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Mais de 75% dos assassinatos registrados no País são de jovens negros

09 de Novembro de 2012

Brasil

O jovem negro que mora em bairros da periferia é o principal alvo da violência urbana no País. Do total de assassinatos registrados no Brasil, 53%...

O jovem negro que mora em bairros da periferia é o principal alvo da violência urbana no País. Do total de assassinatos registrados no Brasil, 53% têm jovens como vítimas e, destes, mais de 75% são negros, segundo dados do Ministério da Saúde.

A discriminação e o preconceito racial têm grande impacto nestas estatísticas alarmantes porque civis é que estão morrendo, porque jovens inocentes, sem nenhuma ligação com o crime, são as principais vítimas de uma polícia repressora, além de vítimas da ausência de políticas de segurança pública que há tempos deveriam ter sido adotadas pelo governo estadual. Falta segurança ostensiva e sobram o despreparo e a brutalidade presentes em boa parte da Polícia Militar paulista.

Rosana Aparecida da Silva, secretária de Combate ao Racismo da CUT São Paulo, alerta para o descaso contra esse tipo de violência. “O movimento negro tem feito várias ações para tentar mudar essa situação, mas não houve nenhuma resposta da Polícia Militar ou do Ministério Público Estadual paulista”, alerta a dirigente. A PM é responsável por uma média de 500 a 600 mortes por ano, segundo denúncia do Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria Pública de São Paulo.

Outro problema grave são os casos nos quais a cena do crime é alterada ou a perícia deixa de ser feita corretamente para “maquiar” os assassinatos cometidos por policiais contra pessoas inocentes, sem qualquer ligação com o tráfico.

Juventude Viva- No final de setembro o governo federal lançou o Juventude Viva, programa piloto que faz parte da primeira etapa do Plano de Prevenção à Violência Contra a Juventude Negra. O programa prevê diversas ações para os jovens, como adotar período integral nas escolas estaduais e a criação de espaços culturais. E, ainda, formação adequada para os profissionais que atuam com a juventude, incluindo os policiais militares. Para a secretária de Combate ao Racismo da CUT-SP, é urgente a implantação deste programa em São Paulo. Com a ausência de projetos estaduais e municipais, a iniciativa do governo federal pode ser um caminho para reduzir o extermínio da juventude negra – no momento, talvez a única esperança num Estado onde o governador diz que quem reagir à polícia vai morrer.