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Margarida, o futuro te honra! É a semente que plantaste que nos traz aqui

13 de Agosto de 2015

Mulheres

Ramo químico da CUT foi a Brasília participar da Marcha das Margaridas 2015, que teve Lula na abertura e a presidenta Dilma no encerramento

Pela quinta vez a Marcha das Margaridas coloriu Brasília nesta quarta-feira (12). De acordo com os organizadores, cerca de 70 mil pessoas participaram da atividade que teve a abertura na noite do dia 11, no Estádio Mané Garrincha, com a presença do ex-presidente Lula. Nesta quarta, pela manhã, seguiram até o Congresso Nacional e diante daquela Casa, homens e mulheres de todas as regiões do país viraram as costas aos ataques do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), às mulheres e aos movimentos sociais.

A marcha popular que a capital federal viu neste ano em sua 5ª Edição, manteve a tradição da pluralidade: verde e amarelo, muito lilás e muito vermelho. Nenhuma cor era proibida.

Os manifestantes, de diversas etnias, traziam demandas do campo e das florestas: a titulação das famílias já assentadas, o assentamento para quem ainda não tem chão, assistência técnica para quem já produz, mas quer crescer, e o limite da propriedade de terra para quem vê o agronegócio avançar sem freio.
A essas demandas somaram-se a defesa da liberdade e da democracia num país que convive com uma onda conservadora. Cartazes que pediam Estado Laico e apontavam que o corpo é das mulheres e não da bancada moralista pareceram se multiplicar em relação às edições anteriores da mobilização.

Repúdio à tentativa de golpe
Em todas as intervenções sobre os carros de som, o repúdio a qualquer tipo de golpe, dentro ou fora do parlamento, foram pontos comuns. Ali havia muita gente que conhecia de perto o que era perder a vida para garantir o direito à liberdade, inclusive de defender a ditadura, como lembrou a neta de Luís Carlos Prestes, Ana Prestes Rabelo, diante de cartazes fixados nos perante o Congresso que pediam intervenção militar.

“Todos que, de alguma forma, somos herdeiros de uma luta pela democratização, que tivemos familiares muito próximos perseguidos, presos, torturados, muitos ainda desaparecidos, e, independente disso, todos que tem consciência do valor da democracia e da liberdade, estamos totalmente atônitos. Não imaginava ter que transitar pelas ruas de Brasília e explicar para minhas filhas de cinco e nove anos, em pleno de 2015, o que significa a volta do regime militar”, definiu.

Para ela, todos os partidos e movimentos preocupados com a garantia da legalidade democrática têm a responsabilidade e o desafio de enfrentar a mídia para desenvolver a conscientização política. “É preciso ir para dentro das casas das pessoas, conversar, se reunir, fazer atividades como essas porque, apesar de estarmos há 12 anos na liderança do governo central, não conseguimos enfrentar e avançar numa das principais batalhas que é a democratização da comunicação.”

Novo modelo
Já diante do Congresso, a secretária de Mulheres da CUT, Rosane Silva, representou a Central que levou 15 mil mulheres à Marcha e apontou que a conquista da igualdade entre gêneros não será possível se não enfrentar o machismo e o patriarcado.

“O primeiro passo é considerar as mulheres como sujeitos políticos que têm direito a políticas públicas que garantam creches para que possamos deixar nossos filhos e ter maior participação na vida pública, que promovam a igualdade no mundo do trabalho, onde ainda ganhamos menos, mesmo tendo maior escolaridade”, disse.

Ao destacar que a pauta das Margaridas é também a pauta da CUT, a dirigente lembrou que as conquistas da classe trabalhadora foram resultado da luta nas ruas, onde a Central permanecerá em defesa da liberdade e da democracia.

Ao avaliar a mobilização, a vice-presidenta da CUT, Carmen Foro, lembrou justamente de todas as trabalhadoras que deixaram os estado para construir uma luta que se repete há 15 anos. “Essa mobilização já está nos calendários de lutas nacionais e internacional. É a maior manifestação de mulheres do mundo, que já seria extraordinária só por ter como pilar as mulheres do campo, que moram nos lugares mais distantes do Brasil e colocam o coração nessa batalha”. 

Ao final do dia, a presidenta Dilma Rousseff participou do encerramento da atividade no Estádio Mané Garrincha, onde apresentou o compromisso do governo federal com as reivindicações listadas na pauta do movimento.

Abertura com Lula

Milhares de trabalhadoras do campo, das cidades, das florestas e das águas estiveram presentes na abertura da 5ª edição da Marcha das Margaridas, que contou com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na noite desta terça-feira (11), no Estádio Mané Garrincha, em Brasília. O ato é organizado pela Contag.

"A marcha das margaridas vai às ruas em defesa da democracia neste momento crucial", disse Alessandra Lunas, secretaria de mulheres da Contag, sobre a importância da construção da democracia participativa.

Na sua fala, Lula destacou que "Hoje é um dia para celebrar a força das mulheres e do povo brasileiro", continuou. "Algumas pessoas não perceberam que a eleição acabou dia 26 de outubro e que a Dilma é presidenta deste país", questionou Lula. O ex-presidente relembrou que, diante das dificuldades atuais, "algumas pessoas querem jogar a responsabilidade na presidenta Dilma", e lembrou que "esses que agora se apresentam como solução, entregaram o país quebrado e devendo dinheiro para o FMI".

Lula foi exaltado ao afirmar que está organizando sua agenda para "voltar a viajar este país". "Eu quero ver se nossos adversários estão dispostos a andar por este país e discutir este país como ele precisa ser discutido", desafiou.

CNQ presente

Lideranças do ramo químico da CUT compareceram à atividade junto com as delegações das suas entidades sindicais. “Margarida Alves foi assassinada na frente dos filhos e do marido na porta de casa por um matador de aluguel. Em discurso para trabalhadores três meses antes de morrer, ela disse que era melhor morrer na luta do que morrer de fome. Essa é a história da mulher que inspira a marcha das Margaridas! E estamos aqui porque marcharemos até que todos sejamos livres”, pontuou a presidenta da CNQ, Lucineide Varjão.

Histórico

A Marcha das Margaridas é coordenada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e outras onze entidades parceiras. O evento foi criado em homenagem a Margarida Maria Alves, assassinada em 1983 por um latifundiário que se sentia ameaçado pela luta constante da ativista. Ela era presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras de Alagoa Grande, na Paraíba, e morreu com um tiro de espingarda no dia 12 de agosto, aos 50 anos.

 

Fotos: Ricardo Stuckert / Instituto Lula; CUT Brasil e lideranças da CNQ

Com informações do Instituto Lula, Revista Fórum e CUT Brasil