento atual. "Até a década de 50 a economia baiana era predominantemente primária exportadora e o principal produto era o cacau. Havia uma tendência à concentração de riqueza com alta suscetibilidade às flutuações de demanda externa e baixa contribuição ao dinamismo econômico. Não proporcionava a implantação de outras atividades que possibilitassem a diversificação da estrutura produtiva".
Em relação à economia baiana hoje, Ana reforça que dos 417 municípios baianos, cerca de 380 dependem unicamente do Fundo de Participação dos Municípios e dos programas de transferência de renda do governo federal. "Isso começou com a economia altamente dependente de um único produto e a concentração de renda. Na década de 50, o Brasil começa a trazer a industrialização com a indústria automobilística", colocou.
Sobre a perspectiva histórica da economia baiana, Ana Georgina enfatiza o baixo crescimento econômico e o inexpressivo processo de industrialização. "A Bahia contava apenas com algumas pequenas indústrias tradicionais de fumo, têxtil, bebidas, produtos alimentares e outras. Havia baixa participação na indústria nacional. A partir da década de 50 surgem os primeiros movimentos de expansão no processo de industrialização no estado. A partir desse desenvolvimento, em 1956 foi implantada a Refinaria Landulfo Alves e em 1967 foi fundado o Polo Industrial de Camaçari".
Na década de 70, segundo Ana Georgina, por conta do crescimento econômico havia dinheiro para investir e atrair investidores. Na década de 80, período extremamente difícil por conta do endividamento e da guerra do petróleo, houve falta de políticas nacionais com vistas ao desenvolvimento regional. "Os estados buscaram mecanismos próprios de desenvolvimento econômico. Sem acúmulo anterior de capital houve necessidade de atração de investimentos via incentivo fiscal".
Ana faz uma crítica à política de investimentos. "Basicamente no momento de prosperidade não houve poupança para um momento posterior. Poupança é o dinheiro que o governo deixa para fazer as grandes obras. Hoje a situação é muito melhor do que naquele momento".
Fonte e Fotos: CUT Bahia e Sindiquímica-BA.
• Veja como foi a abertura do evento, leia também - Salvador sedia Encontro do Macrossetor da Indústria da CUT Bahia (clique aqui).