‘Mineração Artesanal’ na Amazônia: “Precisaremos de quantos Brumadinhos e Marianas?”
17 de Fevereiro de 2022
Setoriais
Questionamento é do Setorial de Minérios do Ramo Químico da CUT, que aponta interesses obscuros em novo decreto do desgoverno Bolsonaro
Secretário Setorial de Minérios da CNQ-CUT, Álvaro Luiz da Silva Alves alerta sobre os incalculáveis riscos do decreto do presidente Jair Bolsonaro de estímulo “mineração artesanal” na Amazônia Legal, que abre portas para a exploração do trabalho precário, para graves riscos ambientais e atende ocultamente a interesse de grandes empresários.
Na prática, a medida apenas legaliza o que já vem ocorrendo ilegalmente na região, de acordo com especialistas. Leia reportagem completa do Brasil de Fato
O companheiro Álvaro frisa que a mineração é uma atividade essencial para o País, que pode gerar empregos, renda e desenvolvimento, desde que atrelada a medidas que reduzam impactos sociais e ambientais da atividade, como se percebe em praticamente todos os setores produtivos.
“A ciência vem nos alertando. Repetem-se, na Amazônia, fatos vistos no Brasil e no mundo, onde decisões precipitadas podem e devem iniciar um processo de degradação de biomas. O ser humano, de modo geral, sofres os impactos das agressões que causa, sem contar os problemas relacionados aos povos indígenas e outras comunidades tradicionais”, destaca.
O dirigente sindical pondera se o decreto considera, por exemplo, fatores como geração, armazenamento e tratamento de resíduos, na busca pelo equilíbrio entre produção e sustentabilidade.
“Precisaremos de quantas Marianas e Brumadinhos, e outros que não foram tão noticiados, para então resolver preservar para viver?”, questiona Álvaro.
Quem financia?
Ainda sobre o conceito de “mineração artesanal”, o Secretário Setorial adverte ser difícil conceber que pequenos garimpeiros estejam dispostos a investir suas raríssimas economias para a exploração de portes médio a grande.
"As perguntas que ficam são: Quem os financia? Por que não se mostram? Qual objetivo em não aparecerem? Talvez haja sinais do que a gente chama de “boi de piranha”. Quando os problemas surgirem, virão os ‘donos do negócio, do capital’ para prestar seus préstimos e ‘solucioná-los’, colocando cabresto nos humildes que iniciaram. Às comunidades, ficará apenas a desgraça das doenças, dos crimes e diversos problemas sociais e ambientais”, alerta Álvaro.